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quinta-feira, novembro 6, 2025

Banco Central mantém taxa Selic estável em 15% ao ano

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O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano nesta quarta-feira. Essa é a terceira reunião seguida em que o colegiado decide pela manutenção do patamar. A decisão foi unânime.

No comunicado que revelou a decisão, o grupo diz que “o cenário atual, marcado por elevada incerteza, “exige cautela na condução da política monetária”. O Comitê informou que segue acompanhando os anúncios sobre a imposição de tarifas pelos Estados Unidos ao Brasil e “como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”.

A expectativa de manutenção era unânime entre as 120 instituições financeiras da pesquisa elaborada pelo Valor. A última vez que a Selic esteve neste patamar foi em julho de 2006, quando o Copom decidiu reduzir os juros de 15,25% para 14,75% ao ano.

O documento faz pequenas alterações na mensagem central de política monetária, em relação à versão da reunião anterior, de setembro.

“O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o comunicado.

Em setembro, o Copom mantinha a palavra vigilante nesse trecho. “O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, disse, na ocasião.

A palavra vigilante aparece no trecho seguinte do comunicado que foi divulgado hoje. “O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”

Isso se compara ao seguinte trecho do comunicado de setembro: “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”

Da mesma forma que fez em setembro, o Copom disse que a manutenção dos juros em 15% ao ano decidida hoje “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.

E volta a dizer que, sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Para o Copom, o ambiente externo se mantém “incerto” considerando a conjuntura e a política econômica nos Estados Unidos e essa conjuntura tem reflexos nas condições financeiras globais. “Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”, apontou.

No comunicado da decisão anterior, de setembro, o colegiado fez uma menção adicional que, em consequência da incerteza, o “comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados” e isso teria “reflexos nas condições financeiras globais”.

As projeções de inflação, um dos indicadores acompanhados pelo BC, têm mostrado queda, principalmente para 2025. O relatório Focus da semana da reunião anterior do Copom, em setembro, mostrava uma mediana de projeções de 4,83% para este ano, número que caiu para 4,55% na edição mais recente. Já para 2026, a queda foi de 4,30% para 4,20% na mesma comparação. Para 2027, passou estava em 3,90 e chegou a 3,80% e, em 2028, de 3,70% para 3,50%.

No comunicado, o colegiado informa que reduziu a projeção para o IPCA de 2025 de 4,8% para 4,6%, contando com uma inflação de 4,5% nos preços livres e de 5,0% nos preços administrados. Para 2026, manteve a estimativa para o IPCA em 3,6%. E para o horizonte relevante (segundo trimestre de 2027), a previsão baixou de 3,4% para 3,3%, em uma dinâmica que contempla uma inflação de 3,2% nos preços livres e de 3,5% nos preços administrados.

O Copom avaliou que a inflação cheia e medidas subjacentes “apresentaram algum arrefecimento”, apesar de continuarem “acima da meta”. O comunicado de setembro não mencionava arrefecimento.

O colegiado também apontou que o conjunto de indicadores “segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica”. No comunicado anterior, o Copom mencionava uma “certa moderação” no crescimento. Tanto o comunicado de setembro quanto o desta quarta-feira destacam que o mercado de trabalho “ainda mostra dinamismo”.

Os indicadores de mercado de trabalho também são acompanhados de perto pelo colegiado. A última divulgação da taxa de desemprego mostrou uma queda para 5,6% no terceiro trimestre, a menor taxa para um terceiro trimestre na série histórica iniciada em 2012.

O colegiado manteve a avaliação de que o cenário continua sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, diz o documento.

Enquanto isso, no cenário externo o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, anunciou mais uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, levando ao patamar de 3,75% a 4% ao ano. Em coletiva após o resultado, o presidente do órgão, Jerome Powell, disse que um novo corte em dezembro não estava garantido.

Confira a íntegra do comunicado do Banco Central:

“​O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes apresentaram algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,5% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,3% no cenário de referência.

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

— Foto: Pixabay

[Fonte Original]

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