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- Author, Sean Coughlan
- Role, Correspondente da Família Real na BBC News
O rei Charles 3° tornou-se nesta quinta-feira (23/10) o primeiro líder da Igreja da Inglaterra a rezar publicamente com um papa na história. A cerimônia aconteceu no Vaticano durante visita oficial do monarca britânico e da rainha Camila ao papa Leão 14.
Sob o famoso teto da capela, pintado por Michelangelo, a cerimônia reuniu clérigos e corais tanto da Igreja Católica Romana quanto da Igreja da Inglaterra, da qual o rei é o líder supremo.
A visita é considerada um importante símbolo de reconciliação, em uma viagem que também marca o primeiro encontro entre o rei e o novo papa, nascido nos Estados Unidos.
Antes do culto na Capela Sistina, o rei e a rainha tiveram uma audiência privada com o papa. Houve também uma troca de presentes.
O rei presenteou o papa com uma grande fotografia de prata e um ícone de Santo Eduardo, o Confessor, um rei anglo-saxão da Inglaterra conhecido por ser dedicado às suas preces.
Em troca, o papa presenteou o rei com uma versão em escala reduzida do mosaico “Cristo Pantocrator”, de uma catedral na Sicília, que foi feito no Vaticano.

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Visita de Estado
A visita de Estado ao Vaticano foi remarcada depois que a anterior havia sido adiada devido à saúde debilitada do papa Francisco, antecessor de Leão.
Os monarcas britânicos tiveram uma reunião privada com o papa Francisco em abril, por ocasião do 20º aniversário de casamento do casal real, em um dos últimos encontros do então pontífice com visitantes de alto nível antes de sua morte, em 21 de abril.
A visita de Estado atual inclui uma série de reuniões e cerimônias para destacar as cordiais relações entre a Igreja da Inglaterra e a Igreja Católica.
O ato na Capela Sistina se concentrou na proteção da natureza, em reconhecimento ao apoio do rei às causas ambientais.
O objetivo da cerimônia era mostrar a harmonia entre as duas religiões, com o coral da Capela Sistina cantando junto com o coral da Capela de São Jorge e do coral da Capela Real de Sua Majestade.
A capela do século 15, ricamente decorada, é o cenário do conclave de cardeais que elege o papa.
Encontros entre monarcas e pontífices já aconteceram anteriormente, incluindo os da falecida rainha Elizabeth 2ª.
Mas, segundo o Palácio de Buckingham e a Igreja da Inglaterra, não houve um momento semelhante, com um monarca britânico e um papa rezando juntos em uma celebração religiosa compartilhada, desde a separação de Henrique 8º de Roma no século 16.
Fontes reais têm destacado a importância histórica desta ocasião, já que o rei tem um compromisso de longa data com a construção de pontes entre as religiões.
Mais um evento centenário

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O rei Charles deve comparecer também a uma celebração na Basílica de São Paulo extramuros.
Essa igreja e abadia, que abriga o túmulo de São Paulo, tem sido tradicionalmente associada à monarquia inglesa desde a época dos governantes medievais e anglo-saxões, que contribuíram para a manutenção do prédio em Roma.
A insígnia da Ordem da Jarreteira tem sido exibida aqui durante séculos, refletindo seus vínculos com a monarquia inglesa.
O monarca receberá um título de “irmão real”, como parte da irmandade da abadia.
Um porta-voz da Igreja da Inglaterra afirmou que o título é uma homenagem ao “trabalho do rei, durante décadas, para encontrar pontos em comum entre as religiões e unir as pessoas”.
Charles 3° ocupará um assento projetado especificamente para esse fim, decorado com o brasão de armas do rei, que permanecerá no local para seu uso futuro e de seus sucessores.
Visitas de Estado são realizadas em nome do governo. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido declarou: “A Igreja Católica é a maior denominação da religião mais importante do mundo”.
Por isso, a visita do rei e da rainha “fortalecerá a relação do Reino Unido com esse parceiro influente e crucial”.