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Arte no destaque: Capa alternativa de Skottie Young.
A Marvel Comics é a evolução de uma sucessão de empresas que teve sua gênese com a Timely Comics, fundada em 1939 por Martin Goodman, cuja primeira publicação foi, não coincidentemente, a revista Marvel Comics #1 (outubro de 1939) em que apresentou, dentre outras histórias, as primeiras aparições do Tocha Humana (na versão original, um androide, não Johnny Storm), do Anjo (não o mutante, mas sim o detetive sem poderes Thomas Halloway), do Namor (ele havia sido criado antes, para uma HQ de distribuição gratuita que nunca foi efetivamente publicada) e da versão original de Ka-Zar (que também fora criado antes e publicado em revista própria em 1936). Foi um marco nos quadrinhos, sem dúvida alguma, que abriu as portas para milhares de personagens que seriam e ainda são criados até os dias de hoje, 85 anos depois.
E, para comemorar seu aniversário, a editora providenciou o lançamento de Marvel: Especial de Aniversário de 85 Anos, uma HQ consideravelmente inesperada e bastante original que brinca com os conceitos da memória ao longo de séculos ao situar a ação no século 85 dentro do Museu do Heroismo, construído em cima de um asteroide e que conta com artefatos da Era dos Heróis na Terra. A estrutura da narrativa é uma história central protagonizada por Wolverine (nada envelhecido) e Deadpool (este só a cabeça, de bigode branco, em um jarro transparente e flutuante, como em Futurama) que tenta lidar com vilões que teriam tomado o local, um deles inclusive fazendo-se se passar de guia sem entender absolutamente nada das histórias dos heróis, que, por sua vez, abre espaço para outras pequenas histórias contadas por “hologramas”: Ms, Marvel atuando como arauta de Galactus; um “conto assombrado esquecido” passado no Farol, na época da formação do grupo Excalibur; outra do Homem-Aranha situada não muito depois da morte de Gwen Stacy, mas toda modernosa, com direito a smartphones, redes sociais e o famoso buggy do Aranha com motor elétrico; uma estranhíssima sobre uma versão oriental bizarra do Cavaleiro da Lua enfrentando a Hydra e, finalmente, uma sobre uma versão futura do Torneio de Campeões.
Cada uma das histórias tem equipe criativa própria, com algumas curiosidades como a atriz Iman Vellani (a que viveu Ms. Marvel na série live-action homônima e no longa As Marvels, do Universo Cinematográfico Marvel) co-escrevendo o roteiro da história de Kamala Khan e Alan Davis voltando para o roteiro e a arte da história de Excalibur, além de Christopher Priest escrevendo o Aranha. Não são histórias muito originais ou particularmente bem desenvolvidas, mas elas funcionam dentro de um evento comemorativo que faz esforço para fugir do óbvio tanto na premissa quanto na escolha dos heróis a serem destacados (ok, Wolverine, Deadpool e Homem-Aranha são batidos, mas vamos combinar que Ms. Marvel, Excalibur e essa versão estranha do Cavaleiro da Lua não são). E, dentre o diferente feito de forma comum, vamos chamar assim, o destaque fica mesmo para o mangaka Yuji Kaku no roteiro e arte da historieta do Cavaleiro da Lua japonês por ser a mais “fora da caixinha” e a única que eu gostaria de ver desenvolvida em título próprio um dia.
Marvel: Especial de Aniversário de 85 Anos é uma diversão descompromissada que por vezes surpreende e que serve para marcar uma data realmente importante na história de uma das mais tradicionais editoras de quadrinhos do mundo. Não é uma publicação feita para mudar a vida de ninguém e nem para ter necessariamente efeitos duradouros, mas ela prende a atenção pelo inusitado da coisa toda, o que já é razão suficiente para conferi-la.
Marvel: Especial de Aniversário de 85 Anos (Marvel 85th Anniversary Special – EUA, 2024)
Roteiro: Ryan North, Iman Vellani, Sabir Pirzada, Alan Davis, Christopher Priest, Steve Skroce, Yuji Kaku
Arte: Joshua Cassara, Stephen Byrne, Alan Davis, Carlo Pagulayan, Jason Paz, Steve Skroce, Yuji Kaku
Cores: Dean White, Rachelle Rosenberg, Morry Hollowell, Bryan Valenza
Editora: Marvel Comics
Data original de publicação: 28 de agosto de 2024
Páginas: 72