Crédito, Getty Images
- Author, Osmond Chia
- Role, Repórter de negócios da BBC
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma nova onda de tarifas na noite de quinta-feira (25/9) com vigência prevista a partir do próximo dia 1º de outubro.
Entre os produtos que serão taxadas estão medicamentos, alvo de alíquotas de 100%, armários de cozinha e banheiro (50%), mobiliários estofados (30%) e caminhões pesados (25%).
A medida foi comunicada por Trump em três posts compartilhados em seu perfil na Truth Social, sua rede social, a despeito dos apelos feitos por empresas americanas para que a Casa Branca não impusesse mais tarifas a importações.
“A razão para isso é a ‘INUNDAÇÃO’ em larga escala desses produtos nos Estados Unidos por outros países”, escreveu o republicano ao falar sobre os produtos da indústria moveleira.
As novas taxas sobre armários de cozinha e banheiro e mobiliário estofado, segundo ele, foram uma resposta aos níveis elevados de importação desses produtos, o que, na visão do presidente americano, estaria prejudicamento fabricantes nacionais.
No caso de remédios, Trump ressalvou que farmacêuticas que estivessem construindo fábricas em solo americano estariam isentas da taxação.
A tarifa sobre caminhões pesados, por sua vez, teria como objetivo resguardar fabricantes americanos da “concorrência externa desleal” e ajudaria a impulsionar empresas locais como Peterbilt e Mack Trucks.
Essas empresas “estarão protegidas do ataque de interrupções externas”, escreveu Trump.
Em um documento publicado em maio, a Câmara de Comércio dos EUA chegou a desaconselhar a Casa Branca quanto à imposição de tarifas sobre caminhões, argumentando que muitas peças usadas na produção desses veículos são provenientes “em sua grande maioria” de locais como México, Canadá, Alemanha, Finlândia e Japão.
Esses países, segundo a organização, são “aliados ou parceiros próximos dos EUA, não representando nenhuma ameaça à segurança nacional”.
México e Canadá estão entre os maiores fornecedores de peças para caminhões médios e pesados para a indústria americana, respondendo por mais da metade do total das importações dos EUA no setor no ano passado, ainda conforme a análise.
O relatório alertava que seria “impraticável” esperar que muitas dessas peças passassem a ser negociados por fornecedores locais, com a possibilidade de aumento de custos para o setor.
Trump anunciou em julho tarifas abrangentes sobre os produtos exportados por mais de 90 países aos EUA. A política protecionista foi uma promessa de campanha do republicano, que acredita que ela seja um caminho para impulsionar a geração de empregos e a indústria americana.
As novas tarifas favorecem os produtores nacionais, mas são “terríveis” para os consumidores, já que provavelmente virão acompanhadas de aumento de preços, avalia a especialista em comércio Deborah Elms, da empresa de pesquisa Hinrich Foundation.
Do ponto de vista da gestão Trump, Elms pondera que a taxação de produtos de setores específicos podem servir como uma espécie de plano B do governo para garantir a arrecadação, já que o tarifaço mais amplo sobre parceiros comerciais dos EUA tem sido questionado por diversas empresas e entidades na Justiça americana.