As principais tradings do Japão afirmam que buscam aumentar os investimentos nos Estados Unidos, em resposta ao plano de investimento de US$ 550 bilhões que ambos os países estão promovendo como parte do acordo tarifário.
O mercado americano já é o maior fora do Japão para quatro das cinco principais tradings — Mitsubishi, Sumitomo, Itochu e Marubeni — e o segundo maior para a outra, Mitsui & Co. Mas elas estão dispostas a aumentar ainda mais sua exposição, de acordo com executivos de alto escalão.
Os comentários surgiram após as cinco empresas, todas apoiadas pelo investidor americano Warren Buffett, divulgarem resultados financeiros amplamente em linha com as expectativas do mercado para o primeiro semestre de seus anos fiscais, encerrados entre abril e março.
As tradings negociam commodities em larga escala e a queda nos preços, como de carvão e minério de ferro, impactou negativamente o desempenho geral, embora isso tenha sido compensado por fortes lucros nos setores não relacionados a commodities. A Berkshire Hathaway, de Buffett, é uma grande investidora, detendo mais de 10% da Mitsui e da Mitsubishi, e quase 10% das outras três empresas. A empresa de investimentos afirma que não venderá as ações pelos próximos 50 anos.
O diretor executivo da Sumitomo, Shingo Ueno, disse que conversou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um jantar quando o presidente americano estava no Japão na semana passada, como parte de sua viagem pela Ásia.
“Expliquei a ele que a Sumitomo é uma empresa que historicamente tem um compromisso com os Estados Unidos e que, se houver oportunidades, gostaríamos de elevar o investimento”, disse Ueno em uma teleconferência sobre resultados na semana passada.
A Sumitomo anunciou em setembro a aquisição de uma empresa americana de leasing de aeronaves, juntamente com outras três empresas, em um negócio avaliado em US$ 7,4 bilhões.
Ele acrescentou que, embora não haja projetos específicos em análise no momento, “queremos buscar ativamente oportunidades de investimento”. Keita Ishii, diretor de operações da Itochu, disse que a empresa já havia decidido sobre alguns investimentos nos Estados Unidos e que continuaria buscando oportunidades.
“Não sabemos se vamos vinculá-los à estrutura de investimento de US$ 550 bilhões, mas se houver uma oportunidade de fazer um investimento significativo para expandir nossos negócios nos Estados Unidos, investiremos”, disse ele em uma conferência de resultados na quarta-feira.
Tóquio e Washington concordaram com um acordo que prevê a implementação de acordos comerciais anteriores, incluindo a promessa do Japão de investir US$ 550 bilhões nos Estados Unidos até janeiro de 2029. Os projetos que serão incluídos no acordo ainda não foram definidos, cabendo a Trump a palavra final.
O mercado dos Estados Unidos representou cerca de 14% da receita total das cinco tradings no ano fiscal encerrado em março, o que ocorre em um momento em que as chamadas sogo shosha se transformam de empresas de comércio em investidoras globais.
Katsuya Nakanishi, executivo-chefe (CEO) da Mitsubishi, disse na terça-feira que a empresa estava analisando ativamente projetos nos Estados Unidos, pois “é um dos poucos mercados em que vemos forte demanda e crescimento”. Em agosto, a empresa anunciou um acordo de US$ 600 milhões para adquirir uma participação de 30% em uma mina de cobre no Arizona.