28.5 C
Brasília
quinta-feira, setembro 19, 2024

Catástrofes climáticas expõem fragilidade das cidades e acendem alerta sobre infraestrutura resiliente

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

As recentes catástrofes em cidades do Brasil e do mundo reacenderam o debate sobre a necessidade de tornar os centros urbanos mais resilientes aos extremos climáticos, além de investir em infraestruturas capazes de garantir a preservação e oferecer respostas rápidas e eficazes em situações de desastre.

Prefeituras e câmaras municipais são as principais instâncias governamentais responsáveis por implementar respostas a enxurradas, inundações e deslizamentos. No entanto, a maioria dos planos de governo dos candidatos não aborda o tema com a seriedade necessária, frequentemente negligenciando estratégias de longo prazo.

Os impactos das mudanças climáticas, como escalar o financiamento para adaptação e construir cidades resilientes e o desafio de adaptação foram temas do Brazil Climate Summit 2024 nesta quarta-feira (18), em Nova York, nos Estados Unidos. A diretora executiva do Centro Brasileiro de Justiça Climática, Andréia Coutinho, fala em “justiça climática” para mostrar que são as populações mais pobres e vulneráveis as primeiras atingidas.

“Existem cerca de 8 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco no Brasil, que sabem que estão em risco de vida. Então a adaptação é chave (…). Precisamos de uma ação coordenada com governo, sociedade, imprensa, entre outros para criar uma rede e uma nova mentalidade sobre como as cidades podem ser sustentáveis”, frisa Andréia.

Segundo ela, uma agenda de adaptação pode salvar vidas, principalmente de mulheres negras, que, hoje, estão na base da pirâmide social, já que têm menor renda e menor poder para responder às mudanças climáticas.

A cientista e pesquisadora sênior, Columbia Earth Institute, Cynthia Rosenzweig, acrescenta que as cidades estão na linha de frente dos desastres climáticos e sugere criar ações nas cidades para mudança de mentalidade sobre as mudanças climáticas, promover sistemas de alerta e avaliações de risco e criar ferramentas de monitoramento, entre outras coisas.

As fortes chuvas que deixaram um rastro de morte e destruição por quase todo o Estado do Rio Grande do Sul, o apagão em cidades da região metropolitana de São Paulo e do Rio no final de 2023 ou deslizamentos causados por ocupação irregular em períodos úmidos são exemplos que evidenciam quão frágeis e despreparadas são as cidades brasileiras para eventos cada vez mais extremos.

Sobrevoo das áreas afetadas pelas fortes chuvas que assolaram Porto Alegre (RS) em maio — Foto: Ricardo Stuckert / PR
Sobrevoo das áreas afetadas pelas fortes chuvas que assolaram Porto Alegre (RS) em maio — Foto: Ricardo Stuckert / PR

Do ponto de vista corporativo, o vice-presidente da CCR, Pedro Sutter, diz que o setor privado é chamado a investir na infraestrutura urbana no Brasil e em diversos países do planeta, mas os eventos climáticos que o mundo vive ainda não estão sendo precificados nestes investimentos.

A empresa fez investimentos em rodovias em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 2018, mas, em poucos anos, com os eventos extremos, boa parte das obras foram destruídas. Sutter reconhece que as empresas do setor de infraestrutura fizeram os cálculos errados não considerando os extremos climáticos e já estão tendo prejuízos, tendo que refazer obras.

“Transportamos 4 milhões de pessoas e gerimos 22 aeroportos na América Latina. Somos uma representação da infraestrutura nas cidades, mesmo assim não temos uma resposta e estamos ainda procurando a melhor forma de lidar com os extremos climáticos”, diz.

Nestes casos, há discussões com o governo sobre como construir vias mais resilientes. As esferas do poder respondem como podem na implementação de fundos para reconstrução, mas há dúvidas de quando isso será implementado.

Daniel Zarrilli, diretor de clima e sustentabilidade da Universidade de Columbia, lembra que grandes cidades do mundo passaram por catástrofes terríveis e podem ser usadas como exemplos de enfrentamento. Depois que o furacão Sandy atingiu Nova York, em 2012, a administração do prefeito Michael Bloomberg começou a trabalhar em planos sobre como proteger a maior cidade do país contra desastres futuros, bem como as ameaças de longo prazo das mudanças climáticas.

Imagem de satélite mostra a tempestade tropical Beryl sobre o Texas — Foto: NOAA via AP
Imagem de satélite mostra a tempestade tropical Beryl sobre o Texas — Foto: NOAA via AP

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img