Investidores devem se preparar para queda forte no mercado de ações, dizem CEOs de Wall Street

Os lucros corporativos são fortes, mas “o desafio são os valuations (avaliações)”, disse Mike Gitlin, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 3 trilhões como presidente e diretor executivo da gestora de investimentos Capital Group, durante uma cúpula financeira organizada pela Autoridade Monetária de Hong Kong nesta terça-feira (4).

Sobre se as ações estão baratas, com preço justo ou totalmente valorizadas, Gitlin disse que a maioria das pessoas “diria que estamos em algum lugar entre justo e totalmente valorizadas, mas não acho que muitas pessoas diriam que estamos entre baratas e com preço justo”. O mesmo vale para os spreads de crédito, acrescentou Gitlin.

Suas opiniões foram compartilhadas por Ted Pick, CEO do Morgan Stanley, e David Solomon, do Goldman Sachs Group, que também veem a possibilidade de uma queda significativa no próximo período e afirmaram que recuos são uma característica normal dos ciclos de mercado.

Pick disse que os mercados percorreram um longo caminho, mas ainda existe o “risco de erro político” nos EUA e incerteza geopolítica.

“Sim, os mercados parecem caros… mas a realidade é que o risco sistêmico provavelmente diminuiu”, disse ele. Haverá mais foco nos lucros das empresas em 2026 e haverá maior dispersão, onde as empresas mais fortes terão um desempenho superior, enquanto as mais fracas ficarão para trás, afirmou. Além disso, o mercado de novas emissões está ativo em todo o mundo “e os investidores querem assumir riscos”.

“Também devemos acolher a possibilidade de que ocorram quedas de 10% a 15% que não sejam impulsionadas por algum tipo de efeito macroeconômico abrupto”, disse Pick, classificando isso como “um desenvolvimento saudável”.

O índice S&P 500 está sendo negociado a 23 vezes a estimativa de lucros futuros, acima de sua média de cinco anos de 20 vezes. Da mesma forma, o índice Nasdaq 100 alcança um múltiplo de 28 vezes, em comparação com quase 19 vezes em 2022. Os futuros do índice com forte presença de empresas de tecnologia caíram até 1,8% na terça-feira, com a Palantir Technologies Inc., referência em inteligência artificial, recuando mais de 7% nas negociações pré-mercado devido a preocupações com a alta avaliação da empresa após uma valorização recorde.

As preocupações com “valuations” elevados se intensificaram depois que as ações globais atingiram repetidamente novas máximas neste ano, apesar da desaceleração da economia americana e da paralisação do governo.

Os mercados são mais irracionais nos picos de um mercado em alta e nas profundezas de um mercado em baixa, disse Ken Griffin, CEO da Citadel, acrescentando que agora “estamos em um mercado em alta bem avançado”.

Solomon disse que “os múltiplos de tecnologia estão no máximo”, mas esse não é o caso para todo o mercado. Ele afirmou que a recomendação do Goldman Sachs aos clientes tem sido manter os investimentos, revisar a alocação de suas carteiras e evitar tentar prever o mercado.

Ele acrescentou que quedas de 10% a 15% no mercado de ações também costumam ocorrer durante ciclos positivos, sem alterar a direção geral dos fluxos de capital ou as alocações de longo prazo.

“Significa apenas que as coisas sobem e depois recuam para que as pessoas possam reavaliar”, disse Solomon.