Espaço
Redação do Site Inovação Tecnológica – 11/07/2025
Imagens originais: O campo de ejeção consiste em um cone assimétrico de poeira que apresenta serpentinas e filamentos, bem como pedras de mais de cem metros de tamanho que foram ejetadas em direções específicas (ver imagens tratadas abaixo).
[Imagem: NASA DART/LICIACube]
Algo estranho aconteceu
Em 2022, a NASA fez uma sonda espacial colidir com um asteroide na tentativa de movê-lo de sua órbita, o primeiro experimento real de defesa planetária contra asteroides que possam vir a se chocar com a Terra.
A colisão teve mais efeito do que o previsto, fazendo a órbita do asteroide deslocar-se significativamente, fazendo com que toda a comunidade científica aclamasse o teste como um sucesso.
Mas parece que temos alguns problemas. Um ano depois do impacto, cientistas descobriram que os pedaços que saíram do asteroide estavam se aglomerando. Agora, Tony Farnham e colegas da Universidade de Maryland, nos EUA, descobriram que na verdade os detritos ejetados do asteroide Dimorphos formaram dois aglomerados de rochas.
Ocorre que ninguém consegue explicar o como ou o porquê dessa aglomeração inesperada, já que os detritos deveriam ter sido lançados para longe de forma tipicamente aleatória.
“Vimos que as rochas [ejetadas] não estão espalhadas aleatoriamente no espaço,” disse Farnham. “Em vez disso, elas estão agrupadas em dois grupos bem distintos, com ausência de material em outras partes, o que significa que algo desconhecido está acontecendo aqui.”

Imagens tratadas neste novo estudo, removendo a maior parte da estrutura artificial de fundo, melhorando a visibilidade dos detalhes na morfologia do material ejetado.
[Imagem: NASA DART/LICIACube]
Desvio de asteroides fica mais complicado
Usando imagens obtidas pelo LICIACube, uma pequena sonda espacial italiana que observou as consequências do impacto da sonda DART, os astrônomos rastrearam 104 rochas, com raios variando de 0,2 a 3,6 metros, enquanto elas se afastavam de Dimorphos a velocidades de até 52 metros por segundo (187 km/h). A partir dessas imagens, a equipe determinou a localização e a velocidade tridimensionais das rochas ejetadas.
O maior aglomerado de detritos, contendo cerca de 70% dos objetos rastreados, foi ejetado em direção ao sul do asteroide, em altas velocidades e ângulos rasos em relação à superfície. A equipe acredita que as rochas ejetadas provavelmente vieram de fontes específicas, talvez de rochas maiores em Dimorphos que foram destruídas pelos painéis solares da sonda DART pouco antes do corpo principal da espaçonave atingir a superfície.
Já o segundo aglomerado parece ter sido formado pelos blocos de rochas ejetados pelo impacto direto da DART. Eles foram arremessados em uma rota principalmente perpendicular à trajetória da sonda, resultando em uma inclinação do plano orbital de Dimorphos em até um grau.
Essa estranha aglomeração dupla é significativa, uma vez que o fenômeno precisará ser levado em conta no planejamento de futuras missões, sobretudo para eventos reais de risco de colisão com a Terra.
“Conseguimos desviar um asteroide, movendo-o de sua órbita,” disse Farnham. “Nossa pesquisa mostra que, embora o impacto direto da sonda DART tenha causado essa mudança, as pedras ejetadas deram um impulso adicional quase tão grande. Esse fator adicional muda a física que precisamos considerar ao planejar esse tipo de missão.”
O trabalho para compreender o efeito dos blocos de rochas é importante para balizar os resultados da missão Hera, da Agência Espacial Europeia, que chegará ao sistema Didymos-Dimorphos em 2026, para fazer uma análise definitiva das consequências do teste de impacto feito pela DART.
Artigo: High-speed Boulders and the Debris Field in DART Ejecta
Autores: Tony L. Farnham, Jessica M. Sunshine, Masatoshi Hirabayashi, Carolyn M. Ernst, R. Terik Daly, Harrison F. Agrusa, Olivier S. Barnouin, Jian-Yang Li, Kathryn M. Kumamoto, Megan Bruck Syal
Revista: The Planetary Science Journal
Vol.: 6, Number 7
DOI: 10.3847/PSJ/addd1a
Outras notícias sobre: