O quinto volume de Slam Dunk marca o clímax emocional e esportivo do arco contra o time do Ryonan, terminando poucos instantes antes da finalização da partida – até precisei me conter em não ir direto para o próximo volume antes de escrever a presente crítica. De fato a primeira partida desse começo da série, o bloco é um verdadeiro divisor de águas para a obra, dando a tônica do que imagino ser o restante da intensa jornada do grupo principal. Se os volumes anteriores vinham preparando o terreno para apresentar os protagonistas, consolidar a rivalidade com Sendoh e delinear a evolução de Sakuragi como jogador, é aqui que tudo se junta no último quarto do jogo.
Boa parte do volume se concentra nas vantagens trazidas por Sakuragi, em especial seus atributos físicos. Acho interessante como Inoue utiliza o personagem como paralelo de muitas promessas jovens do esporte: puro atleticismo, mas ainda fundamentalmente falho; como um produto bruto a ser lapidado. Como acontece com quem não tem o jogo polido, é necessário se sobressair em outras áreas do esporte: defesa, transição, lutar por bolas perdidas e, claro, rebotes, como o título do arco indica. Na crítica de The First Slam Dunk, fiz um paralelo do protagonista com Dennis Rodman (talvez o melhor nesse fundamento na história da NBA), algo que começa a ganhar relevo aqui, com outra narrativa que mescla ensinamentos do jogo, em especial sobre posicionamento e box out, enquanto os dinamiza na evolução pessoal do personagem, aprendendo fundamentos na mesma medida que amadurece.
Além disso, Sakuragi brilha como o protagonista comicamente trágico: sua impulsividade e falta de conhecimento técnico do basquete seguem rendendo momentos hilários, como o toque de bola errado ou a marcação equivocada, mas é impossível ignorar o esforço genuíno do personagem em tentar ajudar sua equipe. A partida acaba chegando ao seu ponto alto com a entrada de Akagi, finalmente recuperado da lesão do início do jogo. Sua volta funciona como um verdadeiro catalisador emocional para o time do Shohoku, especialmente porque os minutos anteriores foram marcados por um caos coordenado por Hanamichi Sakuragi, em que Inoue desenha o protagonista não como um bobo, mas como um iniciante cheio de energia que, aos poucos, começa a entender o jogo além de seu instinto natural. E quando ele acerta — como no rebote crucial que pega nos momentos finais — é quase impossível não vibrar junto.
O volume também se beneficia da rivalidade bem construída entre Shohoku e Ryonan. Sendoh continua sendo uma presença magnética em quadra, com seu estilo relaxado, porém cirúrgico. Sua habilidade técnica contrasta com a impulsividade de Sakuragi e a rigidez tática de Akagi, criando uma dinâmica esportiva bacana. Aliás, Akagi é outro ponto alto aqui: sua liderança e garra contagiam a equipe, e seus bloqueios e ganchos de direita servem como demonstrações do peso que ele tem em quadra. É nesse embate entre experiência e juventude, técnica e instinto, que o volume se desenha como um embate tático e emocional divertido como leitura esportiva e humorística, principalmente nas diversas referências que Inoue faz ao esporte (marcação dupla, substituições chaves ao final da partida, armadores que guardam energia, etc).
Ainda sinto a falta de mais nuances dramáticas, de um corpo de diálogos menos expositivo e de um foco menor nas reações das arquibancadas, mas Rebote é outra entrada divertidíssima na série. Visualmente, Inoue continua em ótima forma. A movimentação em quadra é fluida e os quadros conseguem transmitir a vibração das jogadas com eficiência – a plasticidade e o senso espacial do autor são notáveis. O uso de som onomatopeico — os famosos BAM, ZAA, DOKIN — ajudam no humor e no peso de certas cenas. Mal posso esperar para a tensão do último minuto da partida!
Slam Dunk – Vol. 5: Rebote (Rebound) – Japão, 1991
Contendo: Capítulos #36 a 44
No Brasil: Slam Dunk – Vol. 5 (Panini, novembro de 2005)
Roteiro: Takehiko Inoue
Arte: Takehiko Inoue
Editora: Shueisha
Revista: Weekly Shōnen Jump
232 páginas