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sexta-feira, dezembro 12, 2025

Crítica | A Vida Sexual das Universitárias – 2ª Temporada – Plano Crítico

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Criada por Mindy Kaling e Justin Noble, A Vida Sexual das Universitárias, disponível na plataforma de streaming HBO Max, tem atraído a atenção do público por sua abordagem fresca, sincera e tocante sobre questões ligadas à sexualidade, identidade e a vida universitária de um grupo de quatro jovens mulheres, no preâmbulo de suas jornadas acadêmicas, período também de autodescoberta na seara dos relacionamentos e da mencionada esfera sexual. Desejos, anseios, dúvidas, prototipagens e outras palavras-chave que envolvem o processo de experimento da fase adulta estão presentes no texto desse programa que mantém a energia da temporada de estreia. Continuamos no acompanhamento das aventuras de Leighton (Reneé Rapp), Kimberly (Pauline Chamalet), Bela (Amrit Kaur) e Whitney (Alyah Chanelle Scott), personagens de perfis completamente diferentes, mas que além de dividir um quarto na instituição onde estudam, também compartilham as situações corriqueiras do cotidiano. Mesmo que guardem diferenças entre si, tais figuras ficcionais colocam em cena a sororidade e a amizade feminina. As dinâmicas entre as protagonistas nos mostram como a amizade e o apoio mútuo são questões cruciais em todos os momentos de nossas vidas.

Em cenários onde constantemente são retratadas situações de rivalidades entre as mulheres, a série traz uma mensagem de empoderamento e solidariedade ao versar sobre desafios pessoais e coletivos, demonstrando a importância de ter um grupo de apoio, especialmente em momentos de crise ou indecisão. A diversidade e a inclusão também são temas basilares em A Vida Sexual das Universitárias, tópico que estabelece conflitos internos e externos nos textos dramáticos, apresentados em ações das personagens ou em suas linhas de diálogos. Frequentado por indivíduos de diferentes etnias, classes sociais e orientações sexuais, refletindo a complexidade da sociedade contemporânea, o ambiente universitário da narrativa seriada foge de idealismos e nos coloca diante de projeções realistas do nosso mundo globalizado e multicultural. Kaling, como uma mulher de origem indiana em Hollywood, traz sua própria perspectiva e experiências, ajudando a criar um espaço onde a inclusão não é apenas uma preocupação superficial, mas uma parte central da narrativa.

Um dos elementos que mais se destacam ao longo da temporada é a discussão, com humor, de um tópico feminino contemporâneo bastante polêmico: a questão do consentimento.  Em um mundo onde a cultura do consentimento ainda é uma batalha a ser travada, a série procura educar os espectadores sobre a importância de respeitar os limites do outro. Por meio de diálogos e situações que as protagonistas enfrentam, A Vida Sexual das Universitárias reflete sobre a comunicação nas relações íntimas, destacando que o respeito mútuo é a base de qualquer relacionamento saudável, sem deixar de versar também sobre a responsabilidade afetiva, outro tópico temático atual e comumente debatido na seara dos relacionamentos interpessoais. Ao longo dos episódios, a série expõe as questões que tecem os nossos cenários atuais, em um mundo que modificou bastante, sem tolerância para determinados comportamentos naturalizados num passado ainda muito recente.

Além disso, a série não foge de discutir temas como saúde mental e a pressão acadêmica que muitos estudantes enfrentam. As protagonistas lidam com a ansiedade, o estresse e a pressão para ter sucesso em seus estudos e vidas pessoais. Isso é particularmente relevante, pois a vida universitária pode ser um período de intensas transformações e desafios. Os realizadores trazem à tona a importância de buscar ajuda e falar abertamente sobre saúde mental, mostrando que não é vergonha alguma procurar apoio emocional, principalmente em tempos difíceis. Ademais, as histórias das personagens estão interligadas com suas histórias familiares, revelando como as expectativas e pressões vindas de casa podem influenciar suas escolhas e comportamentos. Essa análise da relação entre família e individualidade é algo muito importante, pois muitos universitários enfrentam as expectativas de seus pais ao mesmo tempo em que buscam definir sua identidade própria. E, por fim, ao abordar essa busca por identidade, a narrativa propõe que está tudo bem em não ter todas as respostas e que o processo de descoberta é, por si só, o mais importante, reforçando que apesar das dificuldades, cada pessoa é única em sua jornada e que as experiências de vida são o que nos tornam quem somos. Quando compartilhadas, melhor.

Em linhas gerais, A Vida Sexual das Universitárias é uma produção que reflete o estilo de Mindy Kaling, conhecida por seu estilo de escrita que combina astúcia e vulnerabilidade. Outro aspecto, adotado por aqui, é a sua representação das mulheres. Em um cenário de entretenimento muitas vezes dominado por estereótipos e papéis limitados para mulheres, Kaling quebra moldes ao criar personagens mais complexas, delineadas por nuances. Em seus trabalhos, as mulheres não são simplesmente o interesse amoroso de alguém ou a melhor amiga; elas são protagonistas de suas próprias histórias, com ambições, falhas e triunfos. Ademais, a atriz e dramaturga também tem uma habilidade notável para lidar com questões culturais e raciais de maneira sensível e inteligente. Ao longo de suas produções, ela toca em questões da vida como mulher de cor nos Estados Unidos, abordando preconceitos e microagressões, mas sempre mantendo um tom que é acessível e compreensível. Em vez de distanciar o público com críticas pesadas, ela utiliza o humor para desarmar situações e abrir conversas importantes sobre diversidade e inclusão. Tudo isso por meio de um tom visual vibrante, perpetuado aqui pela direção de fotografia e design de produção, eficientes na construção da atmosfera narrativa.

Desta vez, dentre os novos desafios, Kimberly continua trabalhando adoidada na cafeteria, tendo que driblar a dificuldade na rotina de estudos para não perder a sua bolsa. O grande conflito se estabelece quando ela é flagrada colando numa avaliação importante. Levada para a diretoria e quase expulsa, consegue um acordo, mas terá que assumir de agora em diante as finanças que envolvem os estudos. Sem bolsa, a personagem precisa batalhar para conseguir lidar com seus desafios. Whitney, constantemente pressionada por ser filha de uma importante figura política, continua a sua jornada de descobertas depois do caso amoroso com seu treinador, que não termina nada bem. Bela, na tentativa de se manter relevante dentro do segmento humorístico numa revista universitária, segue com as suas experiências casuais, promovendo o seu tão almejado processo de autodescoberta. Leighton, ainda dominada pelas inseguranças em relação ao fato de ser lésbica, vai precisar trabalhar as revelações necessárias para retirar uma carga que a mantém tensa rotineiramente ao longo dos episódios.  São todas jovens mulheres da Geração Z em busca de compreensão dos seus respectivos lugares no mundo.

No geral, a série continua relevante e com desenvolvimento afiado. Basta agora aguardar o balanço geral da terceira temporada, já em andamento.

A Vida Sexual das Universitárias – 2ª Temporada (The Sex Lives of College Girls/EUA, 2022)
Criação: Mindy Kaling, Justin Noble
Direção: Lila Neugebauer, Kabir Akhtar, Zoe R. Cassavetes, Tazbah Chavez, Daniella Eisman
Roteiro: Mindy Kaling, Justin Noble,Vanessa Baden, Sheridan Watson
Elenco: Pauline Chalamet, Amrit Kaur, Reneé Rapp, Alyah Chanelle Scott, Ilia Isorelys Paulino, Christopher Meyer, Renika Williams, Mekki Leeper, Sierra Katow, Midori Francis
Duração: 300 min. (10 episódios)



[Fonte Original]

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