Depois de participar de eventos ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Pará, o ministro do Turismo, Celso Sabino, comunicou a aliados que vai permanecer à frente da pasta, a despeito da decisão do seu partido, o União Brasil, que determinou a entrega de cargos.
Sabino vinha adiando a saída. Sob pressão do União Brasil, ele chegou a entregar uma carta de demissão a Lula, no dia 26 de setembro. Mas, atendendo a um pedido do presidente, Sabino seguiu no cargo para participar esta semana de agendas sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), no Pará, seu Estado natal.
A informação sobre a permanência foi divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada pelo Valor.
Na segunda-feira (29), pouco antes do começo da cerimônia de posse do ministro Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, perguntou a Sabino se ele iria mesmo deixar o cargo. “Você vai mesmo nos deixar?”, questionou Haddad, conforme presenciou a reportagem.
Sabino, por sua vez, vinha afirmando que tem responsabilidade com o país e não poderia abandonar os compromissos que firmou no comando da pasta por conta de questões ideológicas.
Por causa da demora em entregar o cargo, a direção do União Brasil abriu um processo disciplinar.
No fim de agosto, a federação entre União Brasil e PP decidiu deixar o governo e determinou que todos os políticos “detentores de mandatos” deixassem a gestão federal até o dia 30 de setembro, sob risco de expulsão.
No último dia 18, a cúpula do União decidiu antecipar a saída dos seus filiados, fixando o dia 26 de setembro como prazo final.
O ultimato ocorreu após reportagem mostrar que um piloto acusava o presidente do partido, Antonio Rueda, de ser dono de aviões operados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Rueda nega envolvimento no caso.
Procurado, o União Brasil ainda não se manifestou.
Na última quinta-feira (2), durante discurso em inauguração diante de Lula, Sabino mandou um recado ao seu partido político e disse que irá segurar a mão do petista onde estiver.
“Presidente Lula, o que nós fizemos juntos no Turismo nunca será esquecido. Eu fico muito feliz e honrado de estar hoje aqui, no meu Estado do Pará, para lhe dizer: nada, nem um partido político, nem um cargo e nem uma ambição pessoal vai me afastar desse povo que eu amo e do Estado do Pará. Conte comigo, presidente, onde quer que eu esteja, para lhe apoiar, para segurar a sua mão, porque reconheço e sei o seu trabalho e tudo que o senhor fez pelo Brasil e pelo Estado do Pará”, afirmou o ministro.