Semana passada, o Google tirou uma linha de código que valeu bilhões. Literalmente.
Eles removeram o parâmetro NUM100 das pesquisas. Na prática, os resultados de busca caíram de 100 para 10. Sites que viviam de tráfego orgânico viram seus acessos despencarem. O Reddit — que havia fechado um acordo de US$ 60 milhões com o Google para fornecer dados de treinamento — viu suas ações caírem 15% no mesmo dia.
Uma linha de código. Bilhões em valor de mercado evaporados.
É o tipo de mudança que mostra: o jogo mudou. E quem ainda joga pelas regras antigas vai perder feio.
Do funil para o prompt
No ano passado, subi no palco do evento da 7th e mostrei como as conversas naturais com IA estavam matando o tráfego orgânico de grandes plataformas. A curva só piorou de lá para cá.
Agora, com os apps integrados no ChatGPT, o cenário ficou mais brutal. Você não precisa mais sair da plataforma para reservar hotel, comprar passagem, fazer transação. O Booking.com, a Expedia — todos terão que repensar do zero como chegam ao cliente.
Steve Jobs disse que o iPhone era “a vida no seu bolso”. A OpenAI está propondo algo diferente: sua vida em um prompt. Eles compraram a consultoria do Johnny Ive (o designer da Apple) para criar um device AI-native. A estratégia é clara: concentrar nosso portal para a web na IA generativa.
Quando sua vida é comandada por um prompt, o funil de vendas morre. E nasce outra coisa.
GEO: a nova sigla que você precisa conhecer
Esqueça SEO (Search Engine Optimization). O futuro agora é GEO — Generative Engine Optimization. Ou AEO, se você preferir chamar de Answers Engine Optimization.
Com o modo Search do ChatGPT e o AI Mode do Google Gemini, os usuários nem chegam mais aos links. Eles só recebem respostas. O SimilarWeb mostra crescimento exponencial no número de domínios recebendo tráfego do ChatGPT. A Vercel revelou que 10% dos novos sign-ups já vêm da IA da OpenAI.
E foi nesse cenário que consegui colocar o Red Tape Index — um projeto que estou liderando no Vale do Silício — em primeiro lugar numa pesquisa do ChatGPT.
As 3 dicas que funcionaram
1. Vibe coding: deixe a IA falar com a IA
Construí a plataforma no Lovable. Sei que isso vai infartar alguns desenvolvedores front-end, mas tem um motivo estratégico nisso.
Qual é a melhor linguagem para a IA entender? Markdown. HTML limpo. JSON para dados estruturados. Quanto mais próximo da linguagem de máquina, melhor a IA generativa processa.
Quando você usa plataformas como Lovable, Bolt ou v0.dev, é uma IA estruturando um site para outra IA ler. O vibe coding faz sentido não pela obsolescência do desenvolvedor, mas pela forma como a IA conversa com a IA.
2. Timing: trending topics ainda reinam
Compramos o domínio Red Tape Index um mês antes do governo Trump lançar o AI Action Plan, que trazia “Remove Red Tape” logo na primeira página. Lançamos o site duas semanas depois do documento oficial.
Coincidência? Talvez meu sócio tivesse informações privilegiadas. Mas o ponto é: timing continua sendo tudo. A diferença é que agora você precisa ser ainda mais rápido.
3. URL semântica: a resposta no próprio endereço
Red Tape Index. O nome já diz o que é: um índice sobre burocracia. Para a IA generativa, não há dúvida de que aquele é o melhor canal para aquela resposta.
A plataforma Profound mostrou que URLs semânticas ganham 11,4% mais citações. Parece pouco? Dependendo da empresa, isso significa milhões de dólares em faturamento.
O que vem por aí
Vejo um futuro de real-time landing page development. O fluxo será:
- Identificar trending topic relacionado à sua marca
- Comprar domínio semântico que responde àquela pergunta
- Gerar automaticamente landing page com FAQ (formato ideal para IA)
- Capturar tráfego das buscas em IA generativa
Você vai precisar de um volume gigantesco de domínios semânticos, com landing pages sendo criadas automaticamente. É isso ou ficar invisível.
Sinais de campo
A Geração Z já mostra queda de 23% no uso de redes sociais. As respostas prontas da IA estão substituindo o scroll infinito. Minha filha de 4 anos vai viver num mundo completamente diferente do que construímos até aqui.
O Google já havia mostrado isso em 2018, com o artigo “The Messy Middle”. O funil havia morrido — era tudo sobre exploração e avaliação em loop. Agora, com IA generativa, esse loop é unificado em um único ponto. A exploração e avaliação acontece pela própria IA. Você só diz “compra esse”.
Conclusão
A morte do SEO não é hipérbole. É só observar os números: uma linha de código derrubando 15% do valor do Reddit, plataformas de IA canibalizando 10% dos sign-ups de empresas consolidadas, e a Geração Z abandonando redes sociais.
A pergunta não é se o GEO vai substituir o SEO. É quanto do seu tráfego — e do seu faturamento — você vai perder antes de se adaptar.
Pensar em IA generativa como “mais um canal” é o erro fatal. Ela está se tornando o canal. E as regras são completamente diferentes.