Powell Diz que Preços das Ações Estão Bastante Valorizados

Em um discurso na Câmara de Comércio de Greater Providence, Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), disse que os preços das ações estão bastante valorizados. Ele também defendeu a recente decisão de reduzir a taxa de juros, ao mesmo tempo que delineou um cenário econômico dos Estados Unidos caracterizado por crescimento moderado, inflação elevada e riscos no mercado de trabalho.

O discurso ocorreu nesta terça-feira (23). Ontem as principais bolsas dos EUA já haviam fechado o dia em queda, o que ocorreu  novamente nesta quarta-feira (24).

Ao analisar o panorama econômico, Powell observou que o ritmo de crescimento diminuiu, com o PIB (Produto Interno Bruto) expandindo a 1,5% no primeiro semestre do ano, uma desaceleração em relação ao crescimento de 2,5% registrado no ano anterior.

Segundo ele, essa moderação é reflexo, em grande parte, da queda nos gastos do consumidor. O mercado de trabalho, vital para a estabilidade econômica, também mostrou sinais de desaceleração.

Powell destacou uma queda acentuada na criação de empregos, com empregadores adicionando uma média de apenas 29.000 postos de trabalho por mês nos últimos três meses. Embora a taxa de desemprego tenha subido para 4,3% em agosto, o presidente do Fed ressaltou que os “riscos de queda para o emprego aumentaram”.

Apesar da significativa diminuição da inflação em relação aos picos de 2022, Powell alertou que ela permanece acima da meta de 2% do Fed. Os dados mais recentes indicam que os preços do PCE (Despesas de Consumo Pessoal) subiram 2,7% nos 12 meses encerrados em agosto, um aumento em relação ao ano anterior.

O presidente do Fed apontou que o aumento nos preços dos bens, em grande parte impulsionado por tarifas mais altas, está contribuindo para a recuperação da inflação.

Ele enfatizou a incerteza da trajetória da inflação e garantiu que o banco central administrará o risco de uma inflação mais alta e persistente, evitando que o “aumento pontual” de preços se torne um problema duradouro.

A justificativa para a política monetária do Fed reside no “duplo mandato” da instituição: manter o emprego máximo e a estabilidade de preços. Powell descreveu a situação atual como desafiadora, com “riscos de curto prazo para a inflação sendo de alta, enquanto os riscos para o emprego são de baixa”.

Para equilibrar essa tensão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) julgou “apropriado” reduzir a taxa básica de juros em 25 pontos-base, para uma faixa entre 4% e 4,25%. Essa decisão, explicou Powell, é um passo em direção a uma postura política mais neutra, que deixa o Fed bem posicionado para responder a futuros desenvolvimentos econômicos. Ele concluiu afirmando que a política do Fed não segue um curso predefinido, mas se adapta com base em dados e na evolução das perspectivas.