Foto: Sakorn Sukkasemsakorn/ Getty Images
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A B3 e a AirCarbon Exchange (ACX) lançaram o projeto-piloto da primeira plataforma de registro primário de créditos de carbono do Brasil já conectada à rede global de negociações. A parceria entre a bolsa de valores brasileira e a plataforma digital internacional foi anunciada na quarta-feira (24), durante o painel “NbS Carbon Credits: Forest as a Climate Solution”, parte da Climate Week de Nova York.
A iniciativa tem como objetivo registrar créditos gerados a partir da metodologia PSA Carbonflor, desenvolvida pela ECCON Soluções Ambientais e Reservas Votorantim para projetos de carbono na Mata Atlântica. Os primeiros 30 mil créditos estão em processo de aquisição pela empresa de infraestrutura para mobilidade urbana e transporte aéreo e rodoviário, Motiva (ex-CCR), e pela consultoria e auditoria EY.
Uma das vantagens, segundo a B3, é que a plataforma já está integrada à infraestrutura global da ACX, o que promete aumentar a liquidez e a confiança nos créditos brasileiros.
Como vai funcionar
Os projetos serão registrados pela B3 e automaticamente disponibilizados para comercialização por meio da ACX, permitindo negociações internacionais rastreáveis. Para Carlos Martins, CEO da ACX, o lançamento representa um passo significativo para conectar o potencial brasileiro à demanda internacional. “Estamos garantindo que os créditos de carbono brasileiros alcancem outros mercados com transparência, credibilidade e eficiência”, afirma.
Segundo Ana Buchaim, vice-presidente de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social Privado da B3, a criação da plataforma representa um marco para a sustentabilidade e as finanças verdes no país. Ela ressalta que desenvolver uma infraestrutura integrada ao mercado de capitais para registro e negociação de créditos não apenas promove a preservação da biodiversidade, mas também coloca o Brasil em destaque no cenário global de combate às mudanças climáticas.
“Nos últimos dois anos, temos desenvolvido uma série de ações para a mitigação das emissões, com investimentos em fontes renováveis de energia e no consumo de biocombustíveis”, afirma Juliana Silva, diretora de Sustentabilidade da Motiva.
Segundo a executiva, a operação com a Reservas Votorantim, por meio da plataforma da B3 e da ACX, representa um avanço para a conservação da biodiversidade, especialmente da Mata Atlântica.
Ricardo Assumpção, CSO América Latina da EY, destaca a importância do pioneirismo da iniciativa e comenta sobre a redução dos impactos sobre as florestas. “Isso aumenta as oportunidades para o desenvolvimento de uma bioeconomia sustentável”, afirma.
Avançando no mercado
No ano passado, B3, ACX, Reservas Votorantim e ECCON Soluções Ambientais anunciaram o início do desenvolvimento da nova plataforma de registro, que facilita o acesso às informações de projetos de carbono e, consequentemente, a compensação de gases de efeito estufa (GEE) pelas empresas.
Com o anúncio da estruturação da plataforma em 2024, foram registrados os primeiros créditos de carbono provenientes do projeto desenvolvido pela ECCON Soluções Ambientais e pela Reservas Votorantim.
Segundo David Canassa, CEO da Reservas Votorantim, a iniciativa também amplia o potencial das Soluções Baseadas na Natureza (SbN) no mercado de carbono. “Os biomas brasileiros possuem contextos e qualidades específicos, que podem agregar muito a esse mercado a partir de metodologias que os considerem de forma completa e profunda”, afirma.
“O Brasil é um dos países mais avançados em soluções climáticas, graças à liderança na geração de energia limpa, biocombustíveis, agricultura responsável e à legislação ambiental”, comenta Yuri Marinho, CEO da ECCON.
Para ele, há grande expectativa quanto aos projetos de carbono e às metodologias desenvolvidas no país, bem como à comercialização internacional dos créditos de carbono gerados em território brasileiro.