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A JBS, maior produtora global de carnes, reportou na quinta-feira (14) lucro líquido de US$ 581 milhões, queda de 16,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, pressionada por altos custos com o gado nos EUA e impactos da gripe aviária no Brasil, apesar de uma receita recorde no período.
O recuo no lucro foi minimizado pela forte demanda por proteínas, indicou o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, salientando que o quarto trimestre, sazonalmente mais forte, deverá ter um impulso adicional da reabertura da China e da União Europeia para as exportações de carne de frango do Brasil.
“Globalmente, a demanda continua forte por proteína, no Brasil, vemos uma demanda bastante resiliente, e o mercado internacional para carne bovina bastante robusto. Estamos positivos para o próximo trimestre”, disse Tomazoni.
A empresa registrou lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado de US$ 1,835 bilhão no terceiro trimestre, recuo de cerca de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado.
“A Seara foi afetada pela questão da gripe aviária… a Seara é líder na exportação (de carne de frango). E o fechamento dos mercados da China e Europa, principalmente… impactaram”, reconheceu Tomazoni.
Ele explicou que outros mercados acabaram recebendo os produtos de frango que deveriam ir para a Europa e China, e com o aumento da oferta “o preço acaba sofrendo”.
Além da gripe aviária, os custos mais altos para aquisição de gado nos EUA, de onde a empresa obtém a maior parte da receita, impactaram negativamente o lucro e o Ebitda, disse o diretor financeiro e de Relações com Investidores da JBS, Guilherme Cavalcanti. “O nosso desafio é lá nos Estados Unidos, a oferta de boi não se resolve no curto prazo”, acrescentou Tomazoni, citando que o preço do gado continua muito alto.
Segundo ele, a oferta de gado nos EUA só deve melhorar em 2027. O Ebitda ajustado da divisão de carne bovina da JBS nos EUA foi negativo em US$ 42 milhões, enquanto a margem foi negativa em 0,6%, em meio a um salto de 18,5% no custo das vendas.
Mas, apesar do alto custo, a demanda está forte nos EUA, destacou a JBS, ao ressaltar que o faturamento do segmento na América do Norte foi recorde.
Do total das vendas trimestrais da JBS no mundo, de US$ 22,6 bilhões, com alta de 13% ante o mesmo período do ano passado, a unidade de carne bovina na América do Norte respondeu por US$ 7,25 bilhões.
Alavancagem sob controle
O CFO Cavalcanti disse a empresa deverá finalizar 2025 com alavancagem medida pela dívida líquida/Ebitda ajustado abaixo de 2,5 vezes, após ter encerrado o terceiro trimestre em 2,4 vezes, em linha com a meta de longo prazo da empresa.
“Um nível bem confortável, com as emissões… e mais a alavancagem em nível de conforto, pudemos tomar a decisão de recomprar US$ 600 milhões em ações”, comentou ele, sobre o programa recentemente encerrado.
Ele destacou que em meio à dupla listagem da empresa nos EUA, em meados de 2025, as ações já se valorizaram mais de 20% desde o início do ano, enquanto o volume médio diário negociado triplicou em relação à média de 2024.
Comentou também que um terço da dívida bruta tem vencimento após 2050 e não há nenhum vencimento até 2031, o que favorece as operações da empresa.