A criadora de conteúdo Marcela Fernandes chamou atenção nas redes ao relatar um problema que, para muitos brasileiros, é uma dura realidade: ter escorpiões circulando pelo quintal. Ela mesma acreditava estar livre dessa preocupação, até descobrir que não era bem assim.
Marcela convivia com a ideia de que escorpiões eram comuns nos arredores, mas nunca imaginou encontrar um dentro de casa. Isso mudou quando amigos lhe mostraram um truque simples para localizar esses animais à noite: uma lanterna de luz UV.
O truque da lanterna UV
A lógica é curiosa. Sob luz ultravioleta, o corpo do escorpião brilha, facilitando a identificação mesmo em áreas escuras. A partir dali, Marcela e a família começaram a investigar o quintal e descobriram algo inesperado: acharam cerca de 14 escorpiões escondidos em pontos que, à primeira vista, pareciam inofensivos. Tijolinhos decorativos, cantos de canteiros e até bases de palmeiras viraram esconderijos perfeitos.
Com uma filha pequena e uma cachorrinha em casa, ela não queria usar venenos tradicionais. Surgiu então a pergunta que muitos fazem: existe uma alternativa segura e eficaz?
Lavanda e óleo de cedro: aliados naturais
Depois de pesquisar bastante, Marcela encontrou uma solução que funcionou bem em sua rotina. Escorpiões detestam o cheiro de lavanda, por isso ela plantou mudas pelo jardim para manter os animais afastados. A planta não elimina o risco, mas cria uma barreira aromática que desencoraja a aproximação.
Para reforçar a estratégia, ela descobriu o poder do óleo essencial de cedro, conhecido pelo aroma amadeirado. Misturado com água e aplicado em janelas, portas e nos cantos onde os escorpiões costumam se esconder, o óleo agiu de forma muito mais intensa: segundo Marcela, os animais apareceram desacordados no dia seguinte e desapareceram dali por semanas.
O método exige constância. Ela borrifa a mistura a cada uma ou duas semanas, especialmente em áreas externas. E, diferente de pesticidas, o óleo não prejudica crianças, pets ou o uso diário do quintal.
O que explica essa explosão de Escorpiões no Brasil?
O professor Paulo César Motta, biólogo e especialista em aracnídeos da Universidade de Brasília, explicou a TV Senado que o cenário atual é resultado de um conjunto de fatores. O principal vilão é o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), espécie altamente resistente, que encontrou no ambiente urbano um território fértil para se expandir.
Esse escorpião tem uma particularidade que impressiona até quem estuda o tema: ele não precisa de machos para se reproduzir. Todas as populações são formadas por fêmeas capazes de gerar filhotes sozinhas, um processo chamado partenogênese. E isso muda tudo. Uma única fêmea pode originar dezenas de descendentes ao longo do ano, sem depender de acasalamento.
Se há alimento fácil — principalmente baratas — e abrigo, o crescimento populacional vira questão de tempo.
A prevenção, segundo especialistas, começa com atitudes simples no dia a dia:
Outras medidas essenciais
- Vedar ralos, frestas e vãos sob portas
- Manter quintais e áreas externas limpos
- Evitar acúmulo de madeira, telhas e entulho
- Sacudir roupas, toalhas e sapatos antes do uso
- Controlar a presença de baratas e outros insetos
Escorpiões escalam paredes, passam por tubulações elétricas e podem surgir até em andares altos. Por isso, qualquer ambiente desprotegido pode se tornar uma entrada.