Forbes USA/JOHANNES EISELE/AFP via Getty Images
Acessibilidade
Warren Buffett não é conhecido como Oráculo de Omaha à toa. É o investidor mais bem-sucedido de todos os tempos. Aos 95 anos, com patrimônio líquido de US$ 147,9 bilhões (R$ 825,13 bilhões) — segundo a lista de bilionários em tempo real da Forbes — Buffett é a nona pessoa mais rica do mundo.
Sua trajetória é longa. O magnata fez seu primeiro investimento aos 11 anos, comprando as ações da empresa de energia Cities Service — que lamenta até hoje ter vendido cedo demais. Nessas mais de oito décadas, Buffett não só acumulou ganhos extraordinários, mas revolucionou a forma como as pessoas administram ações.
Em 3 de maio de 2025, ele anunciou sua aposentadoria do comando da Berkshire Hathaway. A partir de 2026, Buffet permanecerá como conselheiro informal e acionista controlador da holding — 14% de participação econômica avaliada em US$ 147 bilhões (R$ 820,11 bilhões) e 30% dos votos. devido à idade avançada, o movimento não foi exatamente uma surpresa para o mercado, mas ainda assim foi sentida pelos investidores. Afinal, Buffett sempre foi sinônimo de Berkshire Hathaway e sua sabedoria um ativo imensurável para a companhia.
O bilionário assumiu o controle da empresa em 12 de maio de 1965 e, ao lado de Charles Munger, transformou uma então modesta empresa têxtil em uma das companhias mais valiosas do planeta.
Hoje, o valor de mercado da empresa é de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,69 trilhões), com participações em companhias como Coca-Cola, Apple, American Express e Bank of America.
Paciência que criou bilhões
A alta acumulada das ações da Berkshire nesses 60 anos é de 5.439.170%. Para comparação, o índice S&P 500 valorizou-se 37.309% e a inflação americana é de 10.115%.
Em outras palavras, quem investisse US$ 1 mil (R$ 5,58 mil) em 1965 e recebesse apenas a inflação teria US$ 101,2 mil (R$ 564,59 mil). Um investimento no S&P 500 teria rendido US$ 373,1 mil (R$ 2,08 milhões). E um aporte de US$ 1 mil (R$ 5,58 mil) na Berkshire em 1965 valeria hoje em torno de de US$ 54,3 milhões (R$ 302,94 milhões).
O desempenho da companhia se deve a uma das principais características de Buffett: a paciência. Ele investe no longo prazo, dando tempo para que as empresas amadureçam e entreguem resultados. O bilionário já destacou em alguns eventos da companhia que não se preocupa com a volatilidade de curto prazo. O modo de investimento defendido por Buffett inspirou milhões de investidores em todo o mundo.
No ano que vem, ele passa o bastão para Greg Abel, atual vice-presidente do conselho da Berkshire. O canadense, com 24 anos de empresa, ganhou a confiança de Buffett por sua visão de longo prazo, a postura discreta e o estilo pragmático.
Na sua última conferência anual, evento que que virou uma verdadeira peregrinação para investidores de todo o mundo, o “Oráculo Omaha” declarou que “as perspectivas da Berkshire serão ainda melhores sob gestão de Greg.”
A primeira carta de Gerg Abel aos acionistas está prevista para o fim de fevereiro.
Dúvidas para o futuro
Apesar do otimismo, a transição no comando tem sido acompanhada com cautela pelos investidores. Uma das principais dúvidas diz respeito ao grau de permanência de Buffett no cotidiano da empresa e aos efeitos disso sobre decisões ainda em aberto.
“Vou continuar vindo e pode chegar a hora de investirmos muito dinheiro. E se isso acontecer, acredito que poderei ajudar o conselho”, afirmou Buffet.
A Berkshire não distribui dividendos e não recompra ações desde maio de 2024. Além disso, não se sabe qual será o destino do caixa de mais de US$ 350 bilhões (R$ 1,9 trilhões) da companhia.
As ações Classe A acumulam alta de 10% neste ano, abaixo do retorno de 19% do S&P 500, e estão 7% abaixo da máxima de maio. De acordo com a Barron’s, o papel negocia a aproximadamente 1,5 vez o valor patrimonial estimado, em linha com a média histórica.
Segundo dados da Bloomberg, a Berkshire superou o S&P 500 no acumulado de 20 anos, mas apresentou retorno inferior ao índice na última década.
Buffett além dos números
Além das conquistas da Berkshire, Buffett lidera na filantropia. Em 2010, ele e Bill Gates lançaram o Giving Pledge, pedindo a outros bilionários que se comprometessem a doar pelo menos metade de sua fortuna para causas beneficentes.
Buffett prometeu doar 99% de sua riqueza e já doou em torno de US$ 62 bilhões (R$ 345,90 bilhões), principalmente por meio da Fundação Gates e das instituições de seus filhos. O magnata também doa em média 5% de sua participação anualmente a instituições filantrópicas.
Mais do que números impressionantes, o fim da era Buffett deixa um legado sobre o sucesso de sua racionalidade financeira ao gerir investimentos, colocando de lado “hypes” e “investimentos da moda.”
Afinal, como ele disse na reunião anual, “se a Berkshire cair 50% na semana que vem, verei isso como uma grande oportunidade. Emoções não andam juntas com investimentos.”