Crédito, EPA
O governo do Equador afirmou nesta terça-feira (07/10) que o presidente do país, Daniel Noboa, foi alvo de uma “tentativa de assassinato” na província de Cañar.
A ministra de Energia e Minas, Ines Manzano, afirmou que Noboa está bem e segue com sua agenda com “normalidade”. Segundo ela, o carro onde o presidente estava foi atacado por cerca de 500 pessoas com pedras.
“Também há marcas de tiros no carro do presidente”, afirmou Manzano à imprensa local.
Ainda de acordo com ela, cinco pessoas já foram detidas pela ocorrência e outras foram denunciadas. Noboa se dirigia ao local para anunciar obras de saneamento.
A Presidência do país postou em suas redes sociais um vídeo filmado dentro de um carro apedrejado por pessoas que estão fora, algumas segurando bandeiras do Equador.
A organização indígena Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) afirmou que houve “violência orquestrada” contra a “população mobilizada” no local, onde manifestantes aguardavam a caravana presidencial para protestar contra Noboa.
Segundo a CONAIE, a maior organização indígena do país, houve “brutal ação policial e militar” contra os manifestantes.
“Denunciamos que ao menos cinco companheiros foram detidos de forma arbitrária. Entre os agredidos, estão mulheres de terceira idade”, disse a organização na rede social X.
Em setembro, a CONAIE convocou por tempo indeterminado uma grave nacional contra cortes no subsídio ao diesel. A organização liderou manifestações que derrubaram três presidentes entre 1997 e 2005.
Conflitos no fim de setembro
O governo já havia relatado que uma caravana presidencial foi atacada por em meio a protestos na província de Imbabura em 28 de setembro, enquanto Noboa e diplomatas da União Europeia e das Nações Unidas eram transportados.
O embaixador da Itália em Quito, Giovanni Davoli, confirmou o ataque na ocasião.
Em um comunicado, Davoli afirmou que não sofreu ferimentos e condenou “veementemente este ato terrorista contra o chefe de Estado do Equador”.
A porta-voz do governo Carolina Jaramillo afirmou que a caravana presidencial estava levando ajuda a comunidades afetadas pela greve quando foi cercada por aproximadamente 350 pessoas munidas de coquetéis Molotov.
Noboa mostrou fotos de para-brisas e janelas quebradas nos carros.
As forças armadas equatorianas acusaram manifestantes de ferir 12 soldados e manter outros 17 reféns.
A CONAIE afirmou, por sua vez, que um indígena, Efraín Fuerez, foi baleado três vezes e morreu no hospital.
A organização afirmou que tratou-se de uma “crime de Estado, perpetrado sob as ordens de Daniel Noboa”.
Em outra publicação nas redes sociais, a CONAIE negou que houvesse entre os manifestantes terroristas ou criminosos e afirmou que “o verdadeiro terror é imposto pelo governo com sua repressão”.
Noboa foi reeleito em abril após um primeiro mandato marcado pela guerra às gangues, com forte uso das forças armadas e policiais — e denúncias de violações aos direitos humanos.
*Com informações de Ione Wells, correspondente da BBC News na América do Sul, e Ottilie Mitchell, da BBC News