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“O Hamas precisa agir rápido, ou então todas as apostas serão canceladas”, afirmou o líder americana em sua rede social Truth Social.
“Não tolerarei demora, que muitos acreditam que acontecerá, nem qualquer resultado em que Gaza represente uma ameaça novamente. Vamos fazer isso, RÁPIDO. Todos serão tratados com justiça!”, escreveu.
Trump ainda agradeceu Israel por interromper “temporariamente os bombardeios para dar uma chance de conclusão à libertação dos reféns e ao acordo de paz”.
Os comentários do americano ocorrem após três ataques aéreos separados na manhã deste sábado na Cidade de Gaza.
Segundo o Ministério da Saúde em Gaza, administrado pelo Hamas, 66 pessoas foram mortas no território palestino nas últimas 24 horas, elevando o total desde o início da guerra para 67.074. Outras 265 pessoas foram internadas no hospital com ferimentos, de acordo com um comunicado publicado no Telegram.
Trump anunciou seu plano de paz na segunda-feira (29/09) ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O líder israelense concordou com a proposta, que tem 20 pontos.
Nesta sexta-feira (03/10), Trump deu ao Hamas um prazo até o próximo domingo (05) para o grupo aceitar o plano de paz dos EUA para Gaza ou enfrentar “o inferno”.
Algumas horas depois, o Hamas respondeu à proposta, aceitando o plano em parte, mas buscando novas negociações sobre uma série de pontos-chave.
Em um comunicado, o movimento afirmou concordar em “libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca contida na proposta do presidente Trump” — se condições para as trocas forem atendidas.
Mas, no documento, o grupo parece sugerir que busca novas negociações sobre questões relacionadas ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos do povo palestino, afirmando que elas ainda estão sendo discutidas.
A declaração do Hamas não menciona nem aceita especificamente o plano de 20 pontos de Trump, mas afirma que “renova seu acordo para entregar a administração da Faixa de Gaza a um corpo palestino de independentes (tecnocratas), com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico”.
No entanto, a declaração não menciona uma das principais exigências do plano: que o Hamas concorde com seu desarmamento e não desempenhe mais nenhum papel na governança de Gaza.
A questão fundamental é se o acordo para libertar os reféns e, eventualmente, entregar Gaza será suficiente para que Donald Trump acredite que há uma perspectiva de fim da guerra.
Negociações serão retomadas no Egito
As negociações para um acordo entre Israel e o Hamas devem ser retomadas no Egito nos próximos dias, segundo reporta Hugo Bachega, correspondente da BBC News no Oriente Médio.
O Hamas estava sob crescente pressão para aceitar pelo menos alguns pontos do plano de Trump para Gaza — e fez exatamente isso, avalia o jornalista.
Mas pontos-chave de impasse permanecem, incluindo o desarmamento do grupo, um cronograma para a retirada israelense e garantias de que Israel não retomará a guerra após a libertação dos reféns.
O plano de paz americano propõe o fim imediato dos combates e a libertação, em até 72 horas, de 20 reféns israelenses mantidos vivos pelo Hamas — bem como dos restos mortais de reféns supostamente mortos — em troca da soltura de centenas de moradores de Gaza detidos por Israel.
O plano estipula que, assim que ambos os lados concordarem com a proposta, “ajuda total será enviada imediatamente para a Faixa de Gaza”.
Também prevê que o Hamas não terá nenhum papel na governança de Gaza e deixa a porta aberta para um eventual Estado palestino.
No entanto, após o anúncio do plano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou sua oposição de longa data a um Estado palestino.
Instruções para a primeira fase do plano de paz
Na noite de sexta, após a divulgação do comunicado do Hamas, Trump publicou em suas redes sociais que Israel deveria parar de bombardear Gaza.
“Com base na declaração recém-emitida pelo Hamas, acredito que eles estão prontos para uma PAZ duradoura. Israel deve interromper imediatamente o bombardeio de Gaza, para que possamos retirar os reféns com segurança e rapidez!”, escreveu o presidente americano na Truth Social.
Na manhã deste sábado, no entanto, o Exército israelense afirmou que área ao norte de Wadi Gaza (uma reserva natural que divide a Faixa de Gaza) “continua sendo uma zona de combate perigosa”.
Em um alerta aos palestinos, o porta-voz árabe das Forças de Defesa de Israel (IDF), Avichay Adraee, afirmou que as forças israelenses “ainda cercam a Cidade de Gaza” e tentar retornar para lá “representa um perigo extremo.
As IDF estão se aproximando da Cidade de Gaza, que consideram o “último reduto” do Hamas. O Exército ordenou que os palestinos evacuem para o sul da Faixa de Gaza, mas grupos de ajuda humanitária afirmam que a “área humanitária” no sul está tão superlotada que as pessoas não conseguem encontrar espaço para armar barracas.
Também neste sábado, as Forças Armadas de Israel afirmaram que foram instruídas a se preparar para a primeira fase do plano de paz de Donald Trump: o retorno dos reféns.
Em uma publicação no X, as IDF afirmam que a segurança de suas tropas na Faixa de Gaza é uma “prioridade máxima” e que “todas as capacidades das IDF” serão enviadas ao Comando Sul para sua proteção.
“Dada a sensibilidade operacional, todas as tropas devem manter alto estado de alerta e vigilância”, diz a publicação, acrescentando que ainda pode haver necessidade de “uma resposta rápida para neutralizar qualquer ameaça”.