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terça-feira, setembro 16, 2025

Valor 1000: Diversificação garante liderança da B3 no setor de serviços financeiros pelo 5º ano seguido

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Não é de agora que a B3, a maior bolsa da América Latina, tem investido pesado em aquisições e na diversificação do portfólio de produtos e serviços para reduzir a dependência da receita gerada pelo mercado de ações. No ano passado, a estratégia voltou a dar resultado e, pela quinta vez consecutiva, a colocou no topo do ranking das empresas do setor de serviços financeiros no anuário Valor 1000. A receita líquida da companhia teve aumento de 6,5%, para R$ 9,51 bilhões — revertendo a queda de 1,8% registrada em 2023. Isso mesmo com o tombo de mais de 10% do Ibovespa em 2024.

Os juros altos também não atrapalharam os avanços. “Em 2024, os ajustes na política monetária influenciaram o ritmo das emissões de ações, tornando o cenário mais desafiador para o mercado”, lembra Gilson Finkelsztain, CEO da B3. “Apesar disso, a B3 continuou sua agenda de desenvolvimento de produtos e aproveitou o momento para incentivar fortemente o incremento dos volumes nos mercados de renda fixa privada.” Tanto é assim, exemplifica ele, que 2024 foi ano recorde no crédito privado, com mais de R$ 600 bilhões em emissões de instrumentos da categoria, como debêntures.

Nesse contexto, pela primeira vez instrumentos como debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) constituíram a principal fonte de financiamento das empresas no Brasil, como conta André Milanez, diretor-executivo financeiro, administrativo e de relações com investidores da B3. “Passamos a ter um mercado de capitais local muito mais robusto, capaz de ocupar um espaço que era dos bancos privados, dos bancos de desenvolvimento e muitas vezes atendido por instituições internacionais”, avalia ele.

Serviços de dados e analytics ganharam destaque e compõem uma “avenida de crescimento” — Foto: Julio Bittencourt/Valor

Com visão de longo prazo, além do segmento de renda fixa, a B3 investe em outras três frentes de diversificação, identificadas pelo alto potencial de expansão: dados e analytics, pessoa física e a chamada jornada de crédito. Internamente, essas quatro áreas são conhecidas como avenidas de crescimento. “No ano passado, a gente conseguiu mostrar, com resultados, como o fortalecimento do nosso core, que são os mercados de ações, derivativos e renda fixa, e a expansão para áreas adjacentes ajudaram a impulsionar o crescimento da companhia”, afirma Milanez. “É a beleza do negócio mais diversificado.” Como resultado da atuação variada, a participação do segmento de ações na receita da companhia caiu de 35% no segundo trimestre de 2020 para 21% em igual período deste ano.

A B3 também se beneficiou do aumento do interesse do brasileiro pelo mercado financeiro. Em 2024, a empresa registrou mais de 20 milhões de investidores em renda fixa e variável, um aumento de 14% em relação a 2023. “O crescimento da base se deu em todos os segmentos do nosso negócio, mas eu diria que foi mais expressivo no segmento de renda fixa”, conta Milanez.

O ano de 2024 também marcou a consolidação da oferta de serviços de dados e analytics da B3, com ferramentas que vão do combate a fraudes e redução da sinistralidade nas seguradoras à análise de crédito para financeiras, varejistas e bancos de menor porte. O avanço vem na esteira da aquisição de duas empresas com atuação em big data: a Neoway e Neurotech, em 2021 e 2023, respectivamente. “No ano passado, a gente conseguiu começar a extrair as sinergias dessas aquisições, aproveitando a base de clientes da B3 que não usavam soluções dessas empresas e vice-versa”, diz Milanez. O resultado foi um crescimento de receita em torno de 15% nesse segmento.

Na frente jornada de crédito, a B3 agora está de olho no potencial das duplicatas escriturais, versão digital da duplicata tradicional, que começa a se tornar obrigatória neste ano. A bolsa é uma das sete escrituradoras credenciadas pelo Banco Central para os registros no novo sistema.

Ao que tudo indica, o mercado é promissor. Segundo a companhia, as duplicatas movimentam cerca de R$ 10 trilhões por ano no Brasil, mas apenas 10% desses títulos são de fato negociados — indicativo do potencial de crescimento da negociação dos papéis com bancos, fintechs ou Fundos de Investimento em Direitos Creditório (FIDCs). “Nossa aposta aqui não é somente oferecer serviços de registro, mas também serviços como informações sobre crédito, que vão ajudar a entregar uma melhor solução para nossos clientes”, afirma Milanez. O mais recente lance nesse campo foi a aquisição de 62% do capital da Shipay, empresa de tecnologia especializada na integração de pagamentos digitais. O negócio, de R$ 37 milhões, foi anunciado pela bolsa no fim de agosto. “A aquisição deve acelerar o tempo de desenvolvimento da nossa plataforma de registro de duplicatas escriturais, dada a integração da Shipay com empresas, bancos e ERPs”, diz ele.

Finkelsztain: juros não impediram avanço — Foto: Divulgação
Finkelsztain: juros não impediram avanço — Foto: Divulgação

A atuação em novos segmentos não significa que a empresa deixou de olhar para o mercado de ações. O caminho, nesse caso, passa pelo lançamento de novos produtos como BDRs, ETFs (fundos de índices) e fundos listados. “Hoje, 15% do volume negociado já é representado por esses outros ativos”, conta.

Só no ano passado, a B3 colocou na praça mais oito índices, que são usados pelo mercado como referência para a criação de ETFs listados. Entre os exemplos da nova safra estão índices que reúnem ativos de alta ou de baixa volatilidade ou segmentados pela natureza do controle acionário (estatal ou privado).

Na frente de ESG, o destaque em 2024 foi o lançamento da designação especial B3 Ações Verdes, atribuída a empresas que contribuem ativamente para a economia verde. Para receber o selo, que é voluntário, as empresas devem obedecer a critérios baseados nos Green Equities Principles, da World Federation Exchanges. Entre eles, estão mais de 50% da receita proveniente de atividades verdes, mais de 50% dos investimentos e despesas destinados a essas atividades e menos de 5% do faturamento dependente de combustíveis fósseis.

No último trimestre, marcado pela volatilidade, a receita total avançou modesto 0,7% na comparação anual, depois de alta de 7,7% no trimestre anterior. Mas, apesar da instabilidade e turbulência nos mercados provocada pela política econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o CEO da bolsa vislumbra oportunidades. “Os principais desafios para 2025 e 2026 envolvem recolocar o investidor estrangeiro na agenda de investimentos no Brasil”, diz Finkelsztain. “A conjuntura global, marcada pelo enfraquecimento do dólar e pela busca por diversificação na alocação dos investidores globais, traz uma oportunidade de captação para os mercados emergentes, e o Brasil tem potencial para captar parte desses fluxos”, conclui.

 — Foto: Arte/Valor
— Foto: Arte/Valor

[Fonte Original]

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