Principais pontos:
Derivativos de Bitcoin e expectativas cautelosas sobre juros mantêm o sentimento contido, embora a melhora nas condições de liquidez aumente o potencial de alta.
A flexibilização regulatória e a revisão da MSCI sobre empresas com forte exposição a BTC podem elevar o apetite por risco, sustentando uma perspectiva mais construtiva para o médio prazo do Bitcoin.
O Bitcoin (BTC) tem se mantido abaixo de US$ 92.000 desde quinta-feira e acumula queda de 22% nos últimos 30 dias, mas a situação pode mudar em breve. Os touros esperam que vários governos ampliem a oferta monetária para sustentar suas economias e déficits fiscais crescentes, enquanto os ursos apontam indicadores de trabalho mais fracos e preocupações crescentes com o setor de investimentos em inteligência artificial.
Ambas as visões podem ter fundamento, e a fraqueza de curto prazo pode acabar servindo como base para um rali mais duradouro do Bitcoin. Quatro catalisadores ajudarão a determinar quão rapidamente o preço poderá retestar o nível de US$ 112.000, visto há quatro semanas.
O ETF iShares TIPS Bond, que acompanha os títulos do Tesouro americano protegidos contra a inflação, retomou sua trajetória de alta após testar o suporte em 110,50 na quinta-feira. Esse ETF tende a subir quando os investidores preveem inflação mais elevada — um cenário que costuma favorecer o Bitcoin, já que traders buscam proteções alternativas.
Dados de futuros de títulos da CME, via FedWatch Tool, mostram que os traders atribuem 78% de probabilidade de o Federal Reserve (Fed) manter as taxas de juros em 3,50% ou acima até 26 de janeiro, ante 47% em 24 de outubro. Taxas mais baixas geralmente beneficiam empresas dependentes de alavancagem e estimulam a demanda por crédito ao consumidor.
A incerteza causada pela paralisação do governo dos EUA, que durou até 12 de novembro, pode levar o Fed a manter os juros inalterados em dezembro. Consequentemente, os traders estão atentos ao relatório de empregos de novembro, a ser divulgado em 16 de dezembro, e ao índice de despesas de consumo (PCE) núcleo de novembro, o indicador de inflação preferido do Fed, previsto para 26 de dezembro.
O Federal Reserve pode desencadear o próximo rali do Bitcoin?
Uma mudança significativa é provável no primeiro semestre de 2026. O mandato do presidente do Fed, Jerome Powell, termina em maior e o presidente Donald Trump já deixou claro que prefere um candidato favorável a uma postura monetária menos restritiva. Nenhuma data de nomeação foi anunciada ainda, e o processo normalmente inclui meses de audiências e votações no Senado.
A Bloomberg também informou que os reguladores americanos finalizaram uma regra que reduzirá os requisitos de capital para os maiores bancos até 1º de janeiro de 2026. Esses desenvolvimentos podem atuar como catalisadores para ativos de risco, incluindo o Bitcoin, já que o governo Trump sinalizou planos para estimular o crescimento econômico por meio de maior endividamento público, incluindo o projeto “One Big Beautiful Bill Act”, apresentado em julho.
Além dos fatores macroeconômicos, dois acontecimentos dentro do próprio ecossistema do Bitcoin podem influenciar uma eventual retomada acima de US$ 100.000. Em outubro, o índice MSCI informou que estava consultando investidores sobre a possibilidade de excluir empresas cujo foco principal é acumular Bitcoin e outros ativos digitais. Uma decisão final é esperada para 15 de janeiro.
Fundos passivos vinculados à Strategy (MSTR US) representam quase US$ 9 bilhões em exposição de mercado, segundo a Bloomberg. O fundador e presidente da empresa, Michael Saylor, declarou na sexta-feira: “A Strategy não é um fundo, nem um truste, nem uma holding. Somos uma empresa operacional de capital aberto com um negócio de software de US$ 500 milhões e uma estratégia de tesouraria única.”
Os derivativos de Bitcoin têm enfrentado pressão persistente nas últimas quatro semanas, refletida em um prêmio de 10% para opções de venda (puts) em relação a contratos equivalentes de compra (calls). Dada a magnitude do vencimento de opções de BTC de US$ 22,6 bilhões previsto para 26 de dezembro, é provável que os traders esperem a redução da assimetria para algo próximo de 5% ou menos antes de recuperar a confiança.
No geral, uma movimentação rumo a US$ 112.000 continua sendo viável para o Bitcoin, embora pareça mais provável de se concretizar no primeiro semestre de 2026.
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