23.5 C
Brasília
quarta-feira, setembro 17, 2025

BC mantém Selic em 15% pela segunda vez consecutiva e não indica cortes

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano na reunião desta quarta-feira. É a segunda reunião consecutiva em que o colegiado mantém o patamar da taxa Selic, após ter conduzido um ciclo que elevou a Selic de 10,50% a 15% entre setembro de 2024 e junho deste ano. A decisão foi unânime.

Juros altos por muito tempo

O Copom reiterou em comunicado sua mensagem de manutenção de juros altos por bastante tempo. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o documento.

Segundo o Copom, o cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.

O comitê ainda retirou do comunicado menção a ‘continuação na interrupção’ no ciclo de alta de juros, informou que vai avaliar se manter as taxas em alta será suficiente para garantir inflação na meta e reforçou que “que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

Comitê manteve seu balanço de riscos quando o comunicado é comparado ao da última decisão, de julho. Na mesma linha do último comunicado, o BC diz que os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, “seguem mais elevados do que o usual”. Entre os riscos para alta, diz que destacam-se: “(i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada”.

Já para riscos de baixa, o Copom assinala, na mesma linha, que: “(i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários”.

O Copom disse ainda que o cenário doméstico “segue apresentando” certa moderação no crescimento. “Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue apresentando, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo”, diz o comunicado do Copom divulgado no início da noite.

Antes, o Copom dizia que o cenário doméstico “tem apresentado” moderação no crescimento.

O Copom manteve a sua avaliação de que, nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação.

O Copom deixou de dizer que o ambiente externo está “mais adverso”. O texto diz apenas que o ambiente externo “se mantém incerto” em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos.

Segundo o BC, “o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais”. Tal cenário “exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”, diz o comunicado do Copom.

Nesse sentido, os diretores pontuam que o Copom segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil.

Os membros do colegiado têm acompanhado a evolução de indicadores de inflação, expectativas, mercado de trabalho e da economia global para conduzir a política monetária.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo, caiu 0,11% em agosto e o resultado do acumulado em 12 meses ficou em 5,13%. A meta de inflação é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima e para baixo.

As expectativas de inflação coletadas no relatório Focus para o ano de 2025 diminuíram desde a reunião anterior do Copom. Na última semana de julho, a mediana estava em 5,10% e passou para 4,83% na edição da Focus desta semana. Já para 2026 passou de 4,45% para 4,30% e para 2027 de 4% para 3,9%.

Outro indicador acompanhado pelo Copom é a taxa de desemprego, que caiu para o menor patamar da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa chegou a 5,6% no trimestre móvel encerrado em julho.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), por outro lado, apontou para um arrefecimento em julho, com o terceiro mês seguido de queda. O indicador mostrou quedas em todas as aberturas: agropecuária, indústria, serviços, impostos e ex-agropecuária.

Já no cenário internacional, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) cortou a taxa de juros em 0,25 pontos percentuais (p.p.), levando para a faixa de 4% a 4,25%. A decisão foi por 11 votos a 1. O único diretor a votar diferente foi Stephan Miram, recém-indicador por Trump que votou por um corte de 0,50 p.p.

Confira abaixo a íntegra do comunicado do Copom:

“O ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue apresentando, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,8% e 4,3%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,4% no cenário de referência (Tabela 1).

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

— Foto: Pixabay

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img