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sábado, dezembro 6, 2025

Apple vive debandada inédita de altos executivos: veja quem pode ser o próximo a se demitir

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A Apple, historicamente vista como um modelo de estabilidade no Vale do Silício, vive agora sua maior reviravolta de pessoal em décadas, com executivos e engenheiros-chave deixando a companhia. Só na última semana, os chefes de inteligência artificial e de design de interface se demitiram. Em seguida, a empresa anunciou que sua diretora jurídica e o chefe de assuntos governamentais também estavam saindo. Todos os quatro executivos se reportavam diretamente ao CEO Tim Cook.

E mais mudanças podem estar a caminho. Johny Srouji, vice-presidente sênior de tecnologias de hardware e um dos executivos mais respeitados da Apple, disse recentemente a Cook que está considerando seriamente deixar a empresa em breve, segundo pessoas a par do assunto. Srouji, arquiteto do prestigiado esforço de chips próprios da Apple, já informou colegas que pretende se juntar a outra empresa caso realmente saia.

Ao mesmo tempo, talentos em IA vêm migrando para rivais como Meta, OpenAI e várias startups, que têm atraído muitos dos engenheiros da Apple. Isso ameaça prejudicar o esforço da empresa para recuperar terreno em inteligência artificial, área na qual a Apple vem tendo dificuldades em se destacar.

Tudo isso compõe um dos períodos mais tumultuados do mandato de Cook. Embora o CEO não deva deixar o cargo tão cedo, a companhia precisa reconstruir seus quadros e descobrir como prosperar na era da IA.

Dentro da empresa, algumas das saídas são motivo de grande preocupação, o que levou Cook a reforçar pacotes de remuneração para reter talentos. Em outros casos, as saídas refletem o fato de que executivos veteranos estão chegando à idade de aposentadoria. Ainda assim, muitas das mudanças representam uma preocupante fuga de cérebros.

Cook insiste que a Apple trabalha no portfólio de produtos mais inovador de sua história, com expectativa de incluir iPhones e iPads dobráveis, óculos inteligentes e robôs, mas a empresa não lança uma nova categoria de sucesso há uma década. Isso a deixa vulnerável a concorrentes mais ágeis, capazes de desenvolver a próxima geração de dispositivos baseados em IA.

A Apple, sediada em Cupertino, Califórnia, não quis comentar.

John Giannandrea, chefe de IA, deixou a Apple — Foto: Bloomberg

A saída do chefe de IA, John Giannandrea, ocorre após tropeços na área de IA generativa. A plataforma Apple Intelligence sofre com atrasos e recursos abaixo do esperado. Uma reformulação amplamente divulgada da assistente Siri está atrasada em cerca de um ano e meio. E o software dependerá fortemente de uma parceria com o Google para suprir lacunas.

Com esse cenário, a Apple começou a afastar Giannandrea do cargo em março, mas permitirá que ele permaneça até a próxima primavera.

Dentro da Apple, muitos funcionários já esperavam sua saída, e alguns se surpreendem que ele fique por tanto tempo. A saída mais cedo, porém, seria encarada como um reconhecimento público de fracasso, afirmam pessoas familiarizadas com o assunto.

Alan Dye, que vinha trabalhando na interface de um novo robô de mesa na Apple, está indo para a Reality Labs, da Meta — Foto: Bloomberg
Alan Dye, que vinha trabalhando na interface de um novo robô de mesa na Apple, está indo para a Reality Labs, da Meta — Foto: Bloomberg

O veterano de design Alan Dye, por sua vez, está indo para a Reality Labs, da Meta, uma deserção notável para uma das maiores rivais da Apple.

No dia seguinte à notícia, a Apple anunciou que havia atraído uma executiva da Meta: Jennifer Newstead, diretora jurídica da rede social, será a nova conselheira-geral da Apple. Ela ajudou a conduzir a bem-sucedida batalha antitruste da Meta contra a FTC nos EUA, experiência útil diante da disputa da Apple com o Departamento de Justiça sobre práticas anticompetitivas.

Newstead substituirá Kate Adams, que ocupou o cargo por oito anos e se aposentará no fim de 2026. Lisa Jackson, vice-presidente de meio ambiente, políticas e iniciativas sociais, também se aposentará, com suas funções distribuídas entre outros executivos.

As saídas de Lisa e Kate já eram parcialmente esperadas, embora Adams deixasse uma ampla agenda jurídica em aberto. Lisa, ex-integrante do governo Obama, havia reduzido sua exposição pública durante o segundo mandato de Donald Trump e já estudava se aposentar.

Jeff Williams se aposentou após uma década como diretor de operações da Apple — Foto: Bloomberg
Jeff Williams se aposentou após uma década como diretor de operações da Apple — Foto: Bloomberg

Essas baixas seguem outra ainda maior. Jeff Williams, braço direito de Cook, se aposentou no mês passado após uma década como diretor de operações. Outro veterano, o CFO Luca Maestri, assumiu um cargo menor no início de 2025 e provavelmente se aposentará em breve.

A onda de aposentadorias reflete uma realidade demográfica: muitos dos principais executivos da Apple estão na empresa há décadas e estão perto ou já na faixa dos 60 anos.

Cook completou 65 anos no mês passado, alimentando especulações sobre uma possível saída. Pessoas próximas ao CEO dizem que isso não deve ocorrer tão cedo, embora o planejamento sucessório esteja em andamento há anos. John Ternus, chefe de engenharia de hardware de 50 anos, é considerado internamente o principal candidato para sucedê-lo.

