27.5 C
Brasília
terça-feira, outubro 14, 2025

Monitoramento do clima avança e salva mais vidas

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

Uma expedição registrou tempestades na Amazônia, região com maior incidência de raios do planeta, usando uma interface inovadora de monitoramento climático. A série “Caça-Tempestades” revela a experiência liderada pelo trio formado pela cineasta Iara Cardoso, o cientista Osmar Pinto Jr. e o jornalista Ernesto Paglia. Após a exibição de uma versão compacta no “Fantástico”, a produção estreará no History Channel no dia 5.

A narrativa audiovisual facilita a compreensão de assuntos complexos. “Misturamos ciência, aventura e emoção para levar a temática das mudanças climáticas para todos. Diante de catástrofes e eventos extremos, é essencial contar com tecnologia e dados precisos para minimizar os impactos”, afirma Iara Cardoso. Ernesto Paglia conta que perseguir tempestades é algo contraintuitivo e provoca ansiedade e medo, mas o aparato tecnológico baseado em mapas e as orientações científicas garantiram segurança à equipe. “Nosso desafio é mostrar que os fenômenos extremos tendem a se agravar. É importante que as pessoas compreendam isso para planejar o futuro, saber onde construir suas casas, como educar os filhos e escolher as autoridades para dar respostas.”

Osmar Pinto Jr., coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica que as mudanças climáticas vêm reduzindo o ciclo de vida das tempestades na Amazônia, tornando-as mais rápidas e intensas.

Para monitorar os raios, foram combinadas observações óticas (luz visível) do satélite GOES-19 com sensores no solo que detectam a radiação eletromagnética. Já as tempestades foram acompanhadas por radiação infravermelha medida por satélite, complementada por dados de radares e estações meteorológicas.

Nos últimos 30 anos, a ocorrência de downbursts, ou microexplosões, aumentou em 35% na Amazônia, conforme o cientista. “Quando a chuva cai rapidamente, atinge com força o solo e causa rajadas de vento intensas, derrubando partes da floresta e reduzindo o sequestro de CO2 na região”, explica Pinto Jr.

Somado ao Elat do Inpe, que usa o satélite GOES-19 e IA na análise dos dados para pesquisar raios e tempestades, outras iniciativas no país monitoram o clima e ajudam a mitigar fenômenos extremos, entre elas, as torres de fluxo de CO2. “Uma torre funciona como uma estação meteorológica completa. Ela mede chuva, umidade do solo, velocidade do vento e ainda registra gases como CO2, metano e vapor de água, bem como calor latente e sensível, permitindo entender como o bioma interage com a atmosfera”, explica Renato Alves Borges, professor associado do Departamento de Engenharia Elétrica e diretor do Parque Científico e Tecnológico (PCTec) da Universidade de Brasília (UnB).

De acordo ele, a universidade está reativando uma torre-modelo no Cerrado, e ainda atua em cooperação com o LBA (Programa de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que mantém diversas torres na região.

Cada torre de fluxo de CO2 opera de forma autônoma, com mínima interferência humana, gerando dados precisos. “A expansão dessas torres vai consolidar uma base científica robusta”, afirma Borges. Essas medições fornecerão referências essenciais para políticas públicas, mercado de carbono e projetos de restauração de pastagens e reflorestamento. Na visão dele, atualmente, com satélites, supercomputação e inteligência artificial, os dados podem ser processados em tempo real, criando séries longas que permitem analisar o comportamento de cada bioma.

Carlos Frederico de Angelis, pesquisador sênior do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que foi criado em 2011, diz que, apesar de avanços, são necessários investimentos crescentes em satélites, sensores, pluviômetros e estações meteorológicas no país. “É preciso fortalecer a base de dados e observações meteorológicas para alimentar os modelos de previsão”, avalia.

Segundo especialistas, a comunicação eficaz é essencial e os alertas têm contribuído para salvar vidas. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) passou a atuar na agenda climática, com olhar inovador sobre políticas públicas. “Passamos a analisar formas de envolver as teles em novas aplicações ligadas à questão climática”, comenta Suzana Silva Rodrigues, superintendente de Controle de Obrigações. Ela destaca o êxito da iniciativa Defesa Civil Alerta, sistema usado por órgãos de Defesa Civil para enviar alertas diretamente para os celulares da população. Desde dezembro do ano passado até setembro de deste ano, foram emitidos 469 alertas, sendo 391 severos, 56 extremos e 22 de demonstração.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img