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segunda-feira, outubro 20, 2025

Fernando Ulrich projeta Bitcoin a US$ 2,9 milhões em 2045: “É o ativo com mais potencial de valorização nos próximos 20 anos”

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O ciclo parece ter se completado na vida do economista Fernando Ulrich. Após se estabelecer como uma das primeiras vozes sobre Bitcoin no Brasil e ganhar fama nos primeiros anos da década passada, o analista expandiu sua área de atuação. Passou a tratar mais de finanças tradicionais, macroeconomia e política econômica como um dos sócios da firma Liberta Investimentos e parecia ter deixado o nicho cripto como apenas lembrança. Só que o ano de 2025 marcaria o retorno do BTC como um assunto central na vida profissional do analista econômico.

Ulrich foi convidado para ser membro do conselho da OranjeBTC, empresa de Tesouraria de Bitcoin que estreou na B3 recentemente. Na coletiva realizada com a imprensa no dia da abertura de capital, ficou claro que Fernando Ulrich desempenha um papel de guia filosófico da empreitada, dando o tom do porquê da aposta extrema na maior criptomoeda.

O analista teve um caminho inverso de muita gente que conhece o Bitcoin, se envolve na comunidade e começa a se interessar por conceitos econômicos libertários. Ulrich estudou a escola austríaca em um mestrado na Espanha entre 2009 e 2010 e começou a contribuir no blog Ponto Base. Foi nesse papel que foi instado pelo colega Hélio Beltrão, presidente do Instituo Mises Brasil, a escrever sobre um tal de Bitcoin em 2013.

“Eu topei a parada de me despir de qualquer ego e preconceito e convicções prévias e estudar de forma humilde e aberta o que era o Bitcoin. E para a minha grata surpresa foi quase uma revelação quando eu entendi como o Bitcoin funcionava, como a rede era segura, a genialidade da tecnologia criada pelo Satoshi Nakamoto. E o potencial que teria dali para frente”, afirma Ulrich em entrevista ao Portal do Bitcoin

A identificação foi de fato profunda: Ulrich publicou o livro “Bitcoin: A Moeda na Era Digital” em 2014, época vista hoje em dia como os tempos jurássicos do mercado cripto. “Foi uma revelação para mim, deu o clique no cérebro e eu consegui intuir a trajetória que o Bitcoin poderia ter em termos de adoção e de transformar a economia e a sociedade.”

A produção de conteúdo sobre o Bitcoin repercutiu e Ulrich se tornou uma das principais vozes no cenário de análise do mercado cripto. Ele participou da primeira empreitada da XP Investimento no setor em 2017, quando a empresa criou uma corretora cripto. Porém, logo a voz ecoou para além do nicho e o economista se tornou um dos fundadores da Liberta Investimentos. Lá, produz conteúdo sobre economia e mercado em geral, como forma de atrair clientes, vender infoprodutos e difundir a marca da empresa. 

Em entrevista ao Portal do Bitcoin, Ulrich analisou o momento do Bitcoin, que parece ter assumido mais o papel de reserva de valor: “Para mim não é um preto e branco. Antes não era, agora é. Não é uma chavezinha. É gradual. Ele está se capacitando ou se consolidando com uma reserva de valor”.

O economista também falou sobre a possibilidade de um ativo já tão grande ter ainda grandes ciclos de valorizações e aponta que, usando um modelo de Michael Saylor, aponta um Bitcoin em US$ 2,9 milhões daqui 20 anos. ” Para mim, das classes de ativos, ou commodities também, o Bitcoin tem o maior potencial de valorização”, disse.

Ulrich também falou sobre sua visão sobre o mundo cripto além do Bitcoin, a lógica dos ciclos que parece ter se exaurido e sobre como a chegada do dinheiro institucional via ETFs mudou o panorama do mercado financeiro global.

Leia a entrevista completa abaixo:

Você é membro da OranjeBTC, empresa de capital aberto que investe tudo no Bitcoin. Pessoalmente, você é maximalista ou vê valor em outros projetos?

Fernando Ulrich: Eu me consideraria muito mais maximalista do Bitcoin, mas às vezes até tento evitar o termo, porque pode carregar uma conotação um pouco pejorativa de alguém intransigente, inflexível, dogmático, até pentelho muitas vezes nas redes sociais. Mas, para mim, desde que comecei a estudar esse mundo do Bitcoin, depois de tudo que surgiu, nenhuma outra rede ou nenhum outro ativo, para mim, replica o que o Bitcoin traz de originalidade, de descentralização, de imutabilidade. E, por isso, coloca ele numa posição única de ser o real concorrente ao ouro digital e ser, de fato, um ativo a ser utilizado como reserva pelos próximos anos, décadas e com potencial ainda enorme de crescimento. 

