As empresas de alimentos e processadoras de carnes Marfrig e BRF anunciaram nesta segunda-feira a conclusão da fusão das companhias, criando a MBRF, que será listada na B3 com o ticker MBRF3 a partir de terça-feira (23).
Com receita líquida anual de cerca de R$160 bilhões, sendo 38% do portfólio composto por produtos processados, a MBRF reúne marcas como Sadia, Perdigão, Qualy, Bassi e Banvit, consolidando presença em 117 países.
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“Sua plataforma mutiproteínas amplia a competitividade, aumenta as opções para seus clientes e fortalece a capacidade de inovação para atender às necessidades dos consumidores”, disse a nova empresa, que une os ativos de carne bovina da Marfrig com aqueles de carnes de frango e suína da BRF.
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O anúncio da combinação dos negócios aconteceu em 15 de maio, com a incorporação da totalidade das ações da BRF pela Marfrig. Na ocasião, as companhias comunicaram que a BRF se tornaria uma subsidiária integral da Marfrig.
“A fusão entre a Marfrig e a BRF é um movimento necessário para que possamos avançar com capturas de sinergias estratégicas e continuar crescendo nossos negócios em todo o mundo. Hoje, com a MBRF, começamos um novo capítulo da nossa história e estamos pavimentando um futuro promissor”, disse Marcos Molina, controlador e Presidente dos Conselhos de Administração de Marfrig e BRF, na ocasião do anúncio.
Obstáculos para a fusão
De lá pra cá, houve especulações de que o negócio poderia ser concluído apenas no fim de 2025, por possível demora para avaliação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A autarquia chegou a autorizar participação da Minerva (BEEF3) no processo, ao pedir reavaliação da fusão entre as companhias. O recurso foi contestado pela Marfrig e pela BRF, que minimizaram a possibilidade de risco concorrencial (alegado pela Minerva) pelo controle já existente da Marfrig sob a BRF.
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A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que votaria a proposta da fusão foi adiada algumas vezes pela Comissão de Valores Mobiliários, por pedido de acionistas da BRF. Marcada originalmente para 18 de junho, a realização foi adiada primeiro para 14 de julho.
Outro adiamento aconteceu por ação popular que foi movida por aposentado da Previ, fundo de pensão de funcionários do Banco do Brasil (BBAS3). O autor da ação argumentava que a fusão poderia ser prejudicial para o fundo, que detinha cerca de 6% da BRF. Mesmo com vitória da BRF na 17ª Vara da Justiça Federal de São Paulo para realização da AGE, o evento novamente foi adiado pela CVM.
As AGEs aconteceram, por fim, em 5 de agosto. Os acionistas da Marfrig (MRFG3) e da BRF (BRFS3) aprovaram, em assembleias realizadas no mesmo dia, a operação de incorporação da totalidade das ações da BRF pela Marfrig, que dará origem à MBRF.
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Em setembro, foi a vez do Cade aprovar a fusão. A aprovação que ocorreu por unanimidade e sem restrições (sem os chamados remédios ao ato de concentração).
Organização da nova companhia
Miguel Gularte, CEO da BRF, foi nomeado o presidente-executivo da MBRF, com reporte ao chairman, Marcos Molina, fundador da Marfrig e controlador da nova empresa.
O Comitê Executivo da nova empresa será formado por oito vice-presidências.
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A vice-presidência de Finanças, Relações com Investidores, Gestão e Tecnologia ficará a cargo de José Ignácio Scoseria Rey. Fábio Mariano assume a vice-presidência de Mercado Halal. Manoel Martins será responsável pela vice-presidência de Mercado Brasil e Marketing.
Leonardo Dall’Orto continua a liderar a vice-presidência de Mercado Internacional e Suppy Chain, e assume os negócios no Chile. Alisson Navarro assume a vice-presidência de Bovinos, além dos negócios do Uruguai e da Argentina. Heraldo Geres ficará a cargo da vice-presidente Jurídico, Tributário, Assuntos Corporativos e Gente.
Artemio Listoni estará à frente da vice-presidência de Operações Industriais e Logística. Fabio Stumpf permanece à frente da vice-presidência de Agro e Qualidade.
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(com Reuters)