O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (4) que há um desejo dos Estados Unidos de se intrometer em assuntos internos [do Brasil] visando um determinado resultado. A declaração foi dada em entrevista ao programa Brasil do Povo, da RedeTV.
“Existe da parte do governo dos Estados Unidos um desejo de se intrometer em assuntos internos, como já está acontecendo, visando um determinado resultado”, disse.
Segundo o ministro, os próximos meses podem ser decisivos em relação ao tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
“Penso que os próximos meses vão ser um pouco decisivos. Depende muito do que nós vamos fazer com o nosso destino, não depende só deles [EUA], depende de como o Brasil vai se colocar, como o Brasil vai encarar essa intervenção que está acontecendo na política interna por meio de mecanismos inaceitáveis de um país para outro”, disse.
Haddad disse ainda que não é razoável “forçar o resultado da eleição de 2026 por achar que um governo de extrema direita vai ser mais fácil para conseguir privatizar as riquezas nacionais e permitir a exploração delas em troca de pagamento simbólico”.
“Eu penso que o que está em jogo ao fim e ao cabo é projeto hegemônico de impedir que o Brasil tenha parceria com o mundo inteiro, tenha transferência de tecnologia, um lugar ao sol”, destacou.
Operação Carbono Oculto
Haddad afirmou que a Operação Carbono Oculto contra esquema de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis é histórica pela integração entre os órgãos do Brasil, e não apenas pelos bilhões encontrados.
“A operação não é histórica só pelo tamanho. Os bilhões foram encontrados em fundos. A operação foi histórica porque ela demonstrou integração, sem aquela coisa de invocar ‘fui eu ou não fui eu”, disse.
Segundo o ministro, isso significa que o governo encontrou um caminho promissor no combate ao crime. Na avaliação dele, chegou-se a um modelo de integrar as ações de Receita Federal, Polícia Federal (PF), Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), cada um no seu papel, para combater o crime.
“Então, todo apelo que nós estamos fazendo junto a governadores e junto aos órgãos federais, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Receita, Polícia Federal, vamos integrar as ações. Cada um no seu quadrado, vamos trocar informações”, disse.
Ainda durante a entrevista, o ministro afirmou que o “empresário produtivo não tem o que reclamar do governo”, porque a economia está crescendo acima da média mundial e o desemprego está na mínima histórica. “Se você pegar qualquer indicador [econômico], é um recorde atrás do outro”, disse.