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quinta-feira, outubro 9, 2025

Por Que os Papéis da Cosan Caíram 18,5% Após Anúncio de Oferta de Ações?

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Amanda Perobelli/Reuters

Venda das ações será dividida em duas etapas.

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Um dia após a Cosan anunciar ao mercado ter feito um acordo com seus acionistas de referência e investidores âncora, caso do BTG, da Perfin Infra e do Aguassanta, family office de Rubens Ometto – o principal acionista da empresa–, os papéis da companhia desabaram 18,5% no pregão desta segunda-feira (22).

O objetivo do negócio é o de levantar até R$ 10 bilhões. O valor arrecadado servirá para a empresa renegociar e pagar suas dívidas, já que seu índice de alavancagem está elevado.

A lógica de mercado sugeriria que uma notícia sobre injeção de capital faria as ações da Cosan se valorizarem. No entanto, o resultado foi o contrário. Em poucas horas, os papéis da empresa caíram mais de 20% e fecharam o pregão desta segunda em 18,5% negativos, puxando as maiores baixas do pregão desta segunda. Os papéis da companhia fecharam a R$ 6,14.

Para relembrar: o primeiro desse dois lotes anunciados no domingo envolverá 1,45 milhões de novos papéis ordinários, enquanto o segundo contará com 550 milhões, todos pelo valor de R$ 5, totalizando R$ 7,25 bilhões e R$ 2,75 bilhões, respectivamente.

Essa aparente contradição tem uma explicação. A queda não foi motivada por desaprovação à capitalização; pelo contrário, o mercado aprovou a medida. O problema está no preço da oferta. As ações seriam vendidas com um desconto de 34% em relação ao seu valor anterior. Lembrando que os papéis, na sexta-feira (19), eram vendidos a R$ 7,50, e as novas ações foram anunciadas a R$ 5.

Visão do mercado

Segundo a XP Expert, a venda dos papéis será uma diluição para os atuais acionistas, sejam eles controladores ou minoritários, já que eles não terão preferência de compra no primeiro lote. O Citi estima essa diluição deve ficar entre 40% e 50%.

“No entanto, acreditamos que os benefícios de resolver virtualmente as questões de estrutura de capital da holding podem se mostrar suficientemente valorizantes para compensar a diluição da transação”, apontaram Regis Cardoso, head de óleo, gás e petroquímicos da XP, e João Rodrigues, analista da mesma área em relatório do banco.

Segundo o Citi, a oferta deve iniciar uma nova fase na Cosan, com a companhia entrando em um período de geração de caixa e aproximando-se da meta de índice de cobertura de juros de 1,5 vez.

Ambas as instituições enfatizaram que Ometto seguirá como o acionista controlador (50,01% das ações vinculadas), podendo presidir ou indicar alguém para liderar o conselho da Cosan por ao menos seis anos.

A medida também agradou o Banco Safra, que reduziu o preço-alvo dos papéis da empresa de R$ 15,00 para R$ 9,00. A instituição considera que a redução quase imediata da dívida e a entrada de novos acionistas estratégicos não significará uma mudança nos rumos da empresa, que deve continuar reduzindo sua dívida.

Os pontos também são bem vistos pelo Bradesco, que ainda aponta que o negócio deve trazer maior clareza quanto à sucessão de Ometto, hoje com 75 anos.

Explicações dos executivos

Em teleconferência, executivos da Cosan disseram acreditar em um desinvestimento de melhor qualidade, com a nova injeção de capital. Segundo o diretor financeiro da empresa, Rodrigo Araujo, e o presidente, Marcelo Martins, este é só o primeiro passo para desalavancagem.

“Agora nós temos fôlego, tempo e tranquilidade, junto com nossos sócios, para definir a estratégia de desinvestimento no tempo que será necessário para chegar ao endividamento próximo ou zero, que é nosso objetivo final nos próximos anos”, afirmou Martins.

A empresa informou ainda que o recurso não será direcionado para a Raízen, que também se encontra em um momento delicado. Segundo Araujo, para solucionar a questão, a Cosan continua em busca de sócios para reduzir o endividamento da produtora de açúcar e etanol.



[Fonte Original]

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