Para Victal, fará diferença saber se a autoridade monetária retomará a expressão “bastante prolongado” ao se referir ao período de tempo em que a Selic ficará alta, termo que Galípolo não usou ontem. “Não li ali mudança de direção, não comunicou algo novo. Acredito que ele adaptou o discurso à audiência, por estar em um evento representando o país lá fora, mas as próximas falas do Banco Central serão a prova dos nove sobre isso”, afirmou a economista ao Valor em entrevista durante o 46º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, promovido pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), em São Paulo.
A economista afirma que a atividade econômica continua muito resiliente e a gestora segue vendo trajetória de queda da taxa de desemprego. Além disso, comenta que a economia em 2026 terá pressão adicional da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e dos demais estímulos fiscais comuns a anos eleitorais em 2026. Por outro lado, bens industriais devem ficar “especialmente bem comportados porque em anos eleitorais tradicionalmente o repasse a itens administrados é menor.”
“A minha sensação é que, se eu tivesse que revisar a nossa projeção da Selic, seria um pouco para cima e não para baix, porque os dados de atividade agora do terceiro trimestre estão desacelerando, mas não mostraram uma economia especialmente fraca”, diz ela. “E o Banco Central vai se ver em janeiro com essa incerteza adicional de como a inflação vai responder à injeção de R$ 28 bilhões do IR.”
De acordo com a economista, a tendência é uma inflação um pouco mais alta no primeiro semestre, o que pode fazer com que o Banco Central fique menos confortável para cortar mais significativamente a taxa básica. A opção por não rever a projeção agora, prossegue ela, é pelo fato de ainda haver no horizonte um panorama de desinflação. “Achamos que ainda não é hora de mexer na projeção.”
A gestora prevê IPCA de 4,6% neste ano e 4,3% em 2026, portanto, acima da meta, crescimento do PIB de 2,2% neste ano e 2% no ano que vem e a Selic a 11,5% em dezembro de 2026.