A recuperação do mercado de trabalho dos Estados Unidos observada na leitura de setembro do “payroll” deve fazer com que o Federal Reserve (Fed) mantenha os juros básicos americanos na faixa de 3,75% a 4%, de acordo com a avaliação de economistas do Morgan Stanley. Em relatório publicado hoje, o banco revisou o seu cenário-base, que antes compreendia mais um corte de 0,25 ponto percentual da taxa dos Fed funds neste ano.
“A ampla recuperação do payroll sugere riscos reduzidos de uma taxa de desemprego mais elevada. Não esperamos mais um corte do Fed em dezembro”, diz o documento assinado pelo time de analistas do Morgan Stanley, liderado pelo economista-chefe para EUA do banco, Michael Gapen.
Com a abertura de 119 mil vagas em setembro, a média móvel das três últimas leituras do payroll mostra a criação de 57 mil postos de trabalho formais por mês, acima faixa de zero a 50 mil que o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que seria consistente com uma taxa de desemprego estável, destaca o relatório do Morgan Stanley. Dessa forma, há “um risco menor de que uma desaceleração na contratação de pessoal possa se agravar e resultar em uma rápida desaceleração do mercado de trabalho” americano.
Apesar da maior geração líquida de empregos, a taxa de desemprego dos EUA subiu a 4,44% e atingiu o maior nível desde 2021. No entanto, essa alta ocorreu por conta do aumento da participação da força de trabalho, e não por um número elevado de demissões, conforme apontam os economistas do banco. “Sem isso, a taxa de desemprego teria caído”, afirmam.
Diante desse quadro do mercado de trabalho e na ausência do payroll de outubro, que não será divulgado, o Fed deve manter os juros parados na sua reunião de dezembro, projeta o Morgan Stanley. Agora, o banco americano espera cortes de 0,25 ponto percentual nas decisões de janeiro, abril e junho, a uma taxa terminal no intervalo de 3% a 3,25% – mantendo, portanto, a projeção para o fim do ciclo de flexibilização monetária.
“Continuamos a acreditar que o Fed irá cortar juros em resposta às condições fracas do mercado de trabalho e ao desejo de manter a política monetária em um patamar neutro (que não restringe nem estimula a atividade econômica). Mas a trajetória da taxa básica de juros continua altamente dependente dos dados e, em nossa opinião, um relatório misto significa que o comitê vai querer ver mais dados antes de dar o próximo passo. Portanto, neste momento, achamos um corte em janeiro mais provável que em dezembro.”