Isso não quer dizer que eu não tenha até fascínio e interesse por outras tecnologias, outros projetos, porque assim, acho que a inovação é muito bacana, ver tudo o que está surgindo, olha as stablecoins o que também trouxeram para esse mercado, como está impactando os serviços bancários, transferência de remessas para o exterior, até a ponto de ser agora uma ponte de demanda para a dívida pública americana. 

O mercado cripto saiu de vez da mão dos varejistas e agora é controlado pelo dinheiro institucional?

Fernando Ulrich: Sem dúvida. Hoje, o nível de envolvimento do que o mercado chama de Traditional Finance está em outro patamar. E se aprofundou muito rapidamente nos últimos dois anos. Primeiro com a aprovação, finalmente, dos ETFs nos Estados Unidos. Com IPO da Circle, Gemini e sendo que a Coinbase já tinha feito. E a quantidade de empresas do mercado financeiro americano, e no Brasil também, que hoje oferecem algum tipo de produto ligado, ou uma exposição direta, ou alguma solução que envolva Bitcoin e criptos. Até a Caixa começou com o fundo agora para distribuir o produto da Hashdex. 

Eu vejo isso como algo natural, inevitável, que o mercado financeiro se envolva mais, tanto pela questão natural de que a tecnologia vai sendo adotada, e também porque há claramente oportunidade de negócio. É um mercado que não depende apenas do varejo, e para mim é algo inevitável, e vejo com bons olhos, porque é a adoção do Bitcoin se alastrando para o restante da economia. 

A chegada dos ETFs de Bitcoin era aguardada e se esperava que fosse ser uma mudança de paradigma. Essa previsão se concretizou, talvez até mais otimista do que se imaginava. Depois tivemos a conversão de Trump e sua eleição. Você vê um fato no horizonte que possa ser um gatilho para um novo ciclo de alta do Bitcoin? 

Fernando Ulrich: Daqui pra frente, talvez seja mais construção mesmo, em que é mais tempo e nada muito bombástico. Talvez, alguma notícia que pudesse ter impacto relevante: algum banco central começar a revelar reservas em Bitcoin. Não consigo ver hoje outra notícia, outro evento no radar que pudesse trazer uma nova enxurrada de investidores e fazer o preço subir. Agora é mais construção e teste do tempo.

A era dos ciclos de quatro anos parece ter se encerrado. Concorda? Acredita que vai existir no futuro breve um padrão geral de comportamento inerente ao Bitcoin ou ele vai estar mais atrelado aos grandes fatores da economia mundial?

Fernando Ulrich: Hoje, o Bitcoin tem um valor de mercado na casa dos US$ 2,5 trilhões. Movimentar um mercado desse já não é mais tão simples, precisa de mais dinheiro. Então, é natural esperar que os ciclos agora sejam menos intensos, tenham menos volatilidade, menos disparadas de preço, menos drawdown também. E eu diria que essa é a tendência daqui pra frente. O Bitcoin, à medida que vai sendo mais adotado e tendo um tamanho de mercado maior, ele vai ser um ativo mais estável. Ele tende a se comportar cada vez mais como o ouro. E que mesmo assim o ouro esse ano tá subindo uns 50% – olha que loucura! Acho que os ciclos estão ficando mais maduros e menos voláteis em comparação a como foram no passado.

O Bitcoin parece estar saindo da correlação com a Nasdaq e entrando em um lugar de reserva de valor. Você acredita que o ativo irá estacionar nesse local ou ele ainda pode ter outros papeis para desempenhar? 

Fernando Ulrich: Para mim não é um preto e branco. Antes não era, agora é. Não é uma chavezinha. É gradual. Ele está se capacitando ou se consolidando com uma reserva de valor. Mas não está lá ainda. Se olhar a última semana, poderíamos dizer que o Bitcoin não é reserva de valor. Aumentou a tensão com a guerra comercial, o ouro disparou mais e o Bitcoin caiu. Que reserva de valor é essa? Então, essas análises em janelas de tempo muito curtas, podem levar a conclusões precipitadas. 

