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As exportações do agronegócio brasileiro para os Estados Unidos apresentaram queda de 17,6% em agosto, segundo dados divulgados na sexta-feira (12) pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. As vendas ficaram em US$ 764,97 milhões (R$ 4,09 bilhões) no mês passado ante US$ 928,52 milhões (R$ 4,97 bilhões) em igual período de 2024, evidenciando a queda no primeiro mês de vigência do tarifaço proposto pelo presidente Donald Trump ao Brasil. Por outro lado, os envios para a China aumentaram 32,9%, passando de US$ 3,85 bilhões (R$ 20,6 bilhões) para US$ 5,12 bilhões (R$ 27,39 bilhões) no mesmo intervalo.
No geral, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 14,29 bilhões (R$ 76,42 bilhões) em agosto de 2025, alta de 1,5% em relação aos US$ 14,08 (R$ 75,33 bilhões) de agosto de 2024, principalmente com aumento dos volumes de produtos como soja, milho e carne bovina. (leia mais abaixo)
Ainda segundo os dados do ministério, o envio de café verde para os EUA teve queda de 16,4%. Foram embarcadas 18 mil toneladas, o pior desempenho para o mês de agosto dos últimos quatro anos, cuja média foi de 27,9 mil toneladas. Já o suco de laranja, que integra a lista de exceções das tarifas, teve desempenho positivo, com crescimento de 6,9%.
Os maiores recuos nas exportações para os EUA foram registrados em produtos sujeitos a sobretaxas, caso da carne bovina in natura (-46,2%) e da carne bovina industrializada (-33%). Segundo o ministério, com a sobretaxa, as tarifas sobre a carne bovina brasileira hoje superam 70%.
O forte recuo de exportações de produtos do agro para o país foi compensado pelo avanço dos envios para a China. Sozinho, o país asiático representou 35,8% das exportações de todo o agronegócio brasileiro, participação impulsionada pelo avanço de 32,9% em agosto deste ano em relação a igual período de 2024. As exportações para a China registraram forte crescimento justamente de produtos que tiveram retração nos EUA, como café verde (+131,8%), carne bovina in natura (+89,8%) e açúcar de cana bruto (+20,3%).
Queda dos preços
O índice global de alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) registrou alta de 6,9% no mês. No Brasil, os preços caíram, pressionados principalmente pelo açúcar bruto (-11,7%), farelo de soja (-19,2%), suco de laranja (-45,4%) e pela carne de frango in natura (-12,9%), cada um com perdas superiores a US$ 100 milhões (R$ 535 milhões).
Por outro lado, três produtos tiveram saldo positivo:
- Soja em grãos: +1,30 milhão de toneladas;
- Milho: +784,5 mil toneladas e preço 3,7% maior;
- Carne bovina in natura: +51,1 mil toneladas e preço 26,3% superior.
Juntos, acrescentaram US$ 1,12 bilhão (R$ 6 bilhões) às exportações de agosto.
Principais destinos
A China ampliou a liderança, importando US$ 5,12 bilhões (R$ 27,4 bi) em produtos brasileiros, alta de 32,9% e participação de 35,8% no total. A União Europeia ficou em segundo lugar, com US$ 1,90 bilhão (R$ 10,2 bi), queda de 15,4%. Os Estados Unidos mantiveram a terceira posição, com US$ 765 milhões (R$ 4,1 bi), mas recuo de 17,6%.
O Egito subiu para o quarto lugar, com US$ 341,9 milhões (R$ 1,8 bi), impulsionado pelo milho, e o México aparece logo atrás, com US$ 339,2 milhões (R$ 1,8 bi), liderado pela explosão das compras de carne de frango (+809%).
Ranking dos setores
Cinco principais setores responderam por 80,8% das vendas externas:
Complexo soja: US$ 4,70 bilhões (R$ 25,1 bi), +5,5%
Carnes: US$ 2,63 bilhões (R$ 14,1 bi), +21,5%
Sucroalcooleiro: US$ 1,60 bilhão (R$ 8,6 bi), -15,0%
Cereais, farinhas e preparações: US$ 1,46 bilhão (R$ 7,8 bi), +15,0%
Produtos florestais: US$ 1,15 bilhão (R$ 6,2 bi), -9,7%
Destaques dos produtos
Os destaques de agosto mostram força nas exportações brasileiras: a soja liderou com US$ 3,88 bi (R$ 20,8 bi) e recorde de volume; a carne bovina atingiu preço histórico, somando US$ 1,5 bi (R$ 8 bi); milho e café cresceram em receita, enquanto o açúcar recuou. Confira mais detalhes abaixo.
- Soja em grãos: US$ 3,88 bilhões (R$ 20,8 bi), recorde de 9,34 milhões de toneladas. A China ampliou compras em US$ 730 milhões (R$ 3,9 bi);
- Carne bovina in natura: US$ 1,50 bilhão (R$ 8 bi), alta de 56% e preços em recorde histórico (US$ 5.600/t);
- Milho: US$ 1,36 bilhão (R$ 7,3 bi), com forte demanda da União Europeia;
- Açúcar de cana bruto: US$ 1,31 bilhão (R$ 7 bi), queda de 16,5% puxada por menor demanda de Emirados, Malásia e EUA;
- Café verde: US$ 882,7 milhões (R$ 4,7 bi), recorde em valor, sustentado por preços 46,6% maiores.
Importações
As importações do agronegócio brasileiro somaram US$ 1,60 bilhão (R$ 8,6 bi) em agosto de 2025, alta de 1,2% sobre o mesmo mês do ano anterior. Grande parte desse valor se refere à compra de insumos essenciais para a produção agrícola e industrialização de alimentos, como trigo, óleo de palma e soja em grãos. Apesar do crescimento discreto, as importações mantêm papel estratégico ao suprir lacunas na oferta doméstica e atender à demanda da indústria de processamento.
Principais produtos importados em agosto:
- Trigo: US$ 114,3 milhões (R$ 611 mi)
- Óleo de palma: US$ 93 milhões (R$ 498 mi)
- Soja em grãos: US$ 57,6 milhões (R$ 308 mi)