A manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Praia de Copacabana na manhã deste domingo reuniu cerca de 42 mil pessoas. A estimativa de público foi feita pelo grupo Monitor do debate político, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) — coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP) —, em parceria com a ONG More in Common. Estiveram presentes no ato lideranças como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL-RJ), que discursaram em favor da anistia e contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Para o cálculo da estimativa, foram tiradas fotos em seis diferentes horários, totalizando 278 imagens, além do uso do método Point to Point Network (P2PNet), desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China e da empresa Tencent. Com a margem de erro de 12%, o cálculo aponta um público, no momento de pico, entre 37,6 mil e 47,8 mil participantes.
Ato bolsonarista no 7 de setembro em Copacabana
Manifestantes protestaram pela anistia
No palanque, o senador Flávio Bolsonaro que defendeu a anistia “ampla, geral e irrestrita” e pressionou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pela aprovação da proposta.
— Presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre, com todo o respeito que tenho pelos senhores, não existe anistia criminal, sem anistia eleitoral. Não cedam à pressão de Alexandre de Moraes, porque os senhores têm que entrar pela história como aqueles que pacificaram o Brasil — disse em seu discurso.
Mais cedo, Flávio também reforçou que o seu grupo político insistirá na anistia “ampla, irrestrita e geral”. Em conversa com jornalistas ao subir no palanque, ele também teceu críticas à proposta alternativa que poderá ser apresentada por Alcolumbre. Nos planos do presidente do Senado está a discussão de um texto focado na diferenciação das penas dos envolvidos no 8/1, mas que pode deixar de fora o Bolsonaro.
— Eu não vi nenhum projeto do presidente Alcolumbre até o momento. Nós não vamos aceitar nenhum texto que apenas reduza as penas previstas pela legislação. Não dá para anistiar a Débora do batom, mas não anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro — declarou. — Se o presidente Alcolumbre quiser pautar essa meia anistia, nós não vamos aceitar e vamos apresentar um projeto nosso.
O vice-presidente da Câmara Altineu Côrtes (PL-RJ) também participou do ato e somou sua cobrança a Motta pela discussão da anistia na Câmara e disse que, caso aprovado na Casa, o texto deverá ser “respeitado” por Alcolumbre no Senado.
— O presidente Hugo Motta sabe que tem mais de 300 deputados e a maioria dos líderes querendo a anistia, então a gente tem que pautar imediatamente. O senador Davi Alcolumbre é presidente do Senado, está tudo certo, mas ele tem que respeitar a maioria dos senadores, como o Flávio e o Carlos Portinho, que estão aqui hoje — disse.
A proposta também foi defendida pelo governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que esteve no palanque ao lado de outras lideranças do partido. Durante seu discurso, fez críticas ao julgamento da trama golpista, que será retomado na próxima terça-feira pela Primeira Turma do STF.
— Essa semana será o julgamento do presidente, e por mais que a gente esteja falando em anistia, mas ela é o segundo passo. O que queremos primeiro é Bolsonaro inocentado. Um homem que não cometeu nenhum crime não pode ser condenado. Estamos falando em anistia, mas esquecemos que há um inocente com uma tornozeleira em casa preso — disse o governador.
O Supremo Tribuanal Federal (STF) foi alvo de críticas da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL), que não estava presente na manifestação, mas teve um áudio reproduzido com uma mensagem deixada por ela. Na gravação, ela também saiu em defesa do marido, que, segundo ela, estaria “humilhado e preso por enfrentar o sistema”.
— Veja o que estão fazendo conosco, tornozeleira no Jair, prisão domiciliar por pura vingança, invasão ao nosso lar, exposição da intimidade da nossa família. Até quando vamos ter que suportar esses abusos? Ministros, vocês prometeram cumprir as leis e defenderem a nossa Constituição e ela está sendo rasgada diariamente. Injustiças são cometidas por alguns poucos do vosso meio que se dizem juízes, mas agem como tiranos.