O capital institucional está cada vez mais direcionando o rumo do mercado de criptomoedas, disseram executivos da Bitwise Asset Management e da Aspen Digital em entrevistas separadas ao Decrypt durante a conferência Token2049, em Singapura, na semana passada.
Hong Kim, diretor de tecnologia e cofundador da Bitwise, afirmou que a base de investidores do Bitcoin mudou: antes dominada por traders de varejo, agora é composta por alocadores de longo prazo.
“O primeiro ano dos ETFs de Bitcoin teve cerca de US$ 30 bilhões em aportes; neste ano, já adicionamos mais US$ 20 bilhões”, disse ele. “A cada trimestre, temos entradas constantes de 5 a 10 bilhões de dólares. E isso não vai parar.”
Kim descreveu o lançamento dos ETFs de Bitcoin à vista como “o momento IPO do Bitcoin”, destacando que agora empresas públicas e investidores profissionais estão impulsionando os fluxos.
Ele disse que o ritmo constante das entradas de capital reflete uma forma de demanda mais duradoura do que nos ciclos anteriores do mercado.
Atualmente, os ETFs de Bitcoin à vista nos EUA detêm mais de US$ 169 bilhões em ativos, o equivalente a cerca de 6,8% do valor total de mercado do Bitcoin, segundo a provedora de dados SoSoValue.
Elliot Andrews, CEO da Aspen Digital, disse que escritórios de gestão de patrimônio familiar (family offices) e clientes de alto patrimônio estão tratando cripto como uma alocação de longo prazo, e não mais como uma aposta especulativa.
“Os dias de buscar retornos de 100 vezes acabaram”, disse Andrews. “Os clientes agora querem desempenho consistente e ajustado ao risco. Para a maioria, cripto ocupa uma parte pequena, mas significativa, de uma carteira diversificada.”
O amadurecimento do mercado cripto
Ambos os executivos afirmaram que a infraestrutura que sustenta a participação institucional amadureceu.
Kim disse que a custódia de produtos institucionais “já foi amplamente resolvida”, citando provedores como Coinbase, Anchorage e Fidelity. Ele também mencionou a recente decisão da SEC (a CVM dos EUA), que esclareceu que trusts registrados nos estados podem atuar como custodiantes.
Andrews, por sua vez, disse que mudanças estruturais e políticas nos EUA e no exterior ajudaram a aliviar preocupações que clientes ricos tinham ao investir em cripto.
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“A razão pela qual existimos é porque os bancos privados não queriam tocar em cripto quando começamos”, disse ele. “Os clientes queriam exposição, mas os bancos precisavam de um local confiável para enviá-los.”
Analistas dizem que o crescimento dos veículos institucionais ajudou a reduzir a volatilidade, substituindo a negociação especulativa de curto prazo por fluxos constantes de gestores de patrimônio e consultores de investimentos.
Isso ajudou a levar o preço do Bitcoin a um novo recorde histórico neste mês, após a criptomoeda subir mais de 8% com o anúncio do governo dos EUA sobre um fechamento parcial, afetando alguns serviços.
Ambas as casas do Congresso continuam em impasse sobre o próximo projeto de financiamento. A Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, quer uma resolução simples, enquanto democratas do Senado e moderados exigem condições políticas antes da aprovação.
Diante dessas demandas, tanto investidores de varejo quanto institucionais estão cada vez mais vendo o Bitcoin como uma proteção contra a desvalorização do dólar americano — um ponto citado tanto por Kim quanto por Andrews como uma razão significativa para o interesse global neste ano.
“A volatilidade virá em rajadas”, disse Kim, referindo-se à alta constante do Bitcoin e à participação dos investidores, “mas a narrativa subjacente é de uma acumulação constante”.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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