E por isso que eu prefiro sempre olhar com uma perspectiva de mais longo prazo, mais histórica, e não me prendo muito com essas oscilações e correlações do curto prazo. Por mais que nesse último mês, nessa última semana, pareça não ter se comportado junto com o ouro, pra mim a minha preocupação, a visão não é muito com esse comportamento de curto prazo e recente, e sim mais a visão de longo prazo e para isso me baseio nos fundamentos do Bitcoin. Por isso que é mais importante para mim entender o que está por trás da demanda por ouro. Por que o ouro é tão demandado depois de seis mil anos, cinco mil anos? Entendendo esses drives de demanda pelo ouro, eu consigo traçar paralelos e entender que um ativo como o Bitcoin compartilha de várias das mesmas características, é escasso, não sofre interferência política, não pode ser, sofrer intervenção de governo, a rede não pode ser parada e com a superioridade de ser um ativo digital, Isso me faz concluir que esse ativo tende a ser cada vez mais demandado e sendo percebido como uma reserva de valor. 

Entre 2012 e 2013, o Bitcoin foi de US$ 12 para US$ 1.120 (uma multiplicação de vezes 93); entre 2016 e 2017, foi de mil para vinte mil, alta de 20 vezes. Agora muito se fala em um Bitcoin em um milhão em um horizonte de 10 anos. Isso seria uma alta de 8 vezes. Parece existir um padrão do ativo que já formou sua base de valor e cresce de forma mais lenta. Você concorda com essa análise ou acha que é possível o Bitcoin dar um estirão “como nos velhos tempos”?

Fernando Ulrich: O Michael Saylor no ano passado disponibilizou um modelo de premissas para previsão de preço. Eu, mexendo nessas premissas, chego em uma previsão de preço para 2030: US$ 600 mil. Em 2035: US$ 1,1 milhão. Em 2045: US$ 2,9 milhões. É a previsão que eu fiz calibrando as premissas de inflação, adoção do Bitcoin, empatia também de mercado com o Bitcoin e uma série de premissas por trás deste modelo. Sem dúvida que aquela multiplicação de valor que a gente viu no passado, não vai mais acontecer, não tem como. O ativo que já tem US$ 2,5 trilhões, vai multiplicar por mil vezes? Não vai. Ainda assim, eu considero que o potencial de valorização do Bitcoin é superior ao da maior parte das classes de ativos. Não estou falando de um ativo em particular, a ação da NVIDIA ou uma empresa de terras raras que pode multiplicar por 10 mil. Mas classe de ativos, ações, renda fixa, crédito, colecionáveis, arte, imóveis. Para mim, das classes de ativos, ou commodities também, o Bitcoin tem o maior potencial de valorização. 

Além disso, o que eu faço questão de mostrar nas minhas redes, nos meus vídeos, no canal, é o que eu chamo que é o outro lado da moeda, que são as moedas fiduciárias. O que a gente está testemunhando é uma queda secular e inevitável e irreversível das moedas tradicionais. As moedas estão sendo desvalorizadas ano após ano, década após década, e não há nenhuma perspectiva de que essa rota seja revertida. Pelo contrário. O risco é que isso se acelere. O Bitcoin não é um ativo completamente adotado, difundido. Ele ainda está na sua curva de adoção. Por todos esses fatores, acho que ele tem um potencial de valorização superior às demais classes de ativos, pelo menos aí nos próximos 20 anos.

Curiosamente, a ideia de Satoshi do dinheiro eletrônico sem censura não se concretizou mesmo com BTC atingindo trilhões de capitalização de mercado. No futuro é possível que vejamos o Bitcoin se estabilizar e começar a ser usado como moeda e meio de troca?

Fernando Ulrich: Para mim essa realidade já existe. Eu uso bitcoins quando eu vou fazer uma viagem, eu tenho funcionários que eu pago em Bitcoin. Então, esse uso como meio de troca já está acontecendo, mas claro que é uma parcela pequena dos investidores. Quanto mais o Bitcoin vai sendo difundido, mais ele também se valoriza, mais as pessoas também vão querer usar e mais as pessoas vão querer receber o Bitcoin. Nesse momento de valorização, eu vou preferir desovar uma moeda pior ou um ativo pior e não esse que está se valorizando. Mas o outro lado da transação é quem está sendo pago, quem está recebendo. E muitas vezes quem está recebendo começa a exigir pagamento de Bitcoin. 

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[Fonte Original]

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