Resumo da notícia:
Cenário atual do mercado é desafiador para traders de criptomoedas, apontam os analistas Victor Alfa e João Wedson.
O Altcoin Season Index caiu de 80 para 65 pontos, mas indicadores on-chain do Bitcoin mostram deterioração no perfil de risco-retorno.
Em mais um sinal de que o mercado de criptomoedas está em meio a uma altseason, ainda que diferente daquelas testemunhadas em ciclos anteriores, as altcoins superaram o Bitcoin (BTC) nos juros em aberto nos mercados de derivativos.
Mas não apenas isso, o gap entre os juros em aberto das altcoins e do Bitcoin atingiu níveis históricos sem precedentes, como destacou Victor Alfa, economista e cientista de dados, Head de Conteúdo do DeFiverso e Diretor de Research da WeSearch, em uma postagem no X:
“Pela primeira vez, o valor total em contratos futuros de altcoins, conhecido como ‘open interest’, superou o do Bitcoin em US$ 30 bilhões. Esse número representa a maior diferença já registrada e, em termos simples, significa que existe uma quantidade de capital sem precedentes apostando nos preços futuros das altcoins em comparação com o #Bitcoin.”
Os juros em aberto representam o valor total de contratos de derivativos em aberto no mercado e servem de termômetro do apetite ao risco dos investidores. O indicador é fundamental para entender o direcionamento do mercado porque reflete não apenas a confiança dos traders em determinados ativos, mas também o nível de alavancagem. Variações significativas nos juros em aberto frequentemente precedem momentos de grande volatilidade no mercado.
Em depoimento ao Cointelegraph Brasil, Victor aponta que a diferença recorde entre os juros em aberto do Bitcoin e das altcoins sinaliza um “ponto de excesso especulativo”, que atrai o smart money para possíveis liquidações.
Há mais riscos que oportunidades no mercado de altcoins nesse momento, segundo o analista:
“Historicamente, um descolamento tão expressivo entre o open interest das altcoins e o do BTC não se sustenta por longos períodos, o que sugere a possibilidade de uma futura reversão à média.”
Caso esse cenário se confirme, além do risco de liquidação das posições alavancadas em altcoins, o Bitcoin tende a se beneficiar no mercado à vista, já que os investidores tendem a buscar segurança.
“Isso poderia antecipar uma pressão vendedora e uma contração no capital especulativo alocado em altcoins, com um provável fluxo de retorno para a faixa mais consolidada do BTC, marcando o início de uma redução na euforia especulativa do mercado”, projeta Victor.
É natural que em momentos de correção e incerteza como o que o mercado atravessa agora haja um redirecionamento do capital das altcoins para o Bitcoin. Em depoimento ao Cointelegraph Brasil, o analista afirma que isso já está ocorrendo:
“O ‘Altcoin Season Index’ apresentou uma forte queda, saindo de 80 pontos para 65 atuais, e nos últimos 60 dias, as principais altcoins apresentaram um desempenho consistentemente inferior ao do BTC. Este movimento geralmente indica uma fase de aversão ao risco, onde os investidores adotam uma postura mais defensiva.”
Altcoins apresentam maior potencial de risco-retorno
Baseando-se na análise de dados on-chain, João Wedson, CEO e fundador da Alphractal, apresenta uma visão contrária. Em uma postagem no X, João afirma que “o Bitcoin já está mostrando sinais de exaustão de ciclo.”
Ele destaca que o SOPR (Spent Output Profit Ratio), um indicador on-chain que mede a lucratividade do Bitcoin, mostra que nunca na história os investidores acumularam a criptomoeda a preços tão elevados em um momento tão avançado do ciclo de quatro anos.
O analista argumenta que o Preço Realizado dos Investidores de Curto Prazo (STH Realized Price) é de US$ 111.400, o que torna o Bitcoin menos atrativo para os investidores institucionais:
“Isso pode ser crítico para instituições que deveriam ter acumulado [BTC] a níveis muito mais baixos. O Sharpe Ratio está mais fraco que em 2024, o que significa que a relação risco-retorno é menos atrativa — assim como o lucro potencial. Isso não atrairá tantas instituições quanto a maioria das pessoas acredita.”
Mesmo reconhecendo que o Bitcoin ainda pode atingir novas máximas históricas, Wedson argumenta que os ganhos em potencial serão baixos. “Aqueles que compraram BTC no final de 2022 estão felizes com ganhos de +600%, mas aqueles que estão acumulando em 2025 deveriam reconsiderar sua estratégia”, afirma.
Wedson alerta também que o interesse social pelo Bitcoin está em declínio, e conclui sua análise apostando que as altcoins serão responsáveis pela retomada do entusiasmo dos investidores após a recente correção:
“Continuarei dizendo — estamos em uma Altcoin Season, e é aí que sua atenção deveria estar, já que muitas alts têm métricas on-chain e perfis de risco-recompensa muito mais atraentes que o BTC.”
Cenário é desafiador para os traders de criptomoedas
Embora aparentemente opostas, as duas análises são complementares. Enquanto Victor Alfa alerta que os excessos especulativos já estão impactando o mercado de altcoins, visto que o Ether (ETH) liderou as liquidações de US$ 1,7 bilhão desta semana, João Wedson identifica uma mudança estrutural no perfil de risco-retorno em um contexto de altseason.
Na prática, ambas as visões podem coexistir: uma eventual alta das altcoins tende a ser seletiva, ao mesmo tempo em que o Bitcoin mantém seu papel de porto seguro em momentos de maior incerteza.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointeleraph Brasil, um indicador técnico aponta que um grande movimento no preço do Bitcoin está a caminho. A forte compressão das Bandas de Bollinger sinaliza a calmaria antes de uma tempestade significativa de volatilidade.
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e negociação envolve riscos, e os leitores devem conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.