Como esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano. O comunicado que acompanhou a decisão, no entanto, enterrou parte das expectativas para que o ciclo de cortes começasse ainda em janeiro, na reunião marcada para os dias 27 e 28 do mês. E ativos brasileiros devem sentir o tom mais duro nas negociações do “dia seguinte”.
“Achei o Copom levemente hawkish (duro, indicando juros altos por mais tempo) em relação ao mercado, sobretudo por não ter exercido a assimetria dovish (tom mais brando). Em relação a nossa expectativa foi em linha. O comunicado veio em linha na parte de atividade, reconhecendo a desaceleração — inclusive do PIB — de forma cautelosa”, considerou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
Enquanto alguns especialistas apontam para o fato de que a decisão já era amplamente aguardada pelo mercado e o comunicado veio em linha com o anterior, outros consideraram o tom mais duro que anteriormente.
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“A falta de sinalização agora não é um impeditivo, é um limitador extremo para uma mudança da decisão em janeiro. Uma decisão de corte em janeiro, mas na nossa visão, se o Banco Central tivesse uma convicção maior nesse momento sobre um corte de juros já no próximo mês, várias mudanças poderiam ter sido feitas nessa comunicação. Então, apesar de não ser um impeditivo, a gente continua vendo o janeiro como um mês mais improvável e mantém o cenário-base de corte de juros se iniciando em março”, afirma Carlos Lopes, economista do Banco BV.
As negociações na bolsa brasileira devem ser impactadas, em especial considerando a repercussão do comunicado mais duro, de acordo Bruno Perri, economista-chefe e sócio-fundador da Forum Investimentos.
“Eu acredito que a gente pode esperar algum impacto nas curvas de juros para cima amanhã. E possivelmente uma valorização aqui do real em relação ao dólar”, afirma.
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Para Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, é possível que aconteça movimento de realização nos mercados, em especial considerando que as negociações de hoje foram positivas pelo cenário externo.
“Amanhã pode ser um dia de ressaca. A gente pode ter um movimento de realização nos mercados, que hoje foi positivo em função do cenário externo também e a gente pode ter um dólar um pouco mais pressionado. Os juros futuros, principalmente, o contrato curto deve ter uma subida no dia de amanhã, então deve ser um dia um pouco mais complicado e digerindo esse tom ainda duro do Copom”, diz.