21.5 C
Brasília
terça-feira, novembro 25, 2025

Argentina vira estudo de caso sobre como guinadas à direita podem disparar mercados

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

Os gestores de fundos de mercados emergentes se concentram na América Latina para sua próxima grande negociação em meio a uma onda de eleições que podem redesenhar o mapa político da região, potencialmente alinhando vários países mais estreitamente com o presidente americano Donald Trump.

A atenção renovada surge após um grande rali na Argentina, depois da vitória do presidente Javier Milei nas eleições legislativas, com o apoio sem precedentes dos Estados Unidos. Para muitos, o país tornou-se um estudo de caso sobre como mudanças políticas à direita — especialmente aquelas notadas como favoráveis a Trump — podem impulsionar ganhos em ativos do mundo em desenvolvimento.

“Vocês estão diante de um possível movimento pendular em direção à direita na América Latina”, disse Pramol Dhawan, chefe de gestão de portfólio de mercados emergentes da Pacific Investment Management (Pimco). “Se houver uma guinada à direita, esses ativos vão disparar — não haverá nada remotamente próximo dos retornos que você obteria nos mercados locais brasileiros ou colombianos.”

Chile, Colômbia e Brasil realizarão eleições presidenciais nos próximos 12 meses, e os investidores esperam uma mudança para uma abordagem mais favorável ao mercado em todos os três países.

No centro das negociações, juntamente com a Argentina, estão países como El Salvador e Equador, que os investidores consideram mais alinhados aos interesses dos EUA. Os títulos de dívida em dólares desses três países renderam aos investidores ganhos de pelo menos 24% desde a eleição de Trump no ano passado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Isso se compara a um retorno de 13% para um índice de referência da dívida soberana de países em desenvolvimento.

A disparada destaca como alguns fundos buscam resultados específicos das eleições como um fator para os movimentos do mercado. A Zaftra, um fundo multimercado brasileiro especializado em apostas relacionadas a eleições, registrou seu melhor mês da história em outubro, com ganho de 9,2% após taxas, ao lucrar com a vitória de Milei nas eleições legislativas.

O fundo, lançado em 2023, também construiu uma posição otimista no peso chileno antes do primeiro turno das eleições no país, que viu outro candidato de direita ganhar destaque, de acordo com Felipe Sze, gestor de portfólio da ASA, do bilionário Alberto Safra, que administra o fundo.

“A forma como o governo Trump vê o hemisfério ocidental é como seu quintal, com os EUA tendo não apenas o direito, mas a obrigação de intervir — particularmente quando se trata de conter a influência da China em países com forte presença de mineração, como o Chile”, disse Petar Atanasov, cochefe de pesquisa soberana da Gramercy Funds Management.

A gestora está otimista em relação ao Chile para o ciclo de 2026, observando tanto os títulos soberanos quanto o peso. “Acreditamos que o Chile precisa recuperar o atraso em termos de câmbio”, disse Atanasov. Ele acrescentou que qualquer melhora nas relações com Trump seria muito positiva.

O primeiro turno das eleições no Chile, em 16 de novembro, viu o ultraconservador José Antonio Kast surgir como o candidato favorito para o segundo turno em 14 de dezembro, provocando um rali do peso antes que o clima em relação aos ativos de risco se deteriorasse globalmente. Pesquisas na Colômbia e no Brasil apontam para uma crescente frustração com os atuais presidentes de esquerda Gustavo Petro e Luiz Inácio Lula da Silva, o que amplia as chances de resultados mais favoráveis ao mercado no próximo ano — cenários que os operadores consideram positivos para ativos da região.

“Onde esperamos mudanças, é porque os eleitores estão frustrados com os atuais governantes”, disse Graham Stock, estrategista sênior de mercados emergentes soberanos da RBC Bluebay. “Isso é verdade no Chile, e provavelmente na Colômbia, onde Petro tem decepcionado.”

Os ativos de mercados emergentes apresentaram ganhos generalizados em 2025, à medida que os investidores se afastavam dos mercados dos EUA, em meio à volatilidade política. Reestruturações de dívida, progressos em acordos com o FMI e ralis das commodities também contribuíram para sustentar os ativos. E a proximidade com o líder americano nem sempre se traduziu em benefícios — como no caso de Narendra Modi, da Índia, que ainda não conseguiu fechar um acordo comercial com a maior economia do mundo.

Ainda assim, o nome de Trump tem pairado sobre os mercados emergentes. Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orbán tem mencionado a possibilidade de um resgate semelhante ao da Argentina — o que deixa perplexos os investidores que estão surfando um dos melhores ralis em ativos emergentes.

As moedas do Leste Europeu e os títulos ucranianos em dólares dispararam nesta segunda-feira, após um importante assessor do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, ter afirmado que negociadores ucranianos e dos EUA preparavam um “documento-quadro atualizado e aprimorado sobre a paz”. Trump havia proposto anteriormente um prazo até 27 de novembro para garantir o apoio à Ucrânia ao plano de fim do conflito com a Rússia, mas esse prazo não é definitivo, disse depois o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Na América Latina, a reconfiguração política em torno da mudança de postura política dos EUA atingiu até mesmo um dos países com maior índice de dívida problemática do mundo. Uma postura mais dura de Trump em relação à Venezuela impulsiona os títulos de dívida em default do país, alguns dos quais dobraram de preço, enquanto operadores apostam na possível destituição do líder socialista Nicolás Maduro.

“A probabilidade de mudança de regime aumentou bastante — passamos de nenhuma esperança de mudança para algo mais próximo de 50/50”, disse Atanasov, da Gramercy.

Os presidentes Donald Trump (EUA) e Javier Milei (Argentina): alinhamento — Foto: Stefani Reynolds/Bloomberg

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img