O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano mostra a perda de ritmo evidente da indústria e sinaliza um cenário ainda mais preocupante para o setor nos próximos meses, avalia em nota a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Embora o PIB industrial tenha subido 0,8% entre julho e setembro, o crescimento do setor recuou de 3%, no primeiro trimestre, para 1,8%, no terceiro trimestre”, diz o presidente da CNI, Ricardo Alban, no comunicado.
No texto, Alban afirma que existe uma defasagem entre a elevação das taxas de juros e a materialização dos efeitos sobre a economia. Isso, segundo ele, significa que uma perda de ritmo adicional ainda deve acontecer. “Os juros [altos], a demanda interna mais fraca e a ascensão expressiva das importações complicam muito o cenário para os próximos meses”, avalia.
Sobre o avanço total de 0,1% do PIB no terceiro trimestre, o presidente diz que veio dentro das expectativas, e “reflete diretamente a política monetária contracionista adotada pelo Banco Central para controlar a inflação.”
O mercado de trabalho, por sua vez, ficou estável depois de um longo período de crescimento acima das expectativas, “já refletindo impactos da política fiscal e juros altos, impactando a massa de rendimentos dos trabalhadores”, diz. “Com isso, o consumo cresceu apenas 0,1%. Bem menos do que as duas altas trimestrais anteriores, de 0,6% cada.”
Não por acaso, afirma, a demanda doméstica por produtos industriais subiu apenas 0,1% no terceiro trimestre. Além disso, parte da demanda se desviou para a compra de bens de consumo importados, que cresceu 17% entre janeiro e outubro de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado.
“Esses fatores limitaram o crescimento da indústria, especialmente de transformação, que cresceu 0,3%, mas também do varejo, explicando porque o PIB do setor de serviços subiu apenas 0,1% entre julho e setembro deste ano”, explica.
Alban destaca que o desempenho de alguns setores produtivos impediu que a desaceleração da economia fosse ainda maior. Impulsionada pelo forte desempenho da safra, a agropecuária subiu 0,4% no terceiro trimestre. Já a indústria extrativa registrou alta de 1,7%, a quarta consecutiva, devido ao crescimento da exploração de petróleo e gás.
Outro dado positivo vem da indústria da construção, cujo PIB subiu 1,3%, interrompendo duas quedas trimestrais consecutivas.
Embora tenha crescido 0,9% no terceiro trimestre, o investimento como proporção do PIB caiu de 17,4% para 17,3%. “O resultado é preocupante pois, somado ao desempenho modesto da indústria de transformação, revela a dificuldade de ampliação da capacidade produtiva da economia no curto prazo”, analisa.