O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu na noite desta quinta-feira o Salão Internacional do Auitomóvel de São Paulo, evento que volta à cidade após um hiato de sete anos. Ele disse que o governo está trabalhando para que o país possa competir com outros em inovação e que o Brasil precisa deixar de ser importador de tecnologia. O presidente afirmou que a história da indústria automobilística no país será outra depois deste Salão do Automóvel.
Lula disse que era um dos maiores incentivadores da volta do Salão do Automóvel, apesar do preço dos carros ser ainda “um pouquinho caro”.
— Nós ainda não sabemos fazer a bateria, mas nós vamos aprender a fazer bateria. Nós não sabemos ainda cuidar das terras raras, mas nós temos que aprender. Nós temos empresários, nós temos universidades, temos soluções de recursos. A gente vai ser a vida inteira importador de coisas que a gente pode exportar? Importador de conhecimento? Importador de tecnologia? — afirmou.
Rivais e aliadas: Montadoras já instaladas no país se unem a chinesas para acelerar eletrificação no país
O setor automotivo brasileiro responde por 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos e representa hoje cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial brasileiro. Com 53 fábricas em nove estados do país, as fabricantes de veículos tiveram, juntas, receitas de R$ 360 bilhões no ano passado e somaram R$ 252 bilhões em exportações.
Tem importância estratégica para o governo brasileiro, que implementou diversos programas de incentivo ao longo dos anos para desenvolvimento e geração de empregos. O Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) é a iniciativa atual, sucedendo outros programas, como o Rota 2030 e, antes, o Inovar-Auto.
O Mover vai conceder créditos financeiros (incentivos fiscais, como IPI verde) de quase R$ 20 bilhões, até 2028, para empresas que investirem em pesquisa, desenvolvimento e tecnologias de mobilidade sustentável com objetivo de descarbonização.
As montadoras já anunciaram investimentos de R$ 140 bilhões até 2033, para desenvolver novas tecnologias e transição para veículos eletrificados. O setor também vê a ascensão da China como principal motor da transição para a mobilidade elétrica. Tudo isso estará refletido na exposição das marcas no Salão.
Salão do Automóvel volta repaginado
O Salão do Automóvel abre para o público de 22 a 30 de novembro, no Distrito Anhembi, em São Paulo. Altos custos para participação das marcas, lançamentos de novos veículos feitos por canais digitais e a pandemia foram alguns dos fatores que interromperam a realização do evento nos último sete anos. Com adaptações e foco em experiências e tecnologia, o Salão voltou exatamente num momento de transformação da indústria automotiva.
- Salão do Automóvel: evento volta a São Paulo após hiato de sete anos
Para Theo Santana, consultor e fundador do Destino China, iniciativa que conecta empresários brasileiros a negócios na China, o retorno do Salão do Automóvel marca a consolidação da China como principal força da nova era elétrica no Brasil. Ele lembra que, pela primeira vez, montadoras chinesas dominam o evento com lançamentos, e tecnologias de ponta e modelos que já redefinem consumo, preço e inovação no mercado brasileiro.
— O público brasileiro deve se preparar para ver no Salão tecnologias que já fazem parte do cotidiano na China, um país onde o carro elétrico evolui no mesmo ritmo dos smartphones. Hoje, a disputa entre montadoras europeias e americanas e as chinesas é cada vez menos sobre motor e mais sobre novos softwares, eficiência energética, experiência digital e inovação contínua — explica.
Reportagem do GLOBO mostrou que marcas tradicionais, que deominam o mercado brasileiro há anos têm feito associações com marcas chinesas — algumas dessas parcerias já existentes na China — para acelerar a transição para a eletrificação no país.
Entre os destaques do Salão estão cockpits panorâmicos que ocupam toda a frente do painel, interfaces rápidas e integração com aplicativos como Instagram, TikTok e plataformas de navegação locais. Essas novidades estão acompanhadas de vidros com proteção UV, sistemas avançados de assistência ao motorista (frenagem automática, anticolisão, direção assistida), além de demonstrações inspiradas nos carros autônomos que já circulam em cidades como Shenzhen e Xangai.
Muitos modelos deverão trazer assistentes de inteligência artificial conversacional capazes de executar comandos complexos, reorganizar agenda, ajustar rotas e atuar como copilotos digitais. Serão 26 marcas com estandes e outras 18 com carros em exposições
temáticas, totalizando mais de 300 modelos. Uma das principais novidades é uma oista indoor para test-drive, uma reivindicação antiga dos visitantes. Pelo menos 13 marcas vão oferecer a experiência. São esperados 700 mil visitantes durante todos os dias do salão.