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segunda-feira, outubro 13, 2025

Dólar dispara 2,38%, supera R$ 5,50 e tem maior alta diária desde abril

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O dólar à vista encerrou o pregão desta sexta-feira em forte alta frente ao real, em um dia de desvalorização global das moedas de mercados emergentes, diante de uma nova elevação nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O mau humor global pesou sobre os preços de commodities, em um dia em que o petróleo já seguia fraco por conta do cessar-fogo em Gaza.

Não bastasse o cenário externo mais adverso, a percepção de risco fiscal no Brasil, a pressão no mercado de crédito local e as incertezas sobre o cenário eleitoral destravaram um movimento de “stop loss” (redução de perdas) no câmbio, fazendo com que o real se tornasse a pior entre as 33 divisas mais líquidas acompanhas pelo Valor nesta sexta-feira. A segunda maior desvalorização foi a do rand sul-africano, com o dólar avançando 1,63% contra a divisa perto das 17h05.

Encerradas as negociações desta sexta-feira, o dólar à vista terminou cotado a R$ 5,5031 em valorização de 2,38%, a maior alta diária desde 04 de abril, quando a moeda americana avançou 3,68% em meio ao estresse comercial entre China e Estados Unidos. Na mínima do dia, o dólar bateu R$ 5,3617 e na máxima chegou a R$ 5,5176. Na semana, a moeda americana avançou 3,13%. Já o euro comercial registrou hoje valorização de 2,83%, cotado a R$ 6,3896, acumulando alta de 1,98% na semana.

O começo da sessão de hoje foi marcado por um possível ajuste de posições, após dias seguidos de valorização global do dólar. A perspectiva era de que a moeda americana poderia perder força globalmente. Já nas primeiras horas, no entanto, o real passou a sofrer forte pressão e se tornou a divisa mais desvalorizada entre as 33 moedas mais líquidas na sessão.

Inicialmente, operadores mencionaram ajustes de posição, dado que o real vinha se beneficiando mesmo com o mau humor global, e fluxo pontual de saída como motivos para o real estar tão descolado dos pares, mas ao longo das negociações, outras moedas de mercados emergentes passaram a cair em maior magnitude, seguindo a dinâmica do real. O driver para isso foi as novas tensões entre Estados Unidos e China, o que pressionou preços de commodities.

O estrategista Alejandro Cuadrado, do banco BBVA, diz que o movimento de hoje foi apenas uma primeira reação a uma sessão tardia de risco antes do fim de semana.

“Precisamos de mais tempo para ver se isso vai ser tendência”, afirma. O estrategista também aponta que havia posições “carregadas” apostando a favor da valorização do real e em ações brasileiras que podem estar mais em risco. “Além disso, há o risco de dividendos maiores até o final do ano devido a impostos, e também estamos já com atenção a uma eleição que pode ser vista como binária para o real”, afirma.

A tesouraria de um grande banco lembra que já há alguns dias investidores estrangeiros vêm vendendo dólares no mercado de derivativos. Ontem, por exemplo, dados melhores de inflação podem ter levado alguns participantes do mercado a reduzir suas posições compradas em reais. Isso, combinado com o fato de que, daqui em diante haverá saída sazonal de capital do país, pode ajudar a explicar a pressão sobre o câmbio, diz um profissional do banco.

O operador de outro banco observou que, no crédito soberano, os spreads do CDS (Credit Default Swap) de cinco anos disparavam, dando magnitude a um movimento iniciado no começo da semana. Se, no dia 6 de outubro, o CDS do Brasil estava em 134 pontos-base, agora ronda 150 pontos-base.

Surgiram também rumores sobre uma “implosão” no mercado de crédito, diante de um “sell-off” de bonds da Raízen que se intensificou na tarde de quinta-feira e que continua nesta sexta-feira. De acordo com alguns participantes do mercado, esse teria sido o motivo inicial que forçou um encerramento abrupto de posições em real, especialmente por investidores estrangeiros. Assim, com a alta do dólar, novos “stops” foram acionados depois de a moeda americana ultrapassar R$ 5,40.

O estrategista da tesouraria de um grande banco local avalia, ainda, que o contexto já se mostrava desfavorável, diante de alguns riscos que já estavam no radar dos investidores, mas eram deixados em segundo plano. Entre eles, a expansão fiscal; os estímulos adicionais ao crédito habitacional; e o enfraquecimento de uma candidatura da direita na eleição presidencial do próximo ano, ao mesmo tempo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem visto sua popularidade se fortalecer.

“O ímpeto dos ativos domésticos virou, e isso se dá diante de um posicionamento técnico ainda ‘congestionado’”, diz. Assim, uma realização mais forte de lucros é natural, mas “a porta de saída fica cada vez mais estreita se o ímpeto do dólar enfraquecer, o que deixa pouco espaço para uma saída ordenada”.

[Fonte Original]

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