Os parlamentares da França formaram maioria para suspender, nesta quarta-feira (12), a reforma da Previdência proposta pelo presidente francês, Emmanuel Macron. A suspensão ocorre em meio à resistência diante da aprovação de um novo projeto orçamentário do país e às constantes ameaças de derrubada do governo.
Os debates sobre o orçamento ganharam mais peso desde as eleições antecipadas, no ano passado, que fragmentaram o Parlamento francês. Desde então, dois primeiros-ministros do presidente caíram por conta do projeto orçamentário.
O país luta para controlar o déficit público, que chegou ao patamar de 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, quase o dobro da meta oficial da União Europeia (UE), de 3%.
Mesmo agora que os parlamentares aprovaram o artigo específico que suspende a reforma da Previdência, eles também precisarão apoiar todo o projeto de lei da Previdência Social em uma votação final em um estágio posterior para que isso aconteça.
Após um início difícil, a segunda tentativa do premiê francês, Sébastien Lecornu, de formar um governo avançou, fazendo com que partes do orçamento fossem aprovadas pelo Parlamento graças a concessões caras.
Uma das maiores compensações foi oferecer aos socialistas uma suspensão do plano de Macron de aumentar a idade de aposentadoria para 64 anos.
O congelamento efetivamente mantém a idade mínima de aposentadoria em 62 anos e nove meses até depois da eleição presidencial de 2027, uma medida que tem sido difícil de engolir para os leais a Macron, mas que deu a Lecornu uma tábua de salvação.
“Três milhões e meio de franceses poderão se aposentar mais cedo. Estamos demonstrando que apostar na construção de consenso compensa”, disse a deputada socialista Melanie Thomin.
As concessões em relação às pensões e outros cortes de gastos, provavelmente, prejudicarão bastante a meta do governo de reduzir o déficit em 30 bilhões de euros. Nenhuma estimativa revisada foi publicada até o momento, e a forma final do orçamento ainda não está clara.