A leitura de Sequências brasileiras (1999) é uma experiência forte. A sucessão alternada de textos de teor teórico-histórico e ensaios sobre obras literárias específicas propicia ao leitor uma reflexão integrada entre formas sociais e formas artísticas. Redimensionado o quadro de dois contextos, um local e outro geral, Roberto Schwarz nos permite entrever que os episódios brasileiros (as sequências) compõem, numa relação crítica de mão dupla, uma problemática de ordem histórico-mundial e, simultaneamente, nos dão a ver uma desintegração que marca o nascimento de um tempo novo. O lugar desse livro, na obra do autor, resulta do desdobramento de perspectivas anteriores e de certa inflexão em face dos problemas do presente. Aí o seu nervo.
O livro é composto, em sua maior parte, de textos escritos nos anos 1990, depois que se completou o essencial da leitura schwarziana de Machado de Assis e da sociedade brasileira. De “As ideias fora do lugar” (1972) a Um mestre na periferia do capitalismo (1990), o crítico decifrou o sentido artístico e social da obra de Machado em articulação cerrada com uma reinterpretação do Brasil e das particularidades de sua formação histórica. Ao mesmo tempo que retomou e desenvolveu os achados da crítica literária anterior, Schwarz aproveitou as lições do pensamento social sobre o país, levando-o a seu termo e conclusão lógica.
Analisando a configuração formal de Memórias póstumas de Brás Cubas, Schwarz apresentou a lógica própria que articula as esquisitices nacionais e a modernidade
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