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sexta-feira, novembro 28, 2025

Construção civil investe em sistemas menos poluentes e aço e cimento com menor pegada de CO2

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Inovações recentes das indústrias de materiais e a adoção de sistemas construtivos mais eficientes têm potencial de reduzir a pegada de carbono da construção civil. O setor responde por 34% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma).

Só o cimento é responsável por cerca de 7% das emissões globais de GEE. Boa parte delas é gerada no processo de produção do principal insumo, o clínquer, obtido com a calcinação de calcário, sílica e outras matérias-primas em fornos de alta temperatura, gerando a emissão de dióxido de carbono (CO2).

Mas alternativas limpas começam a ganhar fôlego. No fim de dezembro entra em operação a primeira fábrica de cimento sem clínquer do Brasil, o VerdMax. A planta em Carapicuíba (SP) é da novata Liga, uma joint venture formada pelo grupo japonês Verdment, detentor da tecnologia, e o grupo Hipermix, e terá capacidade de produzir 50 mil toneladas por ano.

O processo da Verdment utiliza escória granulada de alto-forno siderúrgico moída (GGBFS) com uma série de aditivos químicos em substituição ao clínquer. A escória de alto-forno já é bastante utilizada na indústria cimenteira como substituto parcial do clínquer, mas a proposta da Verdment é de uma substituição total.

O VerdMax ainda irá demorar um pouco para chegar ao varejo. “É um produto inovador; primeiro vamos ganhar a confiança do consumidor”, diz o adviser Diego Rodriguez. Para isso, a Liga vai construir um condomínio de 148 casas populares em Americana (SP), com previsão de conclusão em outubro de 2026. “Vamos demonstrar na prática a resistência do novo cimento”, diz Rodriguez.

A Engemix, subsidiária da Votorantim Cimentos, lançou em 2022 o Spectra, um concreto de alta fluidez, que em sua formulação demanda menor consumo de água e cimento. O Spectra, por sua resistência, também permite a redução das dimensões de elementos estruturais da obra, reduzindo em até 6% o uso de concreto e em até 8% o uso de aço na estrutura, quando comparado aos concretos convencionais.

“No total, uma estrutura construída com Spectra apresenta uma pegada de carbono 14% menor e um custo total 3% inferior ao de uma estrutura semelhante construída com concreto tradicional”, diz Alvaro Lorenz, diretor de sustentabilidade e desenvolvimento de produtos da Votorantim Cimentos.

O Spectra é voltado principalmente para edificações verticais e foi empregado no edifício Alto das Nações, em São Paulo, a torre corporativa mais alta do país, com 219 metros, e no Parque Global Residences, com 173 metros, o residencial mais alto da capital paulista.

O aço responde por cerca de 8% das emissões de GEE e é um dos insumos básicos da construção civil. No fim de 2022, a ArcelorMittal lançou o vergalhão CA50 S XCarb, produzido a partir de sucata metálica em fornos elétricos abastecidos por energia renovável. “O CA50 S XCarb proporciona uma redução de 68% nas emissões de GEE em comparação com o vergalhão tradicional”, diz Paula Couri, diretora de marketing e produtos da siderúrgica.

A pegada de carbono da construção civil também pode ser limitada por meio de sistemas construtivos industrializados, um método em que todas as estruturas, como paredes, pilares e pisos, são produzidas em fábrica e apenas montadas no local da obra. “A industrialização reduz desperdícios e resíduos, garantindo o melhor aproveitamento dos insumos, melhora a qualidade e reduz o custo”, diz Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que prevê uma expansão significativa nos próximos anos do uso de pré-fabricados de concreto, aço e madeira nos canteiros de obras.

A construtech Noah aposta em sistemas industrializados para acelerar construções — Foto: Divulgação

Em São Paulo, a construtech Noah, que tem a Dexco entre seus investidores, desenvolveu um processo construtivo industrializado que tem como base o uso de madeira engenheirada. “Conseguimos reduzir em 50% o tempo de construção”, diz Nicolaos Theodarakis, CEO da Noah. A industrialização, porém, não implica construções padronizadas, uma vez que cada projeto é específico e com identidade própria.

A madeira, ao contrário do cimento e do aço, atua como um sequestrador de CO2 e toda matéria-prima utilizada é de área plantada certificada.

Os projetos construtivos podem ser totalmente em madeira ou híbridos, com aço ou concreto. “Dependendo da estrutura escolhida, a redução de emissões de GEE pode chegar a 80% em relação a uma obra convencional”, diz Theodarakis.

Atualmente a Noah constrói seus primeiros quatro projetos, sendo três prédios corporativos de alto padrão em Pinheiros, São Paulo, e um condomínio residencial na Vila Madalena, também na capital paulista. “Nossos projetos têm despertado um grande interesse de investidores e clientes. Vamos deslanchar após a entrega das primeiras obras”, afirma Theodarakis.

[Fonte Original]

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