Tim Cook, CEO da Apple, na chegada do 'acampamento de verão' — Foto: Bloomberg
Tim Cook, CEO da Apple, na chegada do ‘acampamento de verão’ — Foto: Bloomberg

Quando Cook deixar o cargo, deve assumir a presidência do conselho, mantendo forte influência. Isso torna improvável a escolha de um CEO externo, mesmo com nomes como Tony Fadell, fundador da Nest e pai do iPod, circulando entre sugestões externas. Fadell, porém, deixou a Apple há 15 anos em termos pouco amigáveis.

Por ora, Cook continua ativo e viaja intensamente pelo mundo pela empresa. No entanto, o executivo apresenta um tremor inexplicado nas mãos, que vem sendo notado por funcionários e discutido nos últimos meses. Pessoas próximas afirmam que Cook está saudável e negam rumores em contrário.

O risco mais imediato, porém, é a possível saída de Srouji. Cook vem atuando agressivamente para mantê-lo, oferecendo um pacote de remuneração robusto e a possibilidade de mais responsabilidades no futuro. Uma das hipóteses mencionadas internamente seria promovê-lo a diretor de tecnologia (CTO), o que o tornaria o segundo executivo mais poderoso da empresa. Mas isso exigiria que Ternus fosse promovido a CEO, algo para o qual a Apple talvez ainda não esteja pronta. E há quem diga que Srouji não gostaria de trabalhar sob outro CEO, mesmo com um título ampliado.

Se Srouji realmente sair, é provável que um de seus dois principais adjuntos , Zongjian Chen ou Sribalan Santhanam, assuma o cargo.

As mudanças já começam a redesenhar a estrutura de poder da Apple. Mais autoridade está fluindo para quatro executivos: Ternus, o chefe de serviços Eddy Cue, o líder de software Craig Federighi e o novo COO Sabih Khan. Os esforços de IA foram redistribuídos, tornando Federighi, na prática, o novo chefe da divisão.

Ternus deve assumir protagonismo na celebração dos 50 anos da Apple no próximo ano, aumentando ainda mais sua visibilidade. Ele também ganhou mais responsabilidades em robótica e óculos inteligentes, áreas vistas como motores de crescimento.

Mais reorganizações são esperadas. Deirdre O’Brien, chefe de varejo e RH, está na Apple há mais de 35 anos. O diretor de marketing, Greg Joswiak, há quatro décadas. Ambos já têm sucessores internos se preparando para substituí-los.

Ao mesmo tempo, a empresa enfrenta uma fuga de talentos na engenharia, e isso se tornou uma grande preocupação. O RH foi instruído a intensificar esforços de recrutamento e retenção.

Robby Walker, que chefiava a Siri e um projeto de busca estilo ChatGPT, saiu em outubro. Seu substituto, Ke Yang, deixou o cargo poucas semanas depois, indo para o novo laboratório de superinteligência da Meta.

Para substituir Giannandrea, a Apple contratou Amar Subramanya, ex-Google e Microsoft, como vice-presidente de IA. Ele se reportará a Federighi.

Mas há um colapso mais amplo na organização de IA. A saída do chefe de modelos, Ruoming Pang, levou outros nomes, como Tom Gunter e Frank Chu, à Meta, que oferece pacotes milionários para atrair talentos. Cerca de uma dúzia de principais pesquisadores também deixou a empresa, abalada pela baixa moral. O crescente uso de IA externa, como o modelo Gemini do Google, preocupa funcionários que trabalham com grandes modelos de linguagem.

A equipe de robótica de IA também perdeu sua liderança, Jian Zhang, que se juntou à Meta. O grupo desenvolve a tecnologia base para robôs domésticos, como um robô de mesa e um robô móvel.

A equipe de hardware do robô de mesa, codinome J595, também está perdendo profissionais, com alguns migrando para a OpenAI. Dye era um dos responsáveis pelo design de software desse produto.

A organização de interface de usuário também foi atingida, com várias saídas desde 2023. Isso culminou na saída de Dye, motivada em parte por sua frustração com o ritmo da Apple em IA. Outro líder importante, Billy Sorrentino, também se juntou à Meta.

Jony Ive deixou a área de Design da Apple e foi para a OpenAi — Foto: Bloomberg
Jony Ive deixou a área de Design da Apple e foi para a OpenAi — Foto: Bloomberg

O setor de design físico, responsável pela aparência dos produtos, praticamente se desfez nos últimos cinco anos, com muitos seguindo Jony Ive para seu estúdio LoveFrom ou indo para outras empresas.

Stephen Lemay, veterano da área de interface, assumirá no lugar de Dye. Cook também assumirá parte da supervisão do design, tarefa antes realizada por Jeff Williams.

Apesar da turbulência, há entusiasmo interno com Lemay no novo cargo. Ele é um designer respeitado e subiu na empresa ao longo de duas décadas.

Ive, o visionário por trás do iPhone, iPad e Apple Watch, agora trabalha com a OpenAI no desenvolvimento de dispositivos de nova geração com IA. A empresa comprou a startup de Ive, chamada io, por mais de US$ 6 bilhões, para acelerar sua entrada em hardware, mirando diretamente o território da Apple.

Assim como a Meta, a OpenAI se tornou grande beneficiária da fuga de talentos da Apple. A empresa de São Francisco já contratou dezenas de engenheiros da Apple, incluindo profissionais do iPhone, Mac, câmeras, chips, áudio, Apple Watch e Vision Pro.

Outras saídas notáveis incluem Abidur Chowdhury, que narrou a apresentação do iPhone Air em setembro. Ele era visto como uma estrela em ascensão na empresa.

E no verão, a Apple perdeu o diretor da Apple University, programa interno criado para preservar a cultura após a morte de Steve Jobs. Richard Locke partiu após quase três anos para assumir a direção da escola de negócios do MIT.

[Fonte Original]

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