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segunda-feira, dezembro 8, 2025

Como a China fortalece facções de drogas em Mianmar

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A China está por trás do fluxo crescente de precursores químicos que abastecem as facções armadas de Mianmar e sustentam hoje um dos maiores polos de produção de drogas sintéticas do mundo.

Segundo documentos de autoridades asiáticas e investigações citadas pelo jornal The Washington Post, fabricantes chineses fornecem insumos essenciais para fabricação de drogas sintéticas em laboratórios instalados em áreas controladas por milícias criminosas no estado de Shan – região do Mianmar que, há anos, opera fora do alcance do governo de fato do país.

Autoridades da Tailândia, principal rota de entrada desses insumos, relatam que empresas chinesas vendem abertamente às facções de Mianmar substâncias usadas na produção de metanfetamina, inclusive por meio de plataformas digitais. Segundo investigações citadas por órgãos internacionais, esses fornecedores oferecem logística completa: falsificação de rótulos, rotas para driblar alfândegas e pagamentos em criptomoedas. Esse esquema fortalece um mercado de drogas sintéticas que, na prática, se tornou quase impossível de conter.

Grupos armados que disputam o controle de Mianmar, especialmente no estado de Shan, são os principais beneficiários desse fluxo de precursores enviados pela China. Entre eles está o United Wa State Army (UWSA), facção que domina extensas áreas de selva e abriga laboratórios de fabricação de metanfetamina, fonte de financiamento do grupo. Grupos como o UWSA mantêm relações estreitas com redes criminosas chinesas e operam a produção de drogas sintéticas em larga escala, abastecendo toda a região da Ásia-Pacífico.

Mesmo pressionado por Estados Unidos, Nações Unidas e países vizinhos, o regime chinês mantém controles mínimos sobre o setor de precursores químicos. Lacunas na legislação comunista permitem que empresas “licenciadas” vendam compostos que podem facilmente ser transformados em precursores da fabricação de metanfetamina, por exemplo. Quando alguma companhia é desmantelada por raras operações das autoridades chineses, surgem novas substitutas com o mesmo quadro de funcionários – uma prática que analistas descrevem como “gato e rato regulatório”.

A deterioração da situação dentro de Mianmar contribuiu para o fortalecimento dos grupos criminosos. Após o golpe militar de 2021, o país mergulhou em guerra civil, e a repressão ao narcotráfico praticamente desapareceu. Com o colapso do Estado, laboratórios de drogas se multiplicaram, e novos produtos químicos passaram a entrar livremente em territórios controlados pelas facções.

Segundo investigações citadas pelo The Washington Post, várias das empresas chinesas que fornecem precursores químicos às facções do estado de Shan, por exemplo, são as mesmas envolvidas no envio de substâncias químicas a cartéis latino-americanos responsáveis pela fabricação de fentanil contrabandeado para o território americano, que já resultou na morte de milhares de cidadãos dos EUA. Para autoridades americanas, a descoberta no Mianmar demonstra que a China funciona atualmente como o principal ponto de origem de duas cadeias ilícitas simultâneas: a metanfetamina que abastece a Ásia-Pacífico e o fentanil que alimenta a epidemia de opioides nos Estados Unidos.

Analistas disseram ao jornal que ambos os fluxos operam com modelos idênticos – venda aberta de precursores por empresas chinesas, pagamento via criptomoedas, camuflagem das cargas e ausência de fiscalização efetiva por parte de Pequim. Essa estrutura integrada, segundo um oficial americano ouvido pelo Post, revela “uma única luta global contra o mesmo ecossistema químico” que alimenta diferentes mercados, todos com origem nas mesmas redes de fornecedores chineses.

[Fonte Original]

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