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quinta-feira, dezembro 18, 2025

Crítica | Batman: Gotham 1893 – Uma Liga pela Justiça – Plano Crítico

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Depois de uma correria dos infernos para introduzir não só versões diferentes dos membros clássicos da Liga da Justiça (surpreendentemente deixando de fora o Arqueiro Verde), além de diversos outros, incluindo Lex Luthor, Lois Lane, Arlequina e Pistoleiro, além de toda uma misteriosa mitologia que gira em torno dos kryptonianos na Terra há 40 mil anos na minissérie A Era Kryptoniana, Andy Diggle continua sua jornada a partir do Batman vitoriano de Um Conto de Batman: Gotham City 1889 para efetivamente lidar com a formação da Liga e o enfrentamento das primeiras grandes ameaças. A segunda minissérie que, juntamente com a primeira forma uma maxissérie de 12 edições, é, sem dúvida alguma, mais palatável, mais agradável de se ler, pois, com os personagens centrais já devidamente apresentados, ainda que desenvolvimentos de maneira tacanha, o roteirista encontra espaço para, então, explicar melhor essa questão dos kryptonianos e como tudo se encaixa, além de apresentar um novo grande vilão que serve de porta de entrada para um maior ainda.

As duas primeiras edições de Uma Liga pela Justiça – minha tradução direta de A League for Justice já que escrevo a crítica antes da publicação oficial no Brasil – terminam de amarras as pontas soltas deixadas no conflito de Smallville entre os heróis e os vilões, com Lex Luthor convertendo seu trem em um “Transformer” batizado de Metallo. Nessas mesmas duas edições, temos os pequenos conflitos entre os heróis, basicamente um padrão da indústria de quadrinhos quando coloca mais de um personagem superpoderoso em um mesmo ambiente e um desenvolvimento maior sobre a origem de Krypton e o que exatamente Lex Luthor quer com sua obsessão por localizar kryptonita. Diferente da minissérie anterior em que Diggle passa correndo por tudo, aqui ele dá tempo ao tempo, ainda que, estranhamente, talvez acabe dando tempo demais à pancadaria em Smallville e tempo de menos para o que decore daí, com a libertação de uma ameaça incrivelmente poderosa ao final da segunda edição e o começo da indicação de que há algo ainda mais assustador por trás de tudo.

Ao tentar andar no lugar de correr, Diggle era novamente, pois transforma essa nova ameaça em algo que não demora a ser derrotada, levando então os heróis ao terço final da história em que eles precisam invadir a Zona Fantasma que serve de prisão a um vilão muito conhecido dos quadrinhos que, porém, é apenas vislumbrado, jamais realmente chegando a concretizar-se como ameaça à Liga em formação. Quando olhamos A Era Kryptoniana e Uma Liga pela Justiça em conjunto, é perfeitamente possível vislumbrar as possibilidades nessa história e até a mentalmente arrumar e equilibrar a narrativa como um todo, imaginando, por exemplo, a eliminação completa de diversos personagens que só aparecem por aparecer, sem efetivamente função narrativa maior do que ser fan service, como é caso de Lois Lane e Jimmy Olsen. Até mesmo Adam Strange acaba não se justificando nem mesmo como narrador a partir de seus diários de explorador, pois o teletransporte da Mulher-Maravilha pelo Caçador de Marte no final da minissérie anterior faz dele um mero figurante, especialmente nessa segunda minissérie.

Como não é função do leitor corrigir mentalmente os problemas de um roteiro que peca pela falta de equilíbrio, Uma Liga pela Justiça permanece quase tão problemática quanto a minissérie anterior. É mais agradável de ler, pois as histórias de origem individuais e as dúvidas existenciais são mantidas no mínimo possível e, ironicamente, o foco na “era kryptoniana” é maior aqui, criando uma boa coesão narrativa que, se Diggle tivesse explorado melhor, traria muita riqueza à sua história. Ele simplifica muita coisa por falta de espaço e se preocupa demais em criar uma reviravolta final que, muito sinceramente, é completamente inconsequente e desnecessária, roubando ainda mais preciosas páginas de sua saga. É como se o roteirista – em duas edições ajudado por Rob Williams – tivesse mudado de ideia no final da história e, no lugar de apostar tudo o que tinha, segurou suas  fichas e guardou-as para uso futuro. Essa hesitação fica patente na edição final que não é muito mais do que uma longa conversa multipartite entre os membros da Liga da Justiça lá na Zona Fantasma, com direito a uma “revelação” grande e… não muito mais do que isso.

Novamente, o grande destaque é a arte de Leandro Fernández que é muito bem sucedido na expansão visual do que foi iniciado em 1989 por Mike Mignola. Os visuais vitorianos dos heróis e vilões são excelentes, assim como toda a tecnologia steampunk. Claro que, pelas circunstâncias dessa segunda minissérie, em boa parte passada em lugares que não se relacionam com a Era Vitoriana em si, muito de seu trabalho nessa seara fica mesmo restrito aos uniformers dos personagens, mas sua completa reimaginação de elementos importantes da mitologia clássica principalmente do Superman é igualmente interessante e cativante. Aliás, diria até que ele é ainda mais ousado quando não precisa se arrimar em convenções preestabelecidas que muitos leitores provavelmente surtariam se fossem modificadas, o que abre espaço para belos momentos.

Como é dito no final da última página da minissérie, Uma Liga pela Justiça é, como não poderia deixar de ser, “o começo”, já que tudo o que é feito, no frigir dos ovos, é a construção da Liga da Justiça vitoriana preparada para futuras ameaças. Será interessante acompanhar o desenvolvimento dessas ideias, mas talvez seja talvez ainda melhor que a DC Comics invista em spin-offs dedicados aos heróis apresentados na saga de maneira que eles ganhem mais contexto e estrutura para além do que é oferecido aqui, como, por exemplo, uma minissérie tipo Superman: Metropolis by Gaslight que leve o xerife Clark Kent de Smallville para a cidade grande ou uma história dedicada ao Ciborgue e Flash, vítimas de Lex Luthor, fazendo dupla. Acho muito mais importante abrir espaço para os personagens serem trabalhados com mais calma do que arrumar constantes ameaças gigantescas para justificar a atuação de todos em equipe.

Batman: Gotham 1893 – Uma Liga pela Justiça (Batman: Gotham By Gaslight- A League for Justice – 2025)
Contendo: Batman: Gotham By Gaslight- A League for Justice #1 a 6
Roteiro: Andy Diggle (#1 a 6), Rob Williams (#3 e 4)
Arte: Leandro Fernández
Cores: Matt Hollingsworth
Letras: Simon Bowland
Editoria: Ash Padilla, Ben Meares, Andrew Marino
Editora original: DC Comics
Datas originais de publicação: 09 de julho, 13 de agosto, 10 de setembro, 08 de outubro, 12 de novembro e 10 de dezembro de 2025
Páginas: 216



[Fonte Original]

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