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quinta-feira, julho 3, 2025

Com economia russa em declínio, Putin pode ser obrigado a negociar com Trump

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Os gastos elevados com a guerra e os impactos das sanções ocidentais estão posicionando a economia da Rússia em uma situação cada vez mais delicada, apesar de Moscou tentar esconder ao máximo perdas significativas.

Esse cenário que surge pode obrigar o ditador Vladimir Putin a sentar à mesa de negociação com o presidente Donald Trump, algo que ele vem evitando desde a posse do líder republicano, que colocou como uma de suas prioridades de governo encerrar o longo conflito no leste europeu.

Um relatório publicado pelo Instituto de Economia de Transição de Estocolmo (Site, na sigla em inglês) e apresentado para ministros da União Europeia (UE) em maio coloca em xeque os dados econômicos divulgados pelo governo russo, argumentando que, embora ainda relativamente estável, a economia do país se apresenta superficialmente resiliente com “fraquezas estruturais” crescendo a cada ano, enquanto Putin eleva os gastos militares a níveis históricos.

Neste ano, os gastos oficiais com defesa nacional do Kremlin chegaram a 6,3% do PIB, o nível mais alto desde a Guerra Fria. A pasta tem um custo de 32% de todo o orçamento federal anual disponibilizado.

“O estímulo fiscal da economia de guerra manteve a economia à tona no curto prazo, mas a dependência de financiamento opaco, a alocação distorcida de recursos e a redução das reservas fiscais a tornam insustentável no longo prazo. Ao contrário das narrativas do Kremlin, o tempo não está do lado da Rússia”, diz o relatório do Instituto de Economia de Transição de Estocolmo.

As estatísticas apresentadas pelo regime de Moscou apontam que seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,3% no ano passado, após um avanço de 3,6% em 2023 durante o primeiro ano de invasão da Ucrânia.

No entanto, um dos autores do relatório apresentado à UE, Torbjorn Becker, advertiu em reunião com ministros europeus que os números anuais divulgados pela Rússia não são confiáveis, visto que o regime de Putin provavelmente está subestimando a inflação crescente, o que afeta diretamente os cálculos do PIB.

Becker explicou a repórteres em maio: “A Rússia alega que a inflação está entre 9 e 10%. Por que então eles teriam uma taxa básica de juros de 21% no banco central? Qual banco central tradicional teria uma taxa básica de juros basicamente 11,50 pontos percentuais acima da taxa de inflação? Se algum dos nossos bancos centrais fizesse algo assim, estaria fora do mercado no dia seguinte”.

Segundo a avaliação de especialistas no relatório, a elevação dos gastos com a guerra – que podem estar acima das informações que chegam ao público – e a queda nas vendas formais de carvão, petróleo e gás russos indicam que o país está registrando um déficit orçamentário de, pelo menos, 2% do PIB a cada ano.

Becker destacou ainda que grande parte do financiamento da máquina de guerra russa passa pelo sistema bancário, o que, “se somarmos aos números fiscais, os déficits fiscais deles seriam aproximadamente o dobro do que mostram as estatísticas oficiais”.

Na semana passada, Putin anunciou sua intenção de reduzir gradualmente os gastos militares nos próximos anos.

Segundo o ditador, ele ainda está dialogando com os ministérios de Defesa, Economia e Finanças sobre essa possibilidade, “mas, de modo geral, todos estão pensando nessa direção”. Em suas declarações, Putin acusou a Europa de provocar uma “corrida armamentista” após o anúncio da Otan sobre um acordo de gastos de 5% em defesa da aliança militar. “Então, quem está se preparando para algum tipo de ação agressiva? Nós ou eles?”, questionou na ocasião.

Situação econômica russa levará Putin à mesa de negociação com Trump?

No domingo (29), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, advertiu que é impossível forçar a Rússia a negociar. “Apenas a lógica e argumentos podem levar a Rússia à mesa de negociações. É impossível pressionar a Rússia com qualquer tipo de força”, afirmou.

No entanto, os dados econômicos paralelos e a posição do regime de Putin em conflitos de aliados, como o Irã, mostram que o ditador não está interessado em correr riscos e perder oportunidades de diálogo com os Estados Unidos.

Dias depois do ataque americano em solo iraniano, na semana passada, o porta-voz do Kremlin disse que a escalada das tensões no Oriente Médio não afetará a relação incipiente para normalização do diálogo entre a Rússia e Estados Unidos.

“São coisas diferentes. Mantemos nossas relações de parceria, uma parceria estratégica com o Irã, mas também estamos comprometidos em restabelecer nossas relações com os EUA. Ambas as comunicações são muito importantes”, declarou Peskov à televisão estatal russa na ocasião.

No último dia 24, dias depois da operação no Irã, Trump informou que conversou com Putin, que lhe ofereceu ajuda para lidar com a situação no Oriente Médio, ao que o americano respondeu que preferia uma melhor cooperação de Moscou em relação ao fim da guerra na Ucrânia.

“Vladimir (Putin) me ligou e disse: ‘Posso te ajudar com o Irã?’. Eu disse: ‘Não, não preciso de ajuda com o Irã, preciso de ajuda com você'”, disse o republicano a jornalistas a bordo do Air Force One a caminho de Haia para participar da cúpula da Otan na semana passada.

“Gostaria de chegar a um acordo com a Rússia”, enfatizou Trump, que havia telefonado para o chefe do Kremlin mais de uma semana antes do ataque, em uma conversa em que também o pressionou para pôr fim à guerra na Ucrânia.

Desde antes de seu retorno à Casa Branca, Trump tem defendido o cessar-fogo total nas hostilidades na guerra que a Rússia trava na Ucrânia, para o que tem buscado, sem sucesso, um entendimento entre Moscou e Kiev.

Na semana passada, Putin afirmou que o conflito com a Ucrânia é diferente do conflito entre Israel e Irã, no qual Trump ajudou a negociar um cessar-fogo.

“Não buscamos a capitulação da Ucrânia, insistimos no reconhecimento da realidade criada no terreno”, disse Putin em um fórum econômico em São Petersburgo na última sexta-feira.

Assim como aconteceu com o Irã, que não teve outro caminho a não ser negociar um cessar-fogo com Israel, a Rússia pode estar trilhando um rumo semelhante, no qual as portas estão se fechando e um acordo mediado por Trump pode ser a melhor – ou única – solução.

[Fonte Original]

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