O salário mínimo nasceu no Brasil com uma meta ambiciosa: garantir que todo trabalhador tivesse renda para pagar comida, teto e saúde. A ideia era assegurar dignidade. Contudo, os dados mostram que a prática passa longe da teoria.
Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o DIEESE, revela que o piso atual não chega nem perto do que a Constituição exige. Por isso, a diferença entre o que se recebe e o que se gasta continua enorme.
Abaixo, veja quanto deveria ser o salário mínimo no Brasil hoje, e o que muda no seu bolso a partir de janeiro.
Quanto o brasileiro deveria ganhar hoje
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do DIEESE, calculou que o salário mínimo ideal para setembro de 2025 deveria ser de R$ 7.067,18. O instituto usa como base o sustento de uma família de quatro pessoas, que é o padrão histórico de análise.
Este número assusta porque expõe o abismo entre o custo de vida real e o piso nacional. Embora o governo aplique correções todos os anos, o poder de compra não acompanha a necessidade básica das famílias.
O cálculo do DIEESE considera gastos obrigatórios como:
- Alimentação, moradia e saúde;
- Educação e transporte;
- Vestuário, higiene e lazer;
- Previdência Social.
Essa defasagem acompanha o país há décadas. Desde 1994, o valor depositado na conta do trabalhador nunca atingiu o patamar sugerido pelo instituto. Em 2025, essa lacuna ficou ainda mais clara para o consumidor.
O novo valor confirmado para 2026
O Ministério do Planejamento e Orçamento já definiu o valor para o ano que vem. O salário mínimo de 2026 será de R$ 1.621. Isso representa um aumento de R$ 103 sobre o piso atual, que é de R$ 1.518.
A nova cifra começa a valer no dia 1º de janeiro. Por isso, o trabalhador recebe o primeiro pagamento reajustado em fevereiro. O reajuste de 6,79% segue a atual política de valorização do governo, que une dois indicadores:
A inflação (INPC) acumulada até novembro;
O crescimento do PIB de dois anos antes (neste caso, os 3,4% registrados em 2024).
Essa fórmula tenta impedir que o salário perca valor para os preços do mercado. Além disso, busca garantir um pequeno ganho real quando a economia cresce. Mesmo assim, o valor final ainda depende do fechamento oficial desses índices.