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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Prisão de Bacellar evidencia infiltração do crime organizado na política

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A prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e pré-candidato ao governo estadual, Rodrigo Bacellar (União), expõe de modo chocante até que ponto o crime organizado está infiltrado na política fluminense. Bacellar é suspeito de obstruir investigações e vazar informações sigilosas de uma operação da Polícia Federal (PF) destinada a prender o também deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias, apontado como braço político do Comando Vermelho (CV). No carro oficial de Bacellar, foram apreendidos R$ 91 mil em espécie.

A polícia afirma que TH usava o mandato na Alerj para favorecer o crime organizado. Ele é acusado de tráfico de droga, corrupção, lavagem de dinheiro e intermediação na compra e venda de fuzis e equipamentos antidrones para bandidos do CV. TH retirou de sua casa documentos e objetos que poderiam servir de prova para incriminá-lo. Imagens de câmeras de segurança mostram um caminhão carregado às vésperas da operação. Mensagens revelam que Bacellar foi consultado sobre o esvaziamento do imóvel, diz a PF. Ele também limpou o celular e passou a usar outro aparelho. Quando a polícia chegou, não estava em casa e foi detido noutro endereço. No documento em que determinou a prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou o fato “gravíssimo”. Não se sabe como Bacellar obteve conhecimento prévio da operação.

Um dos desafios do governo do Rio é combater organizações criminosas que controlam partes significativas do território. Ao redor de 4 milhões de cidadãos — ou 35% da Região Metropolitana — vivem sob domínio de grupos armados ligados ao tráfico ou à milícia, revela pesquisa do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e do Instituto Fogo Cruzado. O CV é a facção com maiores domínios.

A Alerj ainda terá de analisar a prisão de Bacellar. A julgar pela tradição de corporativismo e pela liderança do presidente da Casa (reeleito por unanimidade), não surpreenderia se os deputados a revogassem, apesar dos indícios consistentes apurados pela PF. Seria uma lástima. É certo que ainda não há condenação, mas as acusações são graves. O Legislativo não pode ignorá-las.

É inadmissível que líderes políticos mantenham relação promíscua com organizações criminosas combatidas pelo estado em batalhas sangrentas. Cada vez mais o crime organizado se infiltra no mercado formal e nas Casas Legislativas em busca de blindagem. A suspeita de envolvimento do líder do legislativo estadual com o crime é por si só estarrecedora. A investigação deve prosseguir com independência e ir a fundo para livrar a política fluminense dessa chaga. Ela deveria representar o início de uma depuração necessária para impedir o uso das instituições em favor de práticas ilegais. O mínimo a esperar do Legislativo é empenho no combate a esse flagelo que há décadas atormenta a população fluminense — e não que se alie a criminosos.

[Fonte Original]

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