Médicos podem ter descoberto o segredo para curar um coração partido em um ensaio clínico pioneiro no mundo. A condição, chamada de cardiomiopatia de takotsubo, afeta centenas de milhares de pessoas em todo o mundo e é desencadeada por estresse emocional ou físico severo, como a perda de um ente querido.
Os pacientes podem apresentar sintomas semelhantes aos de um ataque cardíaco e enfrentar o dobro do risco de morte prematura em comparação com a população em geral. Alguns apresentam insuficiência cardíaca, resultando em sintomas debilitantes, como fadiga, além de uma expectativa de vida mais curta. Não há cura.
Mas agora, os médicos podem ter a resposta. O primeiro ensaio clínico randomizado do mundo para a síndrome, feita por pesquisadores da Universidade de Aberdeen, descobriu que 12 semanas de terapia cognitivo-comportamental personalizada, ou um programa de exercícios de recuperação cardíaca envolvendo natação, ciclismo e aeróbicos, ajudaram na recuperação cardíaca dos pacientes.
O estudo envolveu 76 pacientes com síndrome de Takotsubo, 91% dos quais eram mulheres e a média de idade era de 66 anos. Os pacientes foram aleatoriamente designados para receber terapia cognitivo-comportamental (TCC), o programa de exercícios ou o tratamento padrão. Todos receberam todos os outros cuidados e tratamentos recomendados por seus cardiologistas.
O grupo de TCC teve 12 sessões semanais individuais, adaptadas especificamente à sua condição pelos pesquisadores, além de suporte diário, se necessário. O grupo de exercícios passou por um programa de exercícios de 12 semanas, que incluiu bicicletas ergométricas, esteiras, aeróbica e natação, aumentando gradualmente o número de sessões e a intensidade a cada semana.
Os pesquisadores utilizaram uma técnica sofisticada de imagem chamada espectroscopia de ressonância magnética 31P, que lhes permitiu estudar como os corações dos pacientes estavam produzindo, armazenando e utilizando energia. Nos grupos TCC e exercícios, houve um aumento significativo na quantidade de combustível disponível para o coração dos pacientes bombear energia, o que não foi observado em pessoas que receberam os cuidados habituais.
A distância média que os pacientes que fizeram TCC conseguiram percorrer em seis minutos aumentou de 402 metros para 458 metros. As pessoas que concluíram o programa de exercícios conseguiram caminhar uma média de 528 metros em seis minutos, em comparação com 457 metros no início.
Houve também um aumento no VO2 máximo dos pacientes – o consumo máximo de oxigênio do corpo no pico do exercício – de 15% no grupo TCC e 18% no grupo de exercícios. Aumentos na distância percorrida e no VO2 máximo são sinais de melhora na saúde.
Os resultados, apresentados no congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Madri.sugerem que os tratamentos podem produzir benefícios a longo prazo, como a redução dos sintomas e do risco de morte para aqueles com síndrome do coração partido.