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terça-feira, outubro 7, 2025

Dados até aqui não indicam desaceleração abrupta da economia, diz Galípolo

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À medida que a Selic é mantida em 15%, nível mais elevado desde 2006, surgem questionamentos a respeito de uma possível desaceleração mais abrupta da economia brasileira. No entanto, os dados até aqui não sugerem isso, de acordo com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Durante evento realizado pela Fundação FHC, Galípolo destacou que diversas métricas mostram que, na verdade, a economia está resiliente e, em especial, o mercado de trabalho provavelmente passa pelo seu melhor momento nas últimas três décadas. “Falar que o mercado de trabalho não está forte é um certo negacionismo dos dados”, disse o presidente do BC. “Talvez estejamos ‘para lá’ do pleno emprego.”

O crescimento econômico recente, inclusive, é explicado em grande parte pelo mercado de trabalho, de acordo com Galípolo, cuja taxa de desemprego caiu diante de uma redução da participação da população. “Estamos crescendo menos por aumento da produtividade, e mais porque colocamos mais insumos de produção para produzir.”

Neste sentido, o presidente do BC reforçou a necessidade de crescer com aumento de produtividade da economia, a fim de evitar pressões inflacionárias por conta da expansão da atividade.

Assim como sugerem as métricas de crescimento da atividade, a inflação também não mostra uma inflexão brusca e sim uma convergência mais lenta à meta de 3%, segundo Galípolo, que voltou a destacar que a desinflação é movida por componentes mais beneficiados pela valorização recente do real sobre o dólar, ao passo em que os preços de serviços seguem incompatíveis com a meta de 3%.

O presidente do BC ainda reforçou o incômodo da autarquia com a desancoragem das expectativas de inflação. “Não vemos a inflação na meta em nenhum horizonte do Focus”, disse.

Galípolo também reiterou o compromisso com a meta inflacionária. “Não foi dada ao BC a liberdade de interpretar de forma diferente. A banda [de tolerância de 1,5 ponto percentual] serve para absorver choques.”

O movimento de enfraquecimento global do dólar que se estende praticamente desde o começo do ano foi provocado, principalmente, por operações de “hedge” (proteção) contra a desvalorização da moeda americana, e não por uma saída de recursos dos Estados Unidos, segundo Galípolo.

“A partir do ‘Liberation Day’, a correlação entre o desempenho das moedas e o sentimento de risco ficou um pouco bagunçada. Houve a desvalorização do dólar em momentos de aversão a risco”, destacou Galípolo.

Segundo ele, essa dinâmica perdeu um pouco de força recentemente, e a desvalorização da moeda americana tem respondido mais ao ciclo de política monetária do Federal Reserve (Fed), que voltou a cortar juros no mês passado.

Sobre o cenário externo, o presidente do BC avaliou o desafio dos Estados Unidos de tentar equacionar o seu déficit comercial sem desvalorizar o dólar como “mais complexo” do que no passado. Isso porque o comércio globalizado entre as nações faz com que o custo da tarifação recaia de maneira direta nos preços pagos pela população.

“A entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) levou à fragmentação do ciclo da demanda efetiva, que era mais localizada”, explicou Galípolo.

Ao lado do ex-presidente do BC e sócio-fundador da Gávea Investimentos, Arminio Fraga, Galípolo afirmou que a taxa de câmbio flutuante “é uma das principais linhas de defesa que existem para a economia brasileira” e um “amortecedor muito importante” contra choques.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo — Foto: Divulgação

[Fonte Original]

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