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segunda-feira, setembro 16, 2024

Interesses do Brasil estão em questão no X

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A suspensão do X pelo STF acende um alerta sobre a guerra cognitiva em curso nas redes sociais. A decisão foi uma resposta a uma série de desobediências a ordens judiciais — que criariam um ambiente propício a uma “terra sem lei” — e destaca a urgência de adotar medidas para salvaguardar a sociedade e a democracia da manipulação da informação. A guerra cognitiva é, nesse ambiente, um novo tipo de conflito, travado na mente humana, onde as redes sociais se tornaram ferramentas poderosas para moldar a percepção e o comportamento de indivíduos e grupos.

Desenvolvidas para ser espaços saudáveis de interação social, as comunidades virtuais têm sido usadas cada vez mais para espalhar desinformação, criando divisões sociais extremas, desgastando a confiança nas instituições e dificultando o diálogo democrático. Esse cenário tem sido intensificado em âmbito global, com a capacidade das inteligências artificiais generativas de criar narrativas e conteúdo audiovisual persuasivos em larga escala, configurando desafio sem precedentes.

Com a proximidade das eleições, a preocupação é alçada a outro patamar, sobretudo pelo histórico da guerra cognitiva travada nas redes sociais que culminou na tentativa de subversão das instituições democráticas no 8 de Janeiro de 2023. Estudos posteriores e a Comissão Parlamentar de Inquérito concluíram que as plataformas digitais foram usadas de forma intensa para disseminar desinformação e fomentar a divisão social. Estimulada por um sentimento de fervor coletivo baseado num “medo estrutural” e convencimento religioso, uma multidão submersa em motivações psicológicas e ideológicas invadiu e depredou prédios dos três Poderes.

Pesquisadores da área de defesa demonstram que Rússia e China podem dar exemplos significativos para o entendimento das dinâmicas e tendências emergentes. O uso de estratégias altamente sofisticadas para influenciar e manipular percepções — por meio da psicologia social e da disseminação de desinformação e fake news nas redes sociais — tem se mostrado eficaz para suas agendas geopolíticas. Além disso, os casos emblemáticos da influência da Cambridge Analytica nos resultados das eleições americanas de 2016 e do Brexit reforçam a compreensão de que a manipulação da informação nas redes é um elemento central das novas estratégias de guerra cognitiva, a que nenhum país está imune.

O Brasil, como quinto maior país do mundo em extensão territorial, dono de rica biodiversidade, recursos naturais e energéticos abundantes, além de mercado consumidor em constante crescimento, é foco de atração de interesses de diversos atores internos e externos. Responder às estratégias obscuras de manipulação da narrativa nas redes sociais e à desobediência às ordens judiciais pelo X são passos necessários dados pela nossa Suprema Corte, ainda que se julguem como controversos em sua forma de executá-los. O ponto mais importante é o que está por trás do confronto de Elon Musk com os Poderes nacionais soberanos brasileiros.

*Giselli Nichols, jornalista, é doutora pela Escola de Guerra Naval

[Fonte Original